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Numero do processo: 36918.000052/2005-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 10 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Feb 06 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/02/2005 a 31/12/2006
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PRAZO DECADENCIAL. CINCO ANOS. ART. 150, §4º DO CTN. ART. 62-A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. SÚMULA Nº 99 DO CARF.
O Supremo Tribunal Federal, conforme entendimento exarado na Súmula Vinculante nº 8, no julgamento proferido em 12 de junho de 2008, reconheceu a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei nº 8.212/91. Incidência da norma tributária prevista no art. 150, §4º do CTN.
Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no §4° do art. 150 do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração.
Encontra-se finado pela homologação tácita parte do direito do Fisco de constituir o crédito tributário decorrente dos fatos geradores objeto do presente Auto de Infração.
UTILIDADES IN NATURA. COMBUSTÍVEIS. SALÁRIO INDIRETO. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.
Os valores despendidos com habitualidade pelo empregador, na forma de utilidades in natura, em benefício dos segurados, integram o conceito de remuneração, na forma de benefícios, compondo assim o Salário de Contribuição dos segurados favorecidos para os específicos fins de incidência de contribuições previdenciárias, eis que não encampadas expressamente nas hipóteses de não incidência tributária elencadas numerus clausus no §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2302-003.378
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário declarando improcedente o lançamento de contribuições previdenciárias sobre a rubrica paga a título de "combustível" para empregados e dirigentes da recorrente, dada a natureza indenizatória da verba. Vencidos o Conselheiro Relator e a Conselheira Liege Lacroix Thomasi, que entenderam pelo provimento parcial do recurso para aplicar a decadência com base no artigo 150, §4º, do Código Nacional, excluindo do lançamento apenas as competências até 11/1999. O Conselheiro Leonardo Henrique Pires Lopes fará o voto divergente vencedor.
Liége Lacroix Thomasi Presidente de Turma.
Arlindo da Costa e Silva - Relator.
Leonardo Henrique Pires Lopes Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente de Turma), Leonardo Henrique Pires Lopes (Vice-presidente de turma), André Luis Mársico Lombardi, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Fábio Pallaretti Calcini e Arlindo da Costa e Silva.
Nome do relator: ARLINDO DA COSTA E SILVA
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PRAZO DECADENCIAL. CINCO ANOS. ART. 150, §4º DO CTN. ART. 62A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. SÚMULA Nº 99 DO CARF. O Supremo Tribunal Federal, conforme entendimento exarado na Súmula Vinculante nº 8, no julgamento proferido em 12 de junho de 2008, reconheceu a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei nº 8.212/91. Incidência da norma tributária prevista no art. 150, §4º do CTN. Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no §4° do art. 150 do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Encontrase finado pela homologação tácita parte do direito do Fisco de constituir o crédito tributário decorrente dos fatos geradores objeto do presente Auto de Infração. UTILIDADES IN NATURA. COMBUSTÍVEIS. SALÁRIO INDIRETO. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. Os valores despendidos com habitualidade pelo empregador, na forma de utilidades in natura, em benefício dos segurados, integram o conceito de remuneração, na forma de benefícios, compondo assim o Salário de Contribuição dos segurados favorecidos para os específicos fins de incidência de contribuições previdenciárias, eis que não encampadas expressamente nas hipóteses de não incidência tributária elencadas numerus clausus no §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 36 91 8. 00 00 52 /2 00 5- 11 Fl. 2735DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI 2 Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário declarando improcedente o lançamento de contribuições previdenciárias sobre a rubrica paga a título de "combustível" para empregados e dirigentes da recorrente, dada a natureza indenizatória da verba. Vencidos o Conselheiro Relator e a Conselheira Liege Lacroix Thomasi, que entenderam pelo provimento parcial do recurso para aplicar a decadência com base no artigo 150, §4º, do Código Nacional, excluindo do lançamento apenas as competências até 11/1999. O Conselheiro Leonardo Henrique Pires Lopes fará o voto divergente vencedor. Liége Lacroix Thomasi – Presidente de Turma. Arlindo da Costa e Silva Relator. Leonardo Henrique Pires Lopes – Redator designado Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente de Turma), Leonardo Henrique Pires Lopes (Vicepresidente de turma), André Luis Mársico Lombardi, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Fábio Pallaretti Calcini e Arlindo da Costa e Silva. Fl. 2736DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 36918.000052/200511 Acórdão n.º 2302003.378 S2C3T2 Fl. 2.711 3 Relatório Período de apuração: 01/01/1994 a 31/12/2003 Data de lavratura da NFLD: 29/12/2004 Data da ciência da NFLD: 29/12/2004 Temse em pauta Recurso Voluntário interposto em face de Decisão Administrativa de 1ª Instância proferida pela DRJ em Belo Horizonte/MG que julgou procedente em parte a impugnação oferecida pelo sujeito passivo do crédito tributário lançado por intermédio da Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD nº 35.524.9235, consistente em contribuições sociais previdenciárias a cargo da empresa, destinadas ao custeio da Seguridade Social, ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, e a Outras Entidades e Fundos, incidentes sobre parcelas remuneratórias fornecidas in natura – combustíveis a empregados ocupantes de cargo de Gerência e Dirigentes da empresa, conforme relatório fiscal de fls. 86/96. De acordo com a Resenha Fiscal, a empresa cede veículos de passageiros, de sua propriedade, para uso particular dos gerentes e dirigentes ou de seus dependentes habilitados, inclusive com o fornecimento de uma cota mensal de 400 litros de combustível. Como a empresa não comprovou a existência de qualquer tipo de controle, relacionando os serviços prestados pelos Dirigentes, nos diversos deslocamentos que pudessem caracterizar uso exclusivo em serviço, o valor referente ao combustível foi considerado como integrante da remuneração dos segurados. Irresignados com o supracitado lançamento tributário, o contribuinte apresentou impugnação administrativa a fls. 393/699. O Serviço de Análise de Defesas e Recursos da Unidade Descentralizada de Belo Horizonte/MG da Secretaria da Receita Previdenciária baixou o feito em diligência para que a Autoridade Lançadora se pronunciasse a respeito da planilha juntada aos autos e se ela teria o condão de retificar o crédito tributário, conforme Despacho de Diligência a fl. 704. Em atendimento à diligência requestada por meio do Despacho de Diligência acima citado, a Autoridade Lançadora emitiu Informação Fiscal a fls. 2501/2527, demonstrando as retificações que deveriam ser feitas, após o exame detalhado da documentação apresentada pela empresa. Formalmente notificado do conteúdo do resultado da Informação Fiscal antes mencionada, o Sujeito Passivo, no prazo que lhe fora assinalado, apresentou aditamento à impugnação a fls. 2541/2553. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte/MG lavrou Decisão Administrativa textualizada no Acórdão nº 0227991 8ª Turma da DRJ/BHE, a fls. 2666/2674, julgando procedente em parte o lançamento tributário, para dele fazer excluir as obrigações tributárias decorrentes dos fatos geradores ocorridos em competências atingidas pela decadência, nos termos do art. 173, I, do CTN, e retificando o crédito tributário na forma consignada no Discriminativo Analítico do Débito Retificado DADR a fls. 2681/2701. Fl. 2737DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI 4 O Sujeito Passivo foi cientificado da decisão de 1ª Instância no dia 26/08/2010, conforme Aviso de Recebimento a fl. 2704. Inconformado com a decisão exarada pelo órgão administrativo julgador a quo, o Contribuinte interpôs Recurso Voluntário a fls. 2705/2724, respaldando sua contrariedade em argumentação desenvolvida nos seguintes termos: · Decadência parcial; · Que não há incidência de contribuições previdenciárias sobre os valores disponibilizados a título de combustível para que gerentes e diretores da impugnante exerçam suas atividades profissionais; · Que a fiscalização não buscou apurar qual a quantidade de combustível teria sido efetivamente utilizada para o trabalho, não segregando qualquer quantidade que porventura teria sido destinada para uso particular; · Que somente quando realmente impossível a obtenção da verdade material, pode lançar mão da presunção tributária e que mesmo neste caso a presunção tem que guardar um parâmetro de razoabilidade e proporcionalidade que lhe justifique; Ao fim, requer a anulação integral do crédito tributário. Relatados sumariamente os fatos relevantes. Fl. 2738DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 36918.000052/200511 Acórdão n.º 2302003.378 S2C3T2 Fl. 2.712 5 Voto Vencido Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, Relator. 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE O sujeito passivo foi valida e eficazmente cientificado da decisão recorrida em 26/08/2010. Havendo sido o recurso voluntário protocolado no dia 23/09/2010, há que se reconhecer a tempestividade do recurso interposto. Presentes os demais requisitos de admissibilidade do recurso, dele conheço. 2. DAS PRELIMINARES 2.1. DA DECADÊNCIA Com efeito, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento realizado em 12 de junho de 2008, reconheceu a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91, conforme entendimento exarado na Súmula Vinculante nº 8, nos termos que se vos seguem: Súmula Vinculante nº 8 “São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. Conforme estatuído no art. 103A da Constituição Federal, a Súmula Vinculante nº 8 é de observância obrigatória tanto pelos órgãos do Poder Judiciário quanto pela Administração Pública, devendo este Colegiado aplicála de imediato. Constituição Federal de 1988 Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. Fl. 2739DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI 6 Afastada por inconstitucionalidade a eficácia das normas inscritas nos artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91, urge serem seguidas as disposições relativas à matéria em relevo inscritas no Código Tributário Nacional – CTN e nas demais leis de regência. A decadência tributária conceituase como a perda do poder potestativo da Fazenda Pública de constituir o crédito tributário mediante o lançamento, em razão do exaurimento integral do prazo previsto na legislação competente. O instituto da decadência no Direito Tributário, malgrado respeitadas posições em sentido diverso, encontrase regulamentado no art. 173 do Código Tributário Nacional CTN, que reza ipsis litteris: Código Tributário Nacional CTN Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. Conforme detalhadamente explicitado e fundamentado no Acórdão nº 230201.387 proferido nesta 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, na Sessão de 26 de outubro de 2011, nos autos do Processo nº 10240.000230/200865, convicto encontrase este Conselheiro de que, após a implementação do sistema GFIP/SEFIP, o lançamento das contribuições previdenciárias não mais se enquadra na sistemática de lançamento por homologação, mas, sim, na de lançamento por declaração, nos termos do art. 147 do CTN, contingência que afasta, peremptoriamente, a incidência do preceito inscrito no art. 150, §4º do CTN. Além do mais, a verve de fundamentação do lançamento por homologação baseiase no fato de, desde a ocorrência do fato gerador do tributo até a ocorrência do lançamento, o que existe é, tão somente, obrigação tributária, a qual é ilíquida e incerta, não dispondo a Administração Tributária de justo título para a cobrança. Tornase, por isso, necessário o procedimento administrativo do lançamento para, conferindo à obrigação tributária os atributos da liquidez e certeza, convolála em crédito tributário, este sim exigível pelo Fisco. Daí a natureza jurídica dúplice do lançamento: declaratória da obrigação tributária e constitutiva do crédito tributário. Trocando em miúdos, somente após a efetiva convolação, pelo lançamento, da obrigação tributária em crédito tributário, passa a administração tributária a dispor de justo título para a exigência do crédito decorrente. Antes não. Antes do lançamento há, apenas, obrigação tributária: ilíquida, incerta e inexigível. No caso das contribuições previdenciárias, como originariamente o sujeito passivo efetuava o recolhimento do tributo com fundamento em obrigação tributária, e não em crédito tributário, tal recolhimento, nessa condição, era ainda indevido, haja vista que o beneficiário do pagamento – o Fisco, até então, não dispunha de justo título, o qual é constituído por intermédio do Lançamento, nos termos do art. 142 do CTN. Fl. 2740DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 36918.000052/200511 Acórdão n.º 2302003.378 S2C3T2 Fl. 2.713 7 Ocorrido o fato gerador, a obrigação tributária correspondente ao pagamento realizado antecipadamente pelo Sujeito Passivo passava a depender da efetivação do respectivo lançamento, por parte da administração tributária, o qual, ocorrendo, convolava a obrigação em crédito tributário sendo este, imediatamente extinto pelo recolhimento antecipado efetuado pelo Sujeito Passivo. É o que diz o §1º do art. 150 do CTN. Código Tributário Nacional CTN Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. §1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. (grifos nossos) §2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. §3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. §4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Em outras palavras, a extinção do crédito tributário pelo pagamento antecipado realiza se sob condição resolutória de ulterior homologação ao lançamento. Ou seja, se não houver lançamento, resolvese a extinção do crédito tributário correspondente ao pagamento efetuado, podendo o Obrigado repetir o que se houve por indevidamente pago, haja vista que o pagamento deuse com fundamento, não em razão de crédito tributário, e não em virtude de obrigação tributária, ilíquida, incerta e inexigível. Daí a necessidade de lançamento associado, especificamente, ao montante que se houve por recolhido antecipadamente: Para convolar a obrigação tributária nascida com os fatos geradores praticados pelo Contribuinte no crédito tributário correspondente, este dotado de liquidez, certeza e exigibilidade, excluindo, a partir de então a possibilidade do Sujeito Passivo de repetir o que foi pago antecipadamente. Notese que, nos termos do §1º do art. 150 do CTN, a extinção do crédito tributário encontrase sujeita a condição resolutória do lançamento. Ocorre que, nos termos do art. 173, I, do CTN, o direito da Fazenda Pública efetuar o lançamento extinguese após 5 anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que tal lançamento poderia ter sido efetuado. Assim, exaurido o prazo decadencial previsto no art. 173, I, do CTN sem que tenha ocorrido o lançamento, passa a dispor o Contribuinte do direito de repetir o que se houve por recolhido antecipadamente. Fl. 2741DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI 8 Para evitar tal repetição tributária, o legislador ordinário instituiu a figura do lançamento por homologação tácita daquilo se houve por antecipadamente recolhido a título de tributo, nos termos assentados no §4º do art. 150 do CTN. Assim, escoado o prazo de cinco anos contados da data da ocorrência do fato gerador, a Lei homologa o valor recolhido correspondente como se lançamento fosse. Daí o lançamento por homologação ser conhecido pela Doutrina e jurisprudência pelo termo “auto lançamento”. Notese que o lançamento por homologação tácita sempre, sempre irá ocorrer antes de exaurido o prazo decadencial previsto no art. 173, I, do CTN. Registrese, todavia, que a modalidade de lançamento por homologação somente é aplicável aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa. Nos termos da lei, o lançamento por homologação operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento do recolhimento antecipado realizado pelo Sujeito Passivo, expressamente o homologa como se lançamento fosse. Inexistindo tal homologação expressa, esta soerá advir tacitamente, após o decurso de cinco anos contados da ocorrência do fato gerador. Acontece que o §1º do art. 113 do CTN estatui que “A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue se juntamente com o crédito dela decorrente”. Assim, com a homologação expressa ou tácita, apenas a fração da obrigação tributária correspondente ao crédito tributário pago antecipadamente se houve por extinta com o pagamento. Iluminese que a própria lei estatui que não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, aqui incluído por óbvio o ato do pagamento antecipado, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito, os quais serão considerados na apuração do saldo porventura devido. Assim, nos termos do art. 150, caput e parágrafos, do CTN, apenas encontrase extinta pelo pagamento antecipado e correspondente homologação tácita a fração da obrigação tributária correspondente ao pagamento realizado. Dessarte, as obrigações tributárias decorrentes dos fatos geradores cujo crédito tributário correspondente não se houve por contemplado pelo recolhimento antecipado permanecem hígidas, não sofrendo qualquer influência do pagamento realizado pelo Sujeito Passivo, nos termos do §2º do art. 150 do CTN. Nessa vertente, o direito da Fazenda Pública de constituir o crédito tributário referente às obrigações tributárias ainda não extintas pelo pagamento extinguese após 5 anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, em atenção ao preceito inscrito no art. 173, I, do CTN. Ocorre, todavia, que, em 18/09/2009, houvese por publicado o Acórdão do Recurso Especial nº 973.733 – SC, proferido na sistemática prevista no art. 543C do Código de Processo Civil, tendo por objeto de mérito questão referente ao termo inicial do prazo decadencial para a constituição do crédito tributário pelo Fisco nas hipóteses em que o contribuinte não declara, nem efetua o pagamento antecipado do tributo sujeito a lançamento por homologação, cuja ementa ora se vos segue: Recurso Especial nº 973.733 – SC (2007/01769940) Rel. : Min. Luiz Fux Data de Publicação: 18/09/2009. Fl. 2742DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 36918.000052/200511 Acórdão n.º 2302003.378 S2C3T2 Fl. 2.714 9 PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo quinquenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, §4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial quinquenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543 C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Fl. 2743DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI 10 Na fundamentação do Acórdão, o Ministro Relator destaca que, em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, quando ocorre pagamento antecipado inferior ao efetivamente devido, sem que o contribuinte tenha incorrido em fraude, dolo ou simulação, nem tendo sido notificado pelo Fisco de quaisquer medidas preparatórias, a decadência do direito do Fisco de constituir o crédito tributário obedece à regra prevista na primeira parte do §4º do artigo 150 do CTN, conforme se depreende do excerto extraído do voto condutor do Acórdão, adiante transcrito para melhor compreensão de seus fundamentos: “13. Por outro lado, a decadência do direito de lançar do Fisco, em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, quando ocorre pagamento antecipado inferior ao efetivamente devido, sem que o contribuinte tenha incorrido em fraude, dolo ou simulação, nem sido notificado pelo Fisco de quaisquer medidas preparatórias, obedece à regra prevista na primeira parte do §4º, do artigo 150, do Codex Tributário, segundo o qual, se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador: "Neste caso, concorre a contagem do prazo para o Fisco homologar expressamente o pagamento antecipado, concomitantemente, com o prazo para o Fisco, no caso de não homologação, empreender o correspondente lançamento tributário. Sendo assim, no termo final desse período, consolidamse simultaneamente a homologação tácita, a perda do direito de homologar expressamente e, consequentemente, a impossibilidade jurídica de lançar de ofício" (In Decadência e Prescrição no Direito Tributário, Eurico Marcos Diniz de Santi, 3ª Ed., Max Limonad , pág. 170).” (REsp 973.733 – SC, Rel.: Min. Luiz Fux, DJ: 18/09/2009) O entendimento esposado pela Suprema Corte de Justiça houvese por assimilado por este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o que motivou a edição da Súmula nº 99, cujo verbete reproduzimos abaixo: SÚMULA CARF Nº 99 Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, §4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Acórdãos Precedentes: 9202002.669, de 25/04/2013; 9202002.596, de 07/03/2013; 9202002.436, de 07/11/2012; 920201.413, de 12/04/2011; 2301 003.452, de 17/04/2013; 2403001.742, de 20/11/2012; 2401002.299, de 12/03/2012; 2301002.092, de 12/ 05/ 2011. No caso presente, o Recorrente trouxe aos autos comprovantes de recolhimento de contribuições previdenciárias referentes ao período de jan/99 a dez/99. Nessa prumada, de acordo com o entendimento da Suprema Corte de Justiça vertido no Acórdão do Recurso Especial nº 973.733 – SC, o qual transitou em julgado em 29/10/2009, assessorado pela Súmula nº 99 do CARF, tendo havido recolhimento antecipado do tributo, mesmo em montante inferior ao efetivamente devido, inexistindo demonstração de que o Sujeito Passivo tenha incorrido em fraude, dolo ou simulação, a decadência do direito do Fisco de constituir o crédito tributário deve obedecer à regra prevista na primeira parte do §4º do artigo 150 do CTN. Fl. 2744DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 36918.000052/200511 Acórdão n.º 2302003.378 S2C3T2 Fl. 2.715 11 Nessa perspectiva, diante das razões até então esplanadas, malgrado não esposar tal entendimento, este Subscritor não pode postarse ao largo do comando imperativo inscrito no art. 62A do Regimento Interno do CARF, que impõe aos Conselheiros desta Corte Administrativa a reprodução das decisões definitivas proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista no art. 543C do Código de Processo Civil. Regimento Interno do CARF Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. §1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. §2º O sobrestamento de que trata o §1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. Código de Processo Civil Art. 543C. Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica questão de direito, o recurso especial será processado nos termos deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). §1o Caberá ao presidente do tribunal de origem admitir um ou mais recursos representativos da controvérsia, os quais serão encaminhados ao Superior Tribunal de Justiça, ficando suspensos os demais recursos especiais até o pronunciamento definitivo do Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). §2o Não adotada a providência descrita no § 1o deste artigo, o relator no Superior Tribunal de Justiça, ao identificar que sobre a controvérsia já existe jurisprudência dominante ou que a matéria já está afeta ao colegiado, poderá determinar a suspensão, nos tribunais de segunda instância, dos recursos nos quais a controvérsia esteja estabelecida. (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). §3o O relator poderá solicitar informações, a serem prestadas no prazo de quinze dias, aos tribunais federais ou estaduais a respeito da controvérsia. (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). §4o O relator, conforme dispuser o regimento interno do Superior Tribunal de Justiça e considerando a relevância da matéria, poderá admitir manifestação de pessoas, órgãos ou entidades com interesse na controvérsia. (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). §5o Recebidas as informações e, se for o caso, após cumprido o disposto no § 4o deste artigo, terá vista o Ministério Público pelo prazo de quinze dias. (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). §6o Transcorrido o prazo para o Ministério Público e remetida cópia do relatório aos demais Ministros, o processo será incluído em pauta na seção ou na Corte Especial, devendo ser julgado com preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus. (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). §7o Publicado o acórdão do Superior Tribunal de Justiça, os recursos especiais sobrestados na origem: (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). I terão seguimento denegado na hipótese de o acórdão recorrido coincidir com a orientação do Superior Tribunal de Justiça; ou (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). II serão novamente examinados pelo tribunal de origem na hipótese de o acórdão recorrido divergir da orientação do Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). Fl. 2745DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI 12 §8o Na hipótese prevista no inciso II do § 7o deste artigo, mantida a decisão divergente pelo tribunal de origem, farseá o exame de admissibilidade do recurso especial. (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). §9o O Superior Tribunal de Justiça e os tribunais de segunda instância regulamentarão, no âmbito de suas competências, os procedimentos relativos ao processamento e julgamento do recurso especial nos casos previstos neste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). De outro eito, mas vinho de outra pipa, pelas razões expendidas nos autos do Processo Administrativo Fiscal referido nos parágrafos anteriores, entende este relator que o lançamento tributário encontrase perfeito e acabado na data de sua lavratura, representada pela assinatura da Autoridade Fiscal lançadora, figurando a ciência do contribuinte como atributo de publicidade do ato e condição de eficácia do lançamento perante o sujeito passivo, mas, não, atributo de sua existência. Nada obstante, o entendimento dominante nesta 2ª Turma Ordinária, em sua composição permanente, comunga a concepção de que a data de ciência do contribuinte produz, como um de seus efeitos, a demarcação temporal do dies a quo do prazo decadencial. Diante de tal cenário, o entendimento deste que vos relata mostrase isolado perante o Colegiado. Dessarte, em atenção aos clamores da eficiência exigida pela Lex Excelsior, curvome ao entendimento majoritário deste Sodalício, em respeito à opinio iuris dos demais Conselheiros. Assim delimitadas as nuances materiais do lançamento, nesse específico particular, tendo sido o Sujeito Passivo cientificado do lançamento aviado no Auto de Infração em debate aos 29 dias do mês de dezembro de 2004, os efeitos o lançamento em questão alcançam com a mesma eficácia constitutiva todas as obrigações tributárias exigíveis a contar da competência dezembro/1999, inclusive, nos termos do §4º do art. 150 do Codex tributário. Há que se reconhecer que, à luz da Súmula Vinculante nº 8 do STF e do Recurso Especial nº 973.733 – SC, na data da lavratura da NFLD em debate, já se encontravam caducas todas as obrigações tributárias decorrentes dos fatos geradores ocorridos até a competência dezembro/1998, nos termos do art. 173, I do CTN, da mesma forma que já se encontrava tacitamente homologado o crédito tributário decorrente dos fatos geradores ocorridos nas competências de janeiro a novembro/1999, na expressão do §4º do art. 150 do CTN, circunstância que se configura óbice intransponível ao Fisco para o exercício do seu direito de constituir o crédito tributário em relação a essas competências, dada a sua extinção legal, nos termos do art. 156, V, in fine, do Código Tributário Nacional, consoante entendimento do STJ aviado na sistemática dos recursos repetitivos. Código Tributário Nacional CTN Art. 156. Extinguem o crédito tributário: (...) V a prescrição e a decadência; (...) Dessarte, sendo de janeiro/1994 a dezembro/2003 o período de apuração do crédito tributário em realce, pugnamos pela exclusão do vertente lançamento de todas as obrigações tributárias decorrentes dos fatos geradores ocorridos nas competências de janeiro/1994 até novembro/1999, inclusive., nos termos do §4º do art. 150 do CTN. Vencidas as preliminares, passamos ao exame do mérito. Fl. 2746DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 36918.000052/200511 Acórdão n.º 2302003.378 S2C3T2 Fl. 2.716 13 3. DO MÉRITO Cumpre de plano assentar que não serão objeto de apreciação por este Colegiado as matérias não expressamente impugnadas pelo Recorrente, as quais serão consideradas como verdadeiras, assim como as matérias já decididas pelo Órgão Julgador de 1ª Instância não expressamente contestadas pelo sujeito passivo em seu instrumento de Recurso Voluntário, as quais se presumirão como anuídas pela Parte. Em razão do reconhecimento da decadência parcial do direito da Fazenda Pública de constituir o crédito tributário em relação aos fatos geradores ocorridos até a competência novembro/1999, inclusive, as alegações recursais referentes a fatos jurígenos tributários ocorridos nessas competências não serão igualmente debatidas, em virtude da perda do objeto. Dessarte, o exame a ser empreendido por este Colegiado limitarseá às contestações referentes aos fatos geradores ocorridos a contar da competência dezembro/1999, inclusive. Também não serão objeto de apreciação por esta Corte Administrativa as questões de fato e de Direito referentes a matérias substancialmente alheias ao vertente lançamento, eis que em seu louvor, no processo de que ora se cuida, não se houve por instaurado qualquer litígio a ser dirimido por este Conselho, assim como as questões arguidas exclusivamente nesta instância recursal, antes não oferecida à apreciação do Órgão Julgador de 1ª Instância, em razão da preclusão prevista no art. 17 do Decreto nº 70.235/72. 3.1. DO SALÁRIO UTILIDADE COMBUSTÍVEIS Alega o Recorrente que não há incidência de contribuições previdenciárias sobre os valores disponibilizados a titulo de combustível para que gerentes e diretores da impugnante exerçam suas atividades profissionais. Aduz que a fiscalização não buscou apurar qual a quantidade de combustível teria sido efetivamente utilizada para o trabalho, não segregando qualquer quantidade que porventura teria sido destinada para uso particular. Argumenta a empresa que somente quando realmente impossível a obtenção da verdade material, pode lançar mão da presunção tributária e que mesmo neste caso a presunção tem que guardar um parâmetro de razoabilidade e proporcionalidade que lhe justifique. Assim é se lhe parece. Grassa no seio dos que operam no mètier do Direito do Trabalho a serôdia ideia de que a remuneração do empregado é constituída, tão somente, por verbas representativas de contraprestação de serviços efetivamente prestados pelos empregados. A retidão de tal concepção poderia até ter sua primazia aferida ao tempo da promulgação do DecretoLei nº 5.452/43 (nos idos de 1943), que aprovou a Consolidação das Leis do Trabalho. CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO CLT Art. 457 Compreendemse na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. (Redação dada pela Lei nº 1.999, de 1.10.1953) Fl. 2747DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI 14 §1º Integram o salário não só a importância fixa estipulada, como também as comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e abonos pagos pelo empregador. (Redação dada pela Lei nº 1.999, de 1.10.1953) §2º Não se incluem nos salários as ajudas de custo, assim como as diárias para viagem que não excedam de 50% (cinquenta por cento) do salário percebido pelo empregado. (Redação dada pela Lei nº 1.999, de 1.10.1953) §3º Considerase gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como também aquela que for cobrada pela empresa ao cliente, como adicional nas contas, a qualquer título, e destinada a distribuição aos empregados. (Redação dada pelo Decretolei nº 229, de 28.2.1967) Art. 458 Além do pagamento em dinheiro, compreendese no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por forca do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. (Redação dada pelo Decretolei nº 229, de 28.2.1967) §1º Os valores atribuídos às prestações "in natura" deverão ser justos e razoáveis, não podendo exceder, em cada caso, os dos percentuais das parcelas componentes do salário mínimo (arts. 81 e 82). (Incluído pelo Decretolei nº 229, de 28.2.1967) § 2º Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: (Redação dada pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) I – vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) II – educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) III – transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não por transporte público; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) IV – assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro saúde; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) V – seguros de vida e de acidentes pessoais; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) VI – previdência privada; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) VII – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) §3º A habitação e a alimentação fornecidas como salárioutilidade deverão atender aos fins a que se destinam e não poderão exceder, respectivamente, a 25% (vinte e cinco por cento) e 20% (vinte por cento) do saláriocontratual. (Incluído pela Lei nº 8.860, de 24.3.1994) §4º Tratandose de habitação coletiva, o valor do salárioutilidade a ela correspondente será obtido mediante a divisão do justo valor da habitação pelo número de coabitantes, vedada, em qualquer hipótese, a utilização da mesma unidade residencial por mais de uma família. (Incluído pela Lei nº 8.860/94) Todavia, como bem professava Heráclito de Ephesus, há 500 anos antes de Cristo, Nada existe de permanente a não ser a eterna propensão à mudança. O mundo evolui, as relações jurídicas se transformam, acompanhando..., os conceitos evolvemse... Nesse compasso, a exegese das normas jurídicas não é, de modo algum, refratária a transformações. Ao contrário, tais são exigíveis. A sucessiva evolução na interpretação das normas já positivadas ajustamnas à nova realidade mundial, resgatandolhes o alcance visado pelo legislador, mantendo dessarte o ordenamento jurídico sempre espelhado às feições do mundo real. Hodiernamente, o conceito de remuneração não se encontra mais circunscrito às verbas recebidas pelo trabalhador em razão direta e unívoca do trabalho por ele prestado ao empregador. Se Fl. 2748DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 36918.000052/200511 Acórdão n.º 2302003.378 S2C3T2 Fl. 2.717 15 assim o fosse, o décimo terceiro salário, as férias, o final de semana remunerado, as faltas justificadas e outras tantas rubricas frequentemente encontradas nos contracheques não teriam natureza remuneratória, já que não representam contraprestação por serviços executados pelo obreiro. Paralelamente, as relações de trabalho hoje estabelecidas tornaramse por demais complexas e diversificadas, assistimos à introdução de novas exigências de exclusividade e de imagem, novas rubricas salariais foram criadas para contemplar outras prestações extraídas do trabalhador que não o suor e o vigor dos músculos. Esses ilustrativos, dentre tantos outros exemplos, tornaram o ancião conceito jurídico de remuneração totalmente démodé. Antenada a tantas transformações, a doutrina mais balizada passou a interpretar remuneração não como a contraprestação pelos serviços efetivamente prestados pelo empregado, mas sim, as verbas recebidas pelo obreiro decorrentes do contrato de trabalho. Com efeito, o liame jurídico estabelecido entre empregador e empregado segue os contornos delineados no contrato de trabalho no qual as partes, observado o minimum minimorum legal, podem pactuar livremente. No panorama atual, a pessoa física pode oferecer ao contratante, além do seu labor, também a sua imagem, o seu não labor nas empresas concorrentes, a sua disponibilidade, sua credibilidade no mercado, ceteris paribus. Já o contratante, por seu turno, em contrapartida, pode oferecer não só o salário stricto sensu como também uma série de vantagens diretas, indiretas, em utilidades, in natura, e assim adiante... Mas ninguém se iluda: Mesmo as parcelas oferecidas sob o rótulo de mera liberalidade, todas elas ostentam, em sua essência, uma nota contraprestativa. Todas elas colimam, inequivocamente, oferecer um atrativo financeiro/econômico para que o obreiro estabeleça e mantenha vínculo jurídico com o empregador. Por esse novo prisma, todas aquelas rubricas citadas no parágrafo precedente figuram abraçadas pelo conceito amplo de remuneração, eis que se consubstanciam acréscimos patrimoniais auferidos pelo empregado e fornecidas pelo empregador em razão do contrato de trabalho e da lei, muito embora não representem contrapartida direta pelo trabalho realizado. Nesse sentido, o magistério de Amauri Mascaro Nascimento: “Fatores diversos multiplicaram as formas de pagamento no contrato de trabalho, a ponto de ser incontroverso que além do saláriobase há modos diversificados de remuneração do empregado, cuja variedade de denominações não desnatura a sua natureza salarial ... (...) Salário é o conjunto de percepções econômicas devidas pelo empregador ao empregado não só como contraprestação pelo trabalho, mas, também, pelos períodos em que estiver à disposição daquele aguardando ordens, pelos descansos remunerados, pelas interrupções do contrato de trabalho ou por força de lei” Nascimento, Amauri M. , Iniciação ao Direito do Trabalho, LTR, São Paulo, 31ª ed., 2005. Registrese, por relevante, que o entendimento a respeito do alcance do termo “remuneração” esposado pelos diplomas jurídicos mais atuais se divorciou de forma substancial daquele conceito antiquado presente na CLT. O baluarte desse novo entendimento tem sua pedra fundamental fincada na própria Constituição Federal, cujo art. 195, I, alínea “a”, estabelece: Constituição Federal de 1988 Fl. 2749DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI 16 Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (grifos nossos) Do marco primitivo constitucional deflui que a base de incidência das contribuições em realce não é mais o salário, mas, sim, a “folha de salários”, propositadamente no plural, a qual é composta, segundo a mais autorizada doutrina, por todos os lançamentos efetuados em favor do trabalhador em contraprestação direta pelo trabalho efetivo prestado à empresa, acrescido dos “demais rendimentos do trabalho, pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício”, parcela esta que abraça todas as demais rubricas devidas ao trabalhador em decorrência do contrato de trabalho, de molde que, toda e qualquer espécie de contraprestação paga pela empresa, a qualquer título, aos segurados obrigatórios do RGPS encontramse abraçadas, em gênero, pelo conceito de Salário de Contribuição. Nessa perspectiva, todo e qualquer lançamento a conta de despesa da empresa representativa de rubrica paga, devida ou creditada a segurado obrigatório do RGPS, que tiver por motivação e origem o trabalho realizado pela pessoa física em favor do Contribuinte, ostentará natureza jurídica remuneratória, e como tal, base de cálculo das contribuições previdenciárias. Na prática, inexiste dificuldade em tal discernimento. Basta hipoteticamente suprimir o trabalho realizado pela pessoa física na consecução do objeto social da sociedade. A importância que deixar de ser vertida a essa pessoa corresponderá, assim, à parcela do trabalho que o obreiro dedicou à empresa. Ao revés, a fração que ainda for devida à pessoa, independentemente do eventual labor físico ou intelectual por ela realizado, representará mera liberalidade do empregador. Como visto, o próprio Legislador Constituinte honrou deixar consignado no Texto Constitucional a real amplitude da base de incidência da contribuição social em destaque: as contribuições previdenciárias incidem não somente a “folha de salários”, como também, sobre os “demais rendimentos do trabalho, pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício”. Tal compreensão caminha em harmonia com as disposições expressas no §11 do artigo 201 da Constituição Federal, que estendeu a abrangência da base de incidência das contribuições previdenciárias aos ganhos habituais do empregado, recebidos a qualquer título. Constituição Federal de 1988 Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (...) §11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e Fl. 2750DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 36918.000052/200511 Acórdão n.º 2302003.378 S2C3T2 Fl. 2.718 17 consequente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) Portanto, a contar da EC n° 20/98, todas as verbas recebidas com habitualidade pelo empregado, qualquer que seja a sua origem e título, passam a integrar, por força de norma constitucional, o conceito jurídico de SALÁRIO (Instituto de Direito do Trabalho) e, nessa condição, passam a compor obrigatoriamente o SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO (Instituto de Direito Previdenciário) do segurado, se sujeitando compulsoriamente à incidência de contribuição previdenciária e repercutindo no benefício previdenciário do empregado. Nesse sentido caminha a jurisprudência trabalhista conforme de depreende do seguinte julgado: TRT7 Recurso Ordinário: Processo: RECORD 53007520095070011 CE 00053007520095070011 Relator(a):DULCINA DE HOLANDA PALHANO Órgão Julgador: TURMA 2 Publicação: 22/03/2010 DEJT RECURSO DA RECLAMANTE CTVA NATUREZA SALARIAL CONTRIBUIÇÃO A ENTIDADE DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. A parcela CTVA, paga habitualmente e com destinação a servir de compromisso aos ganhos mensais do empregado, detém natureza salarial, devendo integrar a remuneração para todos os fins, inclusive para o cálculo da contribuição a entidade de previdência privada. RECURSO DO RECLAMADO CEF CTVA. Com efeito, se referidas gratificações são pagas com habitualidade se incorporam ao patrimônio jurídico do reclamante, de forma definitiva, compondo sua remuneração para todos os efeitos. Atentese que a natureza de tal verba não mais será de "gratificação", mas, sim, de "Adicional Compensatório de Perda de Função" A norma constitucional acima citada não exclui da tributação as rubricas recebidas em espécie de forma eventual. A todo ver, a norma constitucional em questão fez incorporar ao SALÁRIO (instituto de direito do trabalho) todos os ganhos habituais do empregado, a qualquer título. Ocorre, contudo, que o conceito de SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO (instituto de direito previdenciário) é muito mais amplo que o conceito trabalhista mencionado, compreendendo não somente o SALÁRIO (instituto de direito do trabalho), mas, também, os INCENTIVOS SALARIAIS, assim como os BENEFÍCIOS. Assim, as verbas auferidas de forma eventual podem se classificar, conforme o caso, ou como incentivos salariais ou como benefícios. Em ambos os casos, porém, integram o conceito de Salário de Contribuição, nos termos e na abrangência do art. 28 da Lei nº 8.212/91, observadas as excepcionalidades contidas em seu §9º. Leinº8.212,de24 de julho de 1991 Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos Fl. 2751DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI 18 pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) (grifos nossos) II para o empregado doméstico: a remuneração registrada na Carteira de Trabalho e Previdência Social, observadas as normas a serem estabelecidas em regulamento para comprovação do vínculo empregatício e do valor da remuneração; III para o contribuinte individual: a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês, observado o limite máximo a que se refere o § 5o; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). IV para o segurado facultativo: o valor por ele declarado, observado o limite máximo a que se refere o § 5o. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 1999). Notese que o conceito jurídico de Salário de contribuição, base de incidência das contribuições previdenciárias, foi estruturado de molde a abraçar toda e qualquer verba recebida pelo obreiro, a qualquer título, em decorrência não somente dos serviços efetivamente prestados, mas também, no interstício em que o trabalhador estiver à disposição do empregador, nos termos do contrato de trabalho. Advirtase que o termo “remunerações” encontrase empregado no caput do transcrito art. 28 em seu sentido amplo, abarcando todos os componentes atomizados que integram a contraprestação da empresa aos segurados obrigatórios que lhe prestam serviços. Em verdade, até mesmo a remuneração referente ao tempo ocioso em que o empregado permanecer à disposição do empregador não escapa da amplitude do conceito de salário de contribuição. Tais conclusões decorrem de esforços hermenêuticos que não ultrapassam a literalidade dos enunciados normativos supratranscritos, eis que o texto legal revelase cristalino ao estabelecer, como base de incidência, o “total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título”. Nesses termos, compreendemse no conceito legal de remuneração os três componentes do gênero, assim especificados pela doutrina: 1 Remuneração Básica – Também denominada “Verbas de natureza Salarial”. Referese à remuneração em dinheiro recebida pelo trabalhador pela venda de sua força de trabalho. Diz respeito ao pagamento fixo que o obreiro aufere de maneira regular, na forma de salário mensal ou na forma de salário por hora. 2 Incentivos Salariais São programas desenhados para recompensar funcionários com bom desempenho. Os incentivos são concedidos sob diversas formas, como bônus, gratificações, prêmios, participação nos resultados a título de recompensa por resultados alcançados, dentre outros. 3 Benefícios Quase sempre denominados como “remuneração indireta”. Muitas empresas, além de ter uma política de tabela de salários, oferecem uma série de benefícios ora em pecúnia, ora na forma de utilidades ou “in natura”, que culminam por representar um ganho patrimonial para o trabalhador, seja pelo valor Fl. 2752DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 36918.000052/200511 Acórdão n.º 2302003.378 S2C3T2 Fl. 2.719 19 da utilidade recebida, seja pela despesa que o profissional deixa de desembolsar diretamente. Nesse novel cenário, a regra primária importa na tributação de toda e qualquer verba paga, creditada ou juridicamente devida ao empregado, ressalvadas aquelas que a própria lei excluir do campo de incidência. No caso específico das contribuições previdenciárias, a regra de excepcionalidade encontrase estatuída no parágrafo 9º do citado art. 28 da Lei nº 8.212/91, o qual, dada a sua relevância, transcrevemos em sua integralidade: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: (...) §9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) (grifos nossos) a) Os benefícios da previdência social, nos termos e limites legais, salvo o saláriomaternidade; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). b) As ajudas de custo e o adicional mensal recebidos pelo aeronauta nos termos da Lei nº 5.929, de 30 de outubro de 1973; c) A parcela "in natura" recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976; d) As importâncias recebidas a título de férias indenizadas e respectivo adicional constitucional, inclusive o valor correspondente à dobra da remuneração de férias de que trata o art. 137 da Consolidação das Leis do Trabalho CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). e) As importâncias: (Alínea alterada e itens de 1 a 5 acrescentados pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) 1. Previstas no inciso I do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; 2. Relativas à indenização por tempo de serviço, anterior a 5 de outubro de 1988, do empregado não optante pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço FGTS; 3. Recebidas a título da indenização de que trata o art. 479 da CLT; 4. Recebidas a título da indenização de que trata o art. 14 da Lei nº 5.889, de 8 de junho de 1973; 5. Recebidas a título de incentivo à demissão; 6. Recebidas a título de abono de férias na forma dos arts. 143 e 144 da CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). 7. Recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). 8. Recebidas a título de licençaprêmio indenizada; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). 9. Recebidas a título da indenização de que trata o art. 9º da Lei nº 7.238, de 29 de outubro de 1984; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). f) A parcela recebida a título de valetransporte, na forma da legislação própria; Fl. 2753DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI 20 g) A ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de mudança de local de trabalho do empregado, na forma do art. 470 da CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). h) As diárias para viagens, desde que não excedam a 50% (cinquenta por cento) da remuneração mensal; i) A importância recebida a título de bolsa de complementação educacional de estagiário, quando paga nos termos da Lei nº 6.494, de 7 de dezembro de 1977; j) A participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica; (grifos nossos) l) O abono do Programa de Integração SocialPIS e do Programa de Assistência ao Servidor PúblicoPASEP; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) m) Os valores correspondentes a transporte, alimentação e habitação fornecidos pela empresa ao empregado contratado para trabalhar em localidade distante da de sua residência, em canteiro de obras ou local que, por força da atividade, exija deslocamento e estada, observadas as normas de proteção estabelecidas pelo Ministério do Trabalho; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) n) A importância paga ao empregado a título de complementação ao valor do auxíliodoença, desde que este direito seja extensivo à totalidade dos empregados da empresa; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) o) As parcelas destinadas à assistência ao trabalhador da agroindústria canavieira, de que trata o art. 36 da Lei nº 4.870, de 1º de dezembro de 1965; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). p) O valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que couberem, os arts. 9º e 468 da CLT; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) q) O valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médicohospitalares e outras similares, desde que a cobertura abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) r) O valor correspondente a vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos ao empregado e utilizados no local do trabalho para prestação dos respectivos serviços; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) s) O ressarcimento de despesas pelo uso de veículo do empregado e o reembolso creche pago em conformidade com a legislação trabalhista, observado o limite máximo de seis anos de idade, quando devidamente comprovadas as despesas realizadas; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) t) O valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). u) A importância recebida a título de bolsa de aprendizagem garantida ao adolescente até quatorze anos de idade, de acordo com o disposto no art. Fl. 2754DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 36918.000052/200511 Acórdão n.º 2302003.378 S2C3T2 Fl. 2.720 21 64 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) v) Os valores recebidos em decorrência da cessão de direitos autorais; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) x) O valor da multa prevista no §8º do art. 477 da CLT. (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) Contextualizado nesses termos o quadro jurídiconormativo aplicável ao casoespécie, visualizando com os olhos de ver a questão controvertida ora em debate, sob o foco de tudo o quanto até o momento foi apreciado, concluise que integra o conceito de Salário de Contribuição não somente a importância recebida a título de salário, como, também, todos os demais rendimentos do trabalho auferidos pelo segurado, a qualquer título, inclusive os ganhos habituais sob a forma de utilidades, como assim se qualifica o benefício ora posto em xeque. Com efeito, nos sistemas retributivos complexos, a composição da remuneração dos empregados pode ser constituída por múltiplas parcelas, das mais variadas espécies e formas, que resultam ao fim em um ganho patrimonial do trabalhador, quer pelo que ele efetivamente auferiu, em espécie, em utilidades, em benefícios, quer pelo que ele deixou de desfalcar seu patrimônio inercial para a aquisição/fruição da vantagem econômica (bem, serviço ou direito) recebida. Merece ser destacado que o caso plasmado nos autos não se subsume à hipótese de isenção vertida na alínea ‘s’ do §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91, a qual estatui que não integra o Salário de contribuição, a importância recebida a título de ressarcimento de despesas pelo uso de veículo do empregado quando devidamente comprovadas as despesas realizadas. No episódio ora em pauta, a Notificada detém a propriedade dos veículos utilizados pelos Diretores e Gerentes, e para a sua utilização fornece habitualmente uma cota mensal de combustível, tendo a Fiscalização apurado que tais veículos permanecem com os seus respectivos beneficiários fora do ambiente de trabalho, inclusive nos fins de semana, para uso particular. Notese que mesmo os gastos efetuados pela empresa correspondentes ao transporte dos Diretores e Gerentes de casa para o trabalho e viceversa consubstanciamse remuneração indireta, pois representam exatamente a importância que o Beneficiário deixou de desfalcar o seu patrimônio próprio para cobrir as despesas de transporte. Não se deslembre que as despesas de transporte do trabalhador de casa para o trabalho e viceversa são custeadas pelo salário do obreiro, mesmo o saláriomínimo, e não pela empresa, consoante inciso da CF/88. Constituição Federal de 1988 Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) IV salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; (grifos nossos) Fl. 2755DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI 22 (...) Aditese que o ganho do Beneficiário é ainda maior, na medida em que deixa de despender importâncias para cobrir despesas de manutenção, seguro, tributos, etc. Todos esses ganhos auferidos pelos Diretores e Gerentes em utilidades inseremse no conceito jurídico de Salário de Contribuição e, nessa qualidade, deveriam ter sido declarados nas folhas de pagamento e nas GFIP, bem como nos títulos próprios da contabilidade, como assim determina o art. 32 da Lei nº 8.212/91. Merece ser destacado que os beneficios auferidos pelso citados segurados eram obtidos com habitualidade mensal, na forma de utilidades, passando a incorporar o salario do trabalhador, conforme previsto no §11 do art. 201 da CF/1988. CF/1988 Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (...) §11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. (Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) Diante dos aludidos dispositivos constitucionais e legais, não há como se negar a natureza remuneratória, na forma de utilidades, dos beneficios auferidos pelos diretores e gerentes da autuada. Nessa vertente, o art. 32 da citada lei de custeio da Seguridade Social estatuiu como obrigação acessória da empresa o lançamento mensal, em títulos próprios da contabilidade, de forma descriminada, de todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias, o montante das quantias descontadas dos segurados, as contribuições a cargo da empresa, bem como os totais por esta recolhidos. Impôs também ao sujeito passivo o dever instrumental de elaborar folhas de pagamento das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões e normas estabelecidos pela legislação tributária. Além disso, determinou que o contribuinte informasse, mensamente, mediante GFIP, todos os dados relacionados a todos os fatos geradores de contribuição previdenciária, e outras informações do interesse do INSS. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 32. A empresa é também obrigada a: I preparar folhas de pagamento das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões e normas estabelecidos pelo órgão competente da Seguridade Social; II lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos; (...) Fl. 2756DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 36918.000052/200511 Acórdão n.º 2302003.378 S2C3T2 Fl. 2.721 23 IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS. (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.528/97) No que pertine à elaboração das folhas de pagamento, ouvimos em alto e bom som das normas assentadas no Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. nº 3.048/99, que a folha de pagamento deve ser elaborada mensalmente, de forma coletiva por estabelecimento da empresa, por obra de construção civil e por tomador de serviços, com a correspondente totalização, devendo, necessariamente, discriminar o nome dos segurados, indicando cargo, função ou serviço prestado; agrupar os segurados por categoria, assim entendido: segurado empregado, trabalhador avulso, contribuinte individual; destacar o nome das seguradas em gozo de saláriomaternidade; destacar as parcelas integrantes e não integrantes da remuneração e os descontos legais e indicar o número de quotas de saláriofamília atribuídas a cada segurado empregado ou trabalhador avulso. No que toca à GFIP, exige a lei que em tal documento sejam declarados mensamente pelo empregador, dentre outras informações, os dados cadastrais do empregador/contribuinte, dos trabalhadores e tomadores/obras; as Bases de incidência do FGTS e das contribuições previdenciárias, compreendendo o total das remunerações dos trabalhadores, a comercialização da produção, a receita de espetáculos desportivos/patrocínio, o pagamento a cooperativa de trabalho, a movimentação de trabalhadores (afastamentos e retornos), saláriofamília e saláriomaternidade, compensação de contribuições previdenciárias, assim como retenção de 11% sobre nota fiscal/fatura, exposição a agentes nocivos/múltiplos vínculos, valor da contribuição do segurado, nas situações em que não for calculado pelo SEFIP (múltiplos vínculos/múltiplas fontes, trabalhador avulso), valor das faturas emitidas para o tomador, dentre tantas outras previstas no Manual da GFIP. De outro canto, mas ária de outra ópera, a lei ordena que sejam lançados mensalmente em títulos próprios da contabilidade, de forma discriminada, todos os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos. Mostrase auspicioso destacar que a contabilidade tem como uma de suas finalidades assegurar o controle do patrimônio e fornecer as informações sobre a composição e variações patrimoniais, bem como o resultado das atividades econômicas envolvidas, visando a atender, de forma uniforme, às exigências das leis e regulamentos dos órgãos públicos. Na atualidade ela cumpre, igualmente, o papel de instrumento gerencial, que se utiliza de um sistema de informações para registrar as operações da organização, elaborar e interpretar relatórios que mensurem os resultados, e fornecer informações necessárias à tomada de decisões no processo de gestão, planejamento, execução e controle. Contudo, a razão maior para a uniformização dos princípios gerais da contabilidade é a configuração de um sistema de informações tributárias, através do qual o fisco possa sindicar os fatos geradores ocorridos e apurar os tributos devidos, fiscalizar a regularidade do seu recolhimento, para, assim, traçar as diretrizes da política tributária. Registrese, por relevante, que os registros contábeis devem ser feitos de modo preciso, com esteio em documentação idônea, a qual deve ser conservada em ordem, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, bem como a escrituração, correspondência e demais papéis relativos à atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial, a teor do art. 4º do DecretoLei nº 486, de 3 de março de 1969. Fl. 2757DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI 24 Enganase aquele que acredita serem os livros contábeis exigíveis apenas pela legislação comercial. A legislação Tributária é aquela que mais impõe modulações e padrões aos lançamentos contábeis e à estruturação e formalização dos livros, não sendo por outro motivo também conhecidos como “Livros Fiscais”. No tocante à escrituração contábil, a não observância das formalidades exigidas pela legislação tributária sujeita o contribuinte ao pagamento de penalidades pecuniárias a lhe serem impostas mediante o competente Auto de Infração. No âmbito das contribuições sociais previdenciárias, a Lei nº 8.212/91 atribuiu à fiscalização previdenciária a prerrogativa de examinar toda a contabilidade da empresa, não podendo lhe ser oposta qualquer disposição legal excludente ou limitativa do direito de examinar os livros, arquivos, documentos ou papéis comerciais ou fiscais. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 33. Ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11, bem como as contribuições incidentes a título de substituição; e à Secretaria da Receita Federal – SRF compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas ‘d’ e ‘e’ do parágrafo único do art. 11, cabendo a ambos os órgãos, na esfera de sua competência, promover a respectiva cobrança e aplicar as sanções previstas legalmente. (Redação dada pela Lei nº 10.256, de 2001). §1º É prerrogativa do Instituto Nacional do Seguro SocialINSS e do Departamento da Receita FederalDRF o exame da contabilidade da empresa, não prevalecendo para esse efeito o disposto nos arts. 17 e 18 do Código Comercial, ficando obrigados a empresa e o segurado a prestar todos os esclarecimentos e informações solicitados. (grifos nossos) §2º A empresa, o servidor de órgãos públicos da administração direta e indireta, o segurado da Previdência Social, o serventuário da Justiça, o síndico ou seu representante, o comissário e o liquidante de empresa em liquidação judicial ou extrajudicial são obrigados a exibir todos os documentos e livros relacionados com as contribuições previstas nesta Lei. §3º Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, o Instituto Nacional do Seguro SocialINSS e o Departamento da Receita FederalDRF podem, sem prejuízo da penalidade cabível, inscrever de ofício importância que reputarem devida, cabendo à empresa ou ao segurado o ônus da prova em contrário. (...) §6º Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, serão apuradas, por aferição indireta, as contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. (...) Salientese que as diretivas ora enunciadas não discrepam dos mandamentos encartados no Código Tributário Nacional CTN, cujo art. 195 aponta, inflexivelmente, para o mesmo norte. Código Tributário Nacional CTN Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos Fl. 2758DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 36918.000052/200511 Acórdão n.º 2302003.378 S2C3T2 Fl. 2.722 25 comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibilos. Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram. Não é demasia enaltecer que a elaboração de folha de pagamento nos moldes acima descritos, a declaração em GFIP de todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias e o registro dessas informações na contabilidade não se configuram faculdades da empresa, mas, sim, obrigações tributárias acessórias a ela imposta diretamente, com a força de império da lei formal, gerada nas Conchas Opostas do Congresso Nacional, segundo o trâmite gestacional plasmado nos artigos 61 a 69 da nossa Lei Soberana. Com efeito, a estrutura normativa dos tributos em geral aponta no sentido de que a sua base de cálculo, em princípio, deve ser apurada com base em documentos do Sujeito Passivo que registrem, de forma precisa, os montantes pecuniários correspondentes a cada hipótese de incidência prevista nas leis de regência correspondentes. Para tanto, no caso das contribuições previdenciárias, exige o art. 32 da Lei de Custeio da Seguridade Social que a empresa, mensalmente, elabore folhas de pagamento, lance em títulos próprios de sua contabilidade todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias, informe ao Fisco Federal, mediante GFIP, todos os citados fatos geradores e outras informações de interesse do INSS, etc. Excepcionalmente, nas ocasiões em que o conhecimento fiel dos fatos geradores ocorridos na empresa, pelo exame dos documentos acima referidos, não for viável, o ordenamento jurídico admite o emprego meios indiretos para a apuração da base de cálculo das contribuições sociais devidas. No caso em exame, a Fiscalização constatou que a empresa autuada não incluiu nas suas folhas de pagamento todas as parcelas de natureza remuneratória pagas ou creditadas aos diretores e gerentes a seu serviço; não lançou, mês a mês, em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, todos os fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, tampouco declarou nas GFIP correspondentes todos os dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária ocorridos sob sua responsabilidade tributária, porquanto não se houveram por considerados os segurados empregados da Recorrente, por esta irregularmente contratadas sob o manto formal de pessoa jurídica. De outro canto, pelas mesmas razões, as provas e circunstâncias do caso em tela revelam que a contabilidade da Autuada não registrava o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço. A não observância das obrigações tributárias exigidas pela legislação de regência frustrou os objetivos da lei, prejudicando a atuação ágil e eficiente dos agentes do Fisco, que se viram impelidos a despender uma energia investigatória suplementar na apuração dos fatos geradores em realce, não somente nos documentos suso destacados, mas, igualmente, em outras fontes de informação, tais como Recibos de Pagamento a Autônomos, notas fiscais de prestação de serviços, contratos, etc. Nessas circunstâncias, a apresentação deficiente de qualquer documento ou informação assim como a constatação, pelo exame da escrituração contábil ou de qualquer outro documento da empresa, de que a contabilidade não registrou o movimento real das remunerações dos segurados a seu Fl. 2759DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI 26 serviço, configuramse motivo justo, bastante, suficiente e determinante para a apuração, por aferição indireta, das contribuições previdenciárias efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário, a teor do permissivo legal encartado nos parágrafos 3º e 6º do art. 33 da Lei nº 8.212/91. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 33. Ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11, bem como as contribuições incidentes a título de substituição; e à Secretaria da Receita Federal – SRF compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas ‘d’ e ‘e’ do parágrafo único do art. 11, cabendo a ambos os órgãos, na esfera de sua competência, promover a respectiva cobrança e aplicar as sanções previstas legalmente. (Redação dada pela Lei nº 10.256, de 2001). §1º É prerrogativa do Instituto Nacional do Seguro SocialINSS e do Departamento da Receita FederalDRF o exame da contabilidade da empresa, não prevalecendo para esse efeito o disposto nos arts. 17 e 18 do Código Comercial, ficando obrigados a empresa e o segurado a prestar todos os esclarecimentos e informações solicitados. (...) §3º Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, o Instituto Nacional do Seguro SocialINSS e o Departamento da Receita FederalDRF podem, sem prejuízo da penalidade cabível, inscrever de ofício importância que reputarem devida, cabendo à empresa ou ao segurado o ônus da prova em contrário. (grifos nossos) (...) §6º Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, serão apuradas, por aferição indireta, as contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. (grifos nossos) Figuram presentes, portanto, os pressupostos legais para a apuração, por aferição indireta, da base de cálculo das contribuições previdenciárias ora lançadas. No caso em exame, o item 1.4 da Norma e Procedimentos GE.20.1 aprovada em 01/07/90 pela Diretoria de Relações Industriais da Fiat Automóveis S/A, estatui que “ a cada Gerente será atribuída uma cota mensal de 400 (quatrocentos) litros de combustível para o atendimento das suas necessidades de serviço”. Em resposta ao TIAD de 04/08/2004, a Notificada tão somente apresentou à Fiscalização a Nota 516/99, de 14 de setembro de 1999, na qual informa que, a partir do mês de Setembro/99, a cota mensal de combustível para veículos designados é de 250 (duzentos e cinquenta) litros. Assim, no período não fulminado pela decadência, a Fiscalização lançou como base de cálculo das contribuições previdenciárias lançadas o valor correspondente a 250 litros mensais de combustível, invertendo em desfavor da Notificada o ônus da prova em contrário. Não procede a alegação de que a fiscalização não teria buscado apurar qual a quantidade de combustível teria sido efetivamente utilizada para o trabalho, tampouco a de que existem Fl. 2760DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 36918.000052/200511 Acórdão n.º 2302003.378 S2C3T2 Fl. 2.723 27 controles na empresa, e que os mesmos sempre estiveram à disposição da fiscalização, seja no setor de contabilidade, seja no setor de transportes ou no próprio posto de gasolina onde são feitos todos os abastecimentos no interior do estabelecimento. Da análise da Norma e Procedimentos GE.20.1 e na resposta de esclarecimentos solicitadas através do Termo de Intimação para Apresentação de Documentos — TIAD , não restou comprovado a existência de qualquer tipo de controle relacionando os serviços prestados pelos Dirigentes, nos diversos deslocamentos que pudessem caracterizar o uso exclusivo em serviço. Tais controles, portanto, não se aplicam aos Diretores e Gerentes da Notificada. Em sede de Diligência Fiscal, a Fiscalização solicitou mediante TIAD: “1.3 – documentação pertinente ao Controle mensal de KM, individualmente, de cada Dirigente nas seguintes situações; a) Deslocamento de sua residência/trabalho e viceversa; b) Deslocamento em circulação interna dentro do complexo industrial; c) Deslocamento em serviços externos” Em resposta, manifestouse a Notificada, in verbis: "Os Diretores e Gerentes da empresa exercem funções de confiança e de grande responsabilidade, razão pela qual estão isentos de controle no exercício de suas funções, seja de jornada de trabalho ou de eventuais quilômetros e itinerários utilizados a serviço." "Os "Controles de Combustível" praticados pela empresa suportamse em estimativas, na maior parte das vezes, feitas pelo próprio usuário." A empresa apresentou, em sede de Diligência Fiscal, relação contendo os períodos de afastamentos dos empregados ocupantes dos cargos de Gerentes e Diretores, bem como Relação contendo os períodos de gozo de férias dos empregados ocupantes dos cargos de Gerentes e Diretores, dos anos de 1993 a 2004. Do exame da documentação apresentada pela empresa, a Fiscalização considerou os abastecimentos efetivos constantes dos "Relatórios Gerais de Abastecimentos", "Relatórios de Abastecimentos por Função", que resultaram na planilha "Controle de Combustível", em substituição aos consumos fixados na Norma GE 20.1, que era de 250 litros mensais, sendo emitidos os FORCED para a retificação das bases de cálculo. Os documentos e esclarecimentos prestados pela Notificada não se mostraram suficientes para discriminar o montante do combustível consumido na utilização exclusiva de serviço stricto sensu, daquele gasto no uso particular pelo Beneficiário e no deslocamento casatrabalho. Dessarte, ante a inexistência de documentos específicos e controles empresariais de onde pudesse ser extraída, diretamente e com confiabilidade, a matéria tributável, houvese a base de cálculo das contribuições em realce apuradas por arbitramento, com fulcro dos §§ 3º e 6º do art. 33 da Lei nº 8.212/91, a partir das informações contidas nos "Relatórios Gerais de Abastecimentos", "Relatórios de Abastecimentos por Função", conforme exposto no anexo AA1 a fls. 2398/2468, favorecendo, assim o contraditório e a ampla defesa. Fl. 2761DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI 28 Nessa perspectiva, conforme expressamente estatuído na lei, não concordando o sujeito passivo com o valor aferido pela Autoridade Lançadora, competelhe, ante a refigurada distribuição do ônus da prova, que lhe é avesso, demonstrar por meios idôneos que tais montantes não são condizentes com a realidade. O Órgão Julgador de 1ª Instância, de forma fundamentada e devidamente consignada em seu acórdão, apreciando as alegações de defesa e os elementos de prova contidos nos autos, já havia rechaçado a pretensão do Impugnante em razão da falta de discriminação das frações de combustível utilizado para trabalho do funcionário e a correspondente ao uso particular do beneficiário. Nada obstante, nas oportunidades em que teve para se manifestar nos autos do processo, o Sujeito Passivo não honrou produzir as provas necessárias à contradita das razões erigidas pelo Órgão Julgador a quo para o não acatamento de suas pretensões de defesa, gravitando à distância do núcleo sensível do qual se irradiaram os fundamentos de fato e de Direito que forneceram esteio ao levantamento ora em debate, não logrando se desincumbir, dessarte, do ônus que lhe pesava e lhe era avesso, nem, tampouco elidir a imputação que lhe fora infligida pela fiscalização previdenciária. Tal vazio, não permite a lei que seja preenchido com alegações filosóficas ou principiológicas, tampouco com argumentações de fatos e de ações desprovidas de esteio em indício de prova material idônea. Não por outra razão, a legislação tributária exige que todas as operações econômicas da empresa sejam devidamente registradas em documentos adrede elaborados para cada fim, os quais devem ser mantidos, por força de lei, sob a tutela e guarda da empresa enquanto não estiverem caducas ou prescritas as obrigações e créditos tributários deles decorrentes, para que possam fazer prova em favor do Contribuinte. Tendo em vista o consagrado atributo da presunção de veracidade que caracteriza os atos administrativos, gênero do qual o lançamento tributário é espécie, operase a inversão do encargo probatório, repousando sobre o Notificado o ônus de desconstituir o lançamento ora em consumação. Ostentando, todavia, a presunção de veracidade dos Atos Administrativos eficácia relativa, esta admite prova em sentido contrário a ônus da parte interessada, encargo este não adimplido pelo Recorrente, que não logrou afastar a fidedignidade do conteúdo da Notificação Fiscal de Lançamento de Débito em debate. Assim, havendo um documento público com presunção de veracidade não impugnado eficazmente pela parte contrária, o desfecho há de ser em favor dessa presunção. 4. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário para, no mérito, DAR LHE PROVIMENTO PARCIAL, devendo ser excluídas do lançamento todas as obrigações tributárias decorrentes dos fatos geradores ocorridos nas competências de janeiro/1994 até novembro/1999, inclusive, em razão da decadência, conforme art. 173, I, do CTN, e da homologação tácita do crédito tributário, nos termos do §4º do art. 150 do CTN. É como voto. Fl. 2762DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 36918.000052/200511 Acórdão n.º 2302003.378 S2C3T2 Fl. 2.724 29 Arlindo da Costa e Silva, Relator. Voto Vencedor Da Remuneração em Forma de Vale Transporte Combustível O Cerne da questão, consiste na legalidade ou não dos valores pagos à titulo de “vale transporte combustível” integrarem a base de cálculo das contribuições previdenciárias. Pois bem. Ao conceituar saláriodecontribuição, em seu artigo 28, a Lei nº 8.212/91, é cristalina ao incluir totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados, a qualquer título, aos empregados, bem como os ganhos habituais em forma de utilidade, in verbis: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. (Grifos acrescidos) Ressaltese que a referia lei explicita, expressamente, para efeito de salário de contribuição as remunerações efetivamente recebidas ou creditadas a qualquer título durante o mês. Assim, somente não integrarão o salário de contribuição, se estiverem enquadradas numa das exceções previstas no §9º do art. 28. Desta feita, de acordo a legislação previdenciária vigente, não será considerada como base de cálculo das contribuições previdenciárias as parcelas recebidas a título de vale transporte, conforme disposto na alínea “f”, §9º do art. 28 da Lei 8.212/91, in verbis: Art. 28 § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente (...) f) a parcela recebida a título de valetransporte, na forma da legislação própria; Corroborando o acima exposto é válido trazer a baila o disposto no art. 5º da Lei nº 7.418/85, regulamentada pelo Decreto nº 95.247/87: Fl. 2763DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI 30 “Art. 5º. É vedado ao empregador substituir o ValeTransporte por antecipação em dinheiro ou qualquer outra forma de pagamento, ressalvado o disposto no parágrafo único deste artigo. Parágrafo Único No caso de falta ou insuficiência de estoque de Vale Transporte, necessário ao atendimento da demanda e ao funcionamento do sistema, o beneficiário será ressarcido pelo empregador, na folha de pagamento imediato, da parcela correspondente, quanto tiver efetuado, por conta própria, as despesas para seu deslocamento”. Nesse diapasão, verificase que para a não integração de tais prestações ao salário de contribuição, estas deverão ser feitas através da entrega dos respectivos vales transportes. Assim, apenas é justificável o pagamento em dinheiro, caso ocorra a falta de estoque para o necessário atendimento da demanda, o que não está caracterizado no presente caso, eis que o benefício em dinheiro foi feito de forma contínua durante todo o período de 04/02 a 03/04, contrariando frontalmente o disposto alhures. A ora Recorrente ainda argumenta, com base a alínea “m”e “s” do §9º do art. 28 da Lei 8.212/91, que não integrarão o salário de contribuição os valores correspondentes a transporte, caso o empregado contratado para trabalhar resida em localidade distante do seu trabalho, que exija o deslocamento e estada, bem como o ressarcimento de despesas pelo veículo do empregado. O raciocínio disposto acima está correto. Ocorre que, no caso em apreço, não há qualquer prova de que os valores pagos a título de “vale transporte combustível”, verificados em folhas de pagamento, referiamse ao ressarcimento de despesas. Assim, de acordo com a parte final da citada alínea “s”, as despesas deverão ser devidamente comprovadas, caso contrário, integrarão o salário de contribuição. Atendendo aos ditames do Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa, fora dada oportunidade da ora Recorrente de carrear aos autos os documentos que comprovassem o alegado, contudo, os documentos trazidos a baila em nada se referem ao ressarcimento de despesas. Pelo contrário, houve sim a juntada de milhares de fls. De documentos que não guardam qualquer pertinência com o presente lançamento. Assim, resta inconteste que as despesas pagas não incluemse nas exceções previstas nas alíneas “m”e “s” do §9º do art. 28 da Lei 8.212/91. Por outro lado, com todo o respeito daqueles que divergem do meu posicionamento, apesar de o art. 28, da Lei nº 8.212/91 conceituar a remuneração de uma forma abrangente, a norma Celetista o faz de forma diferente em seu o § 2º do art. 458, da CLT, no entanto, mesmo levandose em consideração o disposto na Legislação Trabalhista, in casu, esta não socorre no presente caso a Recorrente. Alicerço o meu entendimento, no fato de que admitir um conceito de remuneração para o direito previdenciário e outro para o direito trabalhista deve ser evitado, pois o próprio Supremo Tribunal Federal – STF, no julgamento do RE 166.772/RS, firmou entendimento no sentido de que as definições postas no art. 195, I, da Constituição Federal devem ser interpretadas em conformidade com a dimensão que lhes confere o Direito do Trabalho, mesmo para fins previdenciários. Nesse sentido, transcrevo abaixo trechos dos votos proferidos pelos Ministros Celso de Mello e Moreira Alves: Fl. 2764DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 36918.000052/200511 Acórdão n.º 2302003.378 S2C3T2 Fl. 2.725 31 a) Celso de Mello: "a locução constitucional "folha de salários", inscrita no art. 195, I, da Carta Política, há de ser definida em função de critérios estritamente técnicos, a serem considerados na exata e usual dimensão que lhes confere o Direito do Trabalho."; b) Moreira Alves: "(...) realmente já foi demonstrado, desde o voto do eminente Ministro Relator e em alguns dos votos que o seguiram, que a expressão "salário" é usada univocamente na Constituição no sentido de salário trabalhista. Mesmo para fins previdenciários – como se vê do art. 201 , "salário" está empregado no sentido de remuneração em decorrência de vínculo empregatício." c) Marco Aurélio: “Descabe dar a uma mesma expressão – salário – utilizada pela Carta relativamente a matérias diversas, sentidos diferentes, conforme os interesses em questão. Salário, tal como mencionado no inciso I do art. 195, não pode se configurar como algo que discrepe do conceito que se lhe atribuiu quando se cogita, por exemplo, da irredutibilidade salarial, inciso VI do artigo 7º da Carta.” Ressaltese, porque importante, que a Mensagem nº 1.115/00, do Poder Executivo, que encaminhou o Projeto de Lei convertido na Lei nº 10.243/2001, justifica o acréscimo do § 2º ao art. 458, da CLT, como proposta para desvincular os benefícios do salário: "4. A proposta modifica, ainda, o § 2º do art. 458, da CLT, que dispõe sobre o salário in natura, para determinar que os benefícios, concedidos pelo empregador, relativos a educação, transporte, assistência médica, hospitalar, e odontológica, seguros de vida e de acidentes pessoais e previdência privada, não integram o salário. A carência de serviços e benefícios sociais indica a conveniência de estimular as empresas a concederem benefícios que proporcionem aos trabalhadores maior segurança e satisfação, sem ônus subseqüente de outra natureza. A proposta atende a essas expectativas desvinculando tais benefícios do salário." (o negrito é nosso) Vejase que, em outras ocasiões, o legislador preferiu utilizar o conceito de remuneração da legislação trabalhista. Nesse sentido, o art. 15 da Lei nº 8.036/90 (Lei do FGTS) permaneceu com a sua redação original, in verbis: "Art. 15. Para os fins previstos nesta Lei, todos os empregadores ficam obrigados a depositar, até o dia 7 (sete) de cada mês, em conta bancária vinculada, a importância correspondente a 8% (oito por cento) da remuneração para ou devida, no mês anterior, a cada trabalhador, incluídas na remuneração as parcelas de que tratam os artigos 457 e 458, da CLT,e a gratificação de Natal a que se refere a Lei nº 4.090, de 13 de julho de 1962, com as modificações da Lei nº 4.749, de 12 de agosto de 1965." (grifamos) É dizer: a Lei do FGTS, ao invés de fazer remissão ao conceito de remuneração previsto no art. 28, da Lei nº 8.212/91, faz remissão expressa ao conceito de remuneração estabelecido nos arts. 457 e 458, da CLT. Fl. 2765DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI 32 Assim, mesmo utilizandose dos conceitos da legislação trabalhista, deve ser mantido o lançamento, vez que o pagamento de vale transporte combustível em dinheiro tem natureza salarial, não se enquadrando em nenhuma das hipóteses de exceção previstas no art. 458, § 2º, da CLT, sendo pacífico o entendimento dos Tribunais Superiores Pátrios acerca da matéria: TRIBUTÁRIO SALÁRIODECONTRIBUIÇÃO VALORES GASTOS COM A EDUCAÇÃO DO EMPREGADO (BOLSAS DE ESTUDO) NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO AUXÍLIOTRANSPORTE PAGAMENTO EM DINHEIRO LEI Nº 7.418/85 DECRETO Nº 95.247/87 INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO 1 O Tribunal de origem assentou que o valetransporte foi pago pela empresa a seus funcionários em dinheiro e de forma habitual, o que gera a incidência da contribuição previdenciária sobre tal verba, não se enquadrando na hipótese prevista no parágrafo único do art. 5º do decreto nº 95.247/87, bem como que os acordos e convenções coletivas não podem sobrepujarse às normas de ordem pública. 2 O entendimento do Superior Tribunal de Justiça é pacífico no sentido de que os valores gastos pelo empregador, na educação de seus empregados, não integram o saláriodecontribuição; Portanto, não compõem a base de cálculo da Contribuição Previdenciária. Agravos regimentais improvidos. (STJ AgRgREsp 1.079.978 (2008/01704469) 2ª T. Rel. Humberto Martins DJe 12.11.2008 p. 426). Assim, depreendese do acima exposto, que os valores pago à título de vale transporte aos funcionários da empresa, de forma não eventual, incide, inarredavelmente, a contribuição social. Ademais, ainda que os valores pagos tivessem como base Convenção Coletiva de Trabalho, não é plausível a retirada da sua natureza salarial simplesmente por expressa previsão deste instrumento de que esses valores não integrarão, para qualquer efeito, o salário dos empregados. Isto porque a Convenção Coletiva de Trabalho, ainda que tenha força de lei perante as partes, não pode contrariar o disposto em lei, e está é de clareza solar ao dispor que sobre todas as utilidades fornecidas habitualmente aos empregados incidirão contribuições previdenciárias, não podendo a Convenção dispor de modo contrário, sendo esta inoponível aos interesses fiscais. Nesse aspecto, o próprio inciso I, do art. 28 da Lei 8.212/91, dispõe, em sua parte final, que não importa se as parcelas são pagas em razão do contrato ou de convenção coletiva, uma vez que, sempre que concedidas habitualmente, restará caracterizado como salário de contribuição, como no caso em apreço. Corroborando o acima exposto outro não tem sido o entendimento da nossa Jurisprudência Pátria, in verbis: TRIBUTÁRIO AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA LEI Nº 8.212/91 (ART. 28, § 9º) VERBAS PAGAS A TÍTULO DE AUXÍLIOCRECHE/BABÁ E VALE TRANSPORTE PAGO EM DINHEIRO LEI 7.418/85 E DECRETO Nº 95.247/87 NATUREZA JURÍDICA PROVA 1 Ação anulatória de débito referente à incidência de contribuição previdenciária sobre a remuneração paga a título de verbas de auxíliocreche/babá e valetransporte pago em dinheiro. 2 A base de cálculo da contribuição impugnada é a Fl. 2766DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 36918.000052/200511 Acórdão n.º 2302003.378 S2C3T2 Fl. 2.726 33 remuneração efetivamente recebida a qualquer título pelo empregado (art. 28, I da Lei nº 8.212/91). 3 Os valores percebidos a título de abono creche têm natureza indenizatória, e não salarial, não integrando o saláriode contribuição. Seu pagamento visa ressarcir as despesas custeadas pelo empregado e que deveriam ser suportadas pela empresa com a manutenção de creche em seu estabelecimento, na forma do art. 389, § 1º, da CLT. 4 Indispensável a prova dos gastos efetuados com a creche e da idade compatível com o benefício, o que não restou demonstrado nos autos. 5 o valetransporte pago em dinheiro e de maneira contínua viola o disposto nos arts. 28, § 9º, "f", da lei nº 8.212/91, 2º, "b", da lei nº 7.418/85 e 5º do decreto nº 95.247/87, compondo a remuneração do empregado e se sujeitando à incidência da contribuição previdenciária. 6 O decreto nº 95.247/87 não contrariou, nem restringiu, a lei de criação do valetransporte, a qual vincula a concessão desse benefício à aquisição pelo empregador dos valestransporte (at. 4º) da empresa operadora do sistema de transporte coletivo público (art. 5º). Daí decorre a vedação imposta pela norma regulamentadora, que apenas a explicita, tendo como objetivo impedir a manipulação do benefício com o desvio de sua finalidade. 7 Os acordos e convenções coletivas de trabalho não podem contrariar normas de ordem pública, como é o caso do art. 5º do decreto nº 95.247/87. 8 Apelação improvida. (TRF2ª R. AC 1998.51.01.0250348 3ª T. Rel. Des. Fed. Paulo Barata DJU 21.08.2008 p. 321) MANDADO DE SEGURANÇA VALETRANSPORTE PAGAMENTO EM PECÚNIA HABITUALIDADE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA INCIDÊNCIA I Encontrase pacificado no âmbito desta Corte o entendimento no sentido de que o valetransporte, quando descontado do empregado no percentual estabelecido em Lei, não integra o saláriocontribuição para efeitos de pagamento da Previdência Social, conforme a norma inserta no artigo 3º da Lei 7.418/85. II No entanto, quando o pagamento do benefício ocorre em dinheiro, de forma habitual, como na hipótese dos autos, esse passa a integrar a remuneração do trabalhador, não havendo legislação que ampare a isenção da contribuição previdenciária. Precedentes: REsp nº 816.829/RJ, Rel. Min. LUIZ FUX, DJ de 19/11/07; REsp nº 664.068/RJ, Rel. Min. LUIZ FUX, DJ de 16/05/05; REsp nº 638.092/PR, Rel. Min. DENISE ARRUDA, DJ de 28/02/05 e REsp nº 653.806/TO, Rel. Min. JOSÉ DELGADO, DJ de 16/11/04. III Agravo regimental improvido. (STJ AgRgREsp 1.037.723 (2008/00500711) Rel. Min. Francisco Falcão DJe 28.05.2008 p. 276) Por fim, não merece guarida o argumento da Recorrente de que a Fiscalização Previdenciária não poderia interferir na relação privada entre empregado e empregador, cabendo somente a estes, decidirem qual via eleger para solução de possíveis conflitos. A competência da Justiça do trabalho não exclui a do Auditor Fiscal da Previdência Social, eis que a caracterização de parcelas como salário de contribuição não tem o condão de reconhecer os direitos trabalhistas, mas apenas o de exigir o adimplemento das contribuições previdenciárias. Fl. 2767DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI 34 Nesse diapasão, resta clara a caracterização do salário de contribuição das contribuições sociais lançadas na presente NFLD, pois os valores pagos a título de “vale transporte” não se enquadram nas hipóteses taxativas previstas no §9º do art. 28 da Lei 8.212/91, nem no art. 458, § 2º, da CLT e os mesmos estão em desacordo com a Lei 7.418/85. É como voto. Leonardo Henrique Pires Lopes, redator designado Fl. 2768DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 2 6/12/2014 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES, Assinado digitalmente em 29/12/2014 por ARLINDO DA COST A E SILVA, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI
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Numero do processo: 16327.000304/2006-28
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 03 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Jan 23 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2002
AÇÃO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA DO OBJETO.
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial, quando houver.
Numero da decisão: 1402-001.703
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário apresentado pela autuada e anular a decisão de primeira instância, restando prejudicado o julgamento do correspondente recurso de ofício.
(assinado digitalmente)
LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente.
(assinado digitalmente)
FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Frederico Augusto Gomes de Alencar, Carlos Pelá, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Paulo Roberto Cortez e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário apresentado pela autuada e anular a decisão de primeira instância, restando prejudicado o julgamento do correspondente recurso de ofício. (assinado digitalmente) LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente. (assinado digitalmente) FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Frederico Augusto Gomes de Alencar, Carlos Pelá, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Paulo Roberto Cortez e Leonardo de Andrade Couto.
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CONCOMITÂNCIA DO OBJETO. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial, quando houver. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário apresentado pela autuada e anular a decisão de primeira instância, restando prejudicado o julgamento do correspondente recurso de ofício. (assinado digitalmente) LEONARDO DE ANDRADE COUTO Presidente. (assinado digitalmente) FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Frederico Augusto Gomes de Alencar, Carlos Pelá, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Paulo Roberto Cortez e Leonardo de Andrade Couto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 03 04 /2 00 6- 28 Fl. 469DF CARF MF Impresso em 23/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16327.000304/200628 Acórdão n.º 1402001.703 S1C4T2 Fl. 470 2 Relatório MetroDados Ltda recorre a este Conselho contra decisão de primeira instância proferida pela 2ª Turma da DRJ Rio de Janeiro 01/RJ, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235 de 1972 (PAF). Por pertinente, transcrevo o relatório da decisão recorrida (verbis): “Trata o presente processo dos autos de infração lavrados pela Deain (SP), referentes ao anocalendário de 2002, por meio dos quais são exigidos do interessado o imposto sobre a renda de pessoa jurídica IRPJ, no valor de R$ 9.706.960,54 (fls. 198/204 e termo de verificação As fls. 216/220) e a contribuição social sobre o lucro liquido — CSLL, no valor de R$ 3.503.145,79 (fls. 205/208), acrescidos dos encargos moratórios (exigibilidade suspensa). 2 Fundamentaram a exação de IRPJ: 2.1 O interessado é detentor de 99,999% do capital da empresa RPD Europa Serviços Ltda. com sede na Ilha da Madeira, Portugal. Em 27/1/2003, o interessado ingressou na Subseção Judiciária de São Paulo — Terceira Vara Cível Federal, com mandado de segurança preventivo (processo n° 2003.61.00.0032647) contra ato a ser praticado pelo Delegado da Receita Federal em São Paulo, para que (fls. 78/112) fosse concedida medida liminar inaudita altera parte com finalidade de suspender a exigibilidade dos créditos tributários de IRPJ e CSLL resultantes: da aplicação do regime de tributação previsto no caput do art. 74 da MP n° 2.15834/2001 (e posteriores reedições), na forma como foi regulamentado pela IN n° 213/2002, no que concerne ao resultado positivo de equivalência patrimonial de suas controladas e coligadas no exterior no ano de 2002, afastandose, também, qualquer pretensão com idênticos fundamentos sobre resultados de exercícios subseqüentes; da aplicação de regime constante do parágrafo único do art. 74 da MP n° 2.15834/2001 aos lucros apurados por sua controlada até dezembro de 2001. 2.2 A liminar foi deferida em parte (fls. 113/118) para suspender a exigibilidade dos créditos tributários de IRPJ e CSLL resultantes da aplicação do regime de tributação previsto no caput do art. 74 da MP n° 2.15834/2001, na forma como foi regulamentada pela IN n° 213/2002, no que concerne ao resultado positivo de equivalência patrimonial de suas controladas e coligadas no exterior no ano de 2002. 2.3 Em 28/3/2003 o interessado ingressou com agravo regimental (fls. 119/129) contra os efeitos suspensivos pleiteados pela União. Foi solicitada a manutenção integral da liminar concedida e a apreciação das questões não analisadas. 24 Informa o autuante que às fls. 330/331 do processo judicial foi determinado o depósito judicial dos valores objetos da ação. 2.5 A segurança foi concedida com o julgamento procedente do pedido (fls. 130/135) para suspender a exigibilidade dos créditos tributários de IRPJ e CSLL Fl. 470DF CARF MF Impresso em 23/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16327.000304/200628 Acórdão n.º 1402001.703 S1C4T2 Fl. 471 3 resultantes da aplicação do regime de tributação previsto no caput do art. 74 da MP n° 2.15834/2001, na forma como regulamentada pela IN n° 213/2002 no que concerne ao resultado positivo de equivalência patrimonial de suas controladas e coligadas no exterior. 2.6 Com o intuito de prevenir a decadência, foi constituído o crédito tributário apurandose a infração correspondente ao lucro auferido no exterior, conforme a seguir: Lucros da RPD Europa Serviços Lda. Ano Valor 1996 (fl. 136) 34.763.967 Escudos 1997 (fls. 136, 147 e 148) 389.407.697 Escudos 1998 (fls. 136,147, 148, 159 e 160) 19.833.282 Escudos 1999 (fls. 136, 159 e 160) 451.347.941 Escudos Subtotal 895.352.887 Escudos Subtotal transformado em Euros (taxa de 0,004987962) 4.465.986,84 Euros 2000 (fls. 136, 167 e 169) 1.105.912,00 Euros 2001 (fls. 136, 169, 175 e 176) 1.500.703,00 Euros Total dos lucros até 31/12/2001 7.072.601,84 Euros Total dos lucros em R$ (taxa de 3,7012 em 31/12/2002) R$ 26.177.113,93 2.7 No cálculo acima, não se considerou o prejuízo apurado em 2002. 2.7 A segunda infração corresponde à equivalência patrimonial, que foi calculada da seguinte forma: visto que o patrimônio liquido da empresa RPD, em 31/12/2001, era de 14.856.530,60 euros (fls. 167 e 175), excluiuse os lucros de 1996 a 2001, 7.072.601,84 euros, obtendose o valor de 7.783.928,76 euros. Sobre este valor aplicouse a variação da taxa de câmbio do euro em relação ao real, no período de 31/12/2001 (2,06363) e 31/12/2002 (3,7012), cujo resultado é 1,63757. Esta taxa multiplicada por 7.783.928,76 euros, obtémse R$ 12.746.728,22 de equivalência patrimonial da autuada. 3 Em decorrência das infrações de IRPJ lançouse a CSLL nos mesmos valores. 4 Ao impugnar as exigências, fls. 224/238 e documentos às fls. 240/283, o interessado alega, em síntese, que: foi incorretamente considerada na base tributável a variação cambial do investimento em 2002, visto a sua intributabilidade conforme reconhecido pela administração tributária; o art. 74 da MP n°2.15835/2001 estabeleceu a tributação exclusiva dos lucros apurados por controladas e coligadas no exterior. Ao regulamentar o dispositivo, o art. 7°, §1º, da IN SRF n° 213/2002 determinou que a tributação incidisse sobre o resultado positivo da equivalência patrimonial, possibilitando que se interpretasse que a tributação alcançasse também a variação cambial do valor do investimento; inexiste base legal para a tributação da variação cambial do investimento no estrangeiro, como poderia conduzir a uma situação de se tributar empresas brasileiras cujas controladas e coligadas no exterior apresentassem prejuízos operacionais, mas um resultado de equivalência patrimonial positivo, devido apenas e exclusivamente a uma desvalorização do real; Fl. 471DF CARF MF Impresso em 23/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16327.000304/200628 Acórdão n.º 1402001.703 S1C4T2 Fl. 472 4 o art. 46 da MP n° 135/2003 estabelecia que a variação cambial dos investimentos no exterior avaliados pelo método de equivalência patrimonial seria considerada receita ou despesa financeira, devendo compor o lucro real e a base de cálculo da CSLL. Tal dispositivo foi vetado por ocasião da conversão da referida MP na Lei n° 10.833/2003, conforme mensagem n° 795, de 29/12/2003, do Presidente da República; o art. 9° da MP n° 232/2004 pretendeu novamente criar base legal para a tributação da variação cambial. A tentativa também foi afastada na edição da MP n° 243/2005; enquanto não há efetiva realização do investimento, a sua variação cambial não representa renda apta a ensejar a incidência de IRPJ e CSLL; não é possível a tributação no Brasil dos lucros apurados pela RPD quando esta se encontrava abrangida pelo tratado contra a dupla tributação (art. III, n° 1, "b") celebrado entre o Brasil e Portugal, promulgado pelo Decreto n° 69.393, de 21/10/1971, cujo término de vigência ocorreu em 31/12/1999 (Ato Declaratório SRF n° 53, de 17/6/1999); o art. VII do tratado contém uma norma de reconhecimento de competência exclusiva do pais em que se encontra domiciliada a sociedade controlada, como resulta claramente da expressão literal "só podem ser tributados"; nos termos do art. 98 do CTN, normas como estas revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observadas pela que lhes sobrevenha, razão pela qual o art. VII do tratado derrogou as normas tributárias internas quanto aos lucros apurados pela RPD nos anos de 1996 a 1999; não poderia cobrar a CSLL sobre lucros apurados pela RPD anteriormente a outubro de 1999, visto a inexistência de dispositivo legal que previsse a tributação. A exigência da CSLL somente veio a ser criada em 29/6/1999, com a edição do art. 19 da MP n° 1.8586. Tendo em vista o principio da anterioridade nonagesimal aplicável As contribuições sociais de que trata o art. 195, §6°, da Constituição, a CSLL só poderia incidir a partir de outubro de 1999; no auto de infração, para alcançar o valor dos lucros apurados de 1996 a 2001 que serviu de base de cálculo do IRPJ e da CSLL, utilizouse da taxa de câmbio do dia 31/12/2002. Ao proceder assim, não só incluiu ilegitimamente na base de cálculo a variação cambial ocorrida ao longo do período, como também desrespeitou o art. 25 da Lei n° 9.249/1995; não poderia impor a cobrança de juros de mora, visto o depósito judicial realizado nos autos do mandado de segurança. 5 A competência para julgamento foi prorrogada da DRJ/SP I para a DRJ/RJ I pela Portaria SRF n°915/2006. 6 O julgamento foi convertido em diligência (fl. 289) para que fossem juntadas as demonstrações contábeis apuradas em 30/9/1999, pela empresa RPD, e para que fosse demonstrada a movimentação da conta de investimento na RPD, no ano de 2002. 7 Em atendimento à diligência, foram juntados os documentos de fls. 296/299. 8 É o relatório.” Fl. 472DF CARF MF Impresso em 23/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16327.000304/200628 Acórdão n.º 1402001.703 S1C4T2 Fl. 473 5 A decisão de primeira instância, representada no Acórdão da DRJ nº 12 21.548 (fls. 312322) de 29/10/2008, por unanimidade de votos, considerou parcialmente procedente o lançamento. A decisão foi assim ementada. “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2002 EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL. VARIAÇÃO CAMBIAL DO PATRIMÔNIO DA INVESTIDA. FATO ATÍPICO. O método de equivalência patrimonial, que consiste na determinação do valor do investimento ao final do exercício, mediante a aplicação do percentual de participação no capital da controlada ou da coligada sobre o patrimônio liquido destas empresas, menos o valor do investimento, não se confunde com o cálculo da variação cambial do patrimônio liquido da investida. A variação cambial do patrimônio da investida é fato atípico na legislação do imposto de renda. CONVENÇÃO PARA EVITAR A DUPLA TRIBUTAÇÃO ENTRE O BRASIL E PORTUGAL. LUCROS AUFERIDOS POR EMPRESA CONTROLADA BRASILEIRA NA ILHA DA MADEIRA. Nos termos do no 4, do artigo X, da convenção para evitar a dupla tributação entre o Brasil e Portugal (Decreto n° 69.393/1971), são considerados dividendos os lucros remetidos ou pagos por um estabelecimento situado num pais à empresa de outro pais, podendo ser tributados no território da empresa favorecida. CONVERSÃO PARA MOEDA NACIONAL DOS LUCROS PROVENIENTES DO EXTERIOR. Nos termos do art. 25, § 4°, da Lei n° 9.249/1995, os lucros auferidos por empresas controladas, no exterior, por empresa brasileira, serão convertidos para moeda nacional pela taxa de câmbio, para venda, do dia das demonstrações financeiras em que tenham sido apurados os lucros. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 1999, 2000, 2001 LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR POR EMPRESA CONTROLADA BRASILEIRA. PERÍODO DE APURAÇÃO. A incidência da CSLL sobre lucros auferidos no exterior foi introduzida no ordenamento jurídico por meio da MP n° 1.858 6, de 29 de junho de 1999. Em atendimento ao principio da anterioridade nonagesimal aplicável as contribuições sociais de que trata o art. 195, §6°, da Constituição, a incidência tributária iniciase a partir de outubro de 1999.” Contra a aludida decisão, da qual foi cientificada em 11/02/2009 (A.R. de fl. 328) a interessada interpôs recurso voluntário em 13/03/2009 (fls. 329339) onde repisa os argumentos apresentados em sua impugnação, acrescentando que o acórdão recorrido deve ser parcialmente reformado posto não ter considerado que a autuação padeceria de ilegalidades Fl. 473DF CARF MF Impresso em 23/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16327.000304/200628 Acórdão n.º 1402001.703 S1C4T2 Fl. 474 6 quanto à: (i) tributação não somente dos lucros apurados por RPD de 1996 a 2001, mas também da parcela relativa à variação cambial do investimento mantido pela referida empresa na RPD Securities Inc.; (ii) exigência de créditos de IRPJ sobre lucros auferidos no exterior em 1996 e 1997, os quais já se encontram fulminados pela decadência do direito do Fisco à sua constituição, já que o auto de infração foi cientificado após o prazo de cinco anos da data da ocorrência do fato gerador (31 de dezembro de 1996 e 31 de dezembro de 1997); (iii) tributação dos lucros apurados por sociedade domiciliada em Portugal (RPD Europa Serviços Lda.) nos anos de 1996 a 1999, o que não é permitido face à vedação expressa do art. 7° do Tratado contra a Dupla Tributação da Renda celebrado entre o Brasil e Portugal. A Delegacia de Julgamento recorreu de ofício da decisão, tendo em vista a parcela do crédito tributário exonerada ter excedido o limite de alçada previsto na legislação. É o relatório. Fl. 474DF CARF MF Impresso em 23/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16327.000304/200628 Acórdão n.º 1402001.703 S1C4T2 Fl. 475 7 Voto Conselheiro Frederico Augusto Gomes de Alencar O recurso é tempestivo, mas, em razão dos fatos a seguir apontados, dele não tomo conhecimento. Conforme informação trazida no próprio Termo de Verificação Fiscal (TVF), fls. 216/220, entendo haver concomitância da matéria objeto da autuação ora discutida com aquela constante do Mandado de Segurança Preventivo de n° 2003.61.00.0032647, ajuizado pela Recorrente na Subseção Judiciária São Paulo/Terceira Vara Cível Federal. Vejase o teor do TVF quanto à matéria objeto do Mandado de Segurança, fls. 217/218: 1.1. A presente fiscalização resultou em Auto de Infração lavrado com exigibilidade suspensa em razão de medida judicial, referente aos anoscalendário de 2000 a 2002, trata do IRPJ e seus reflexos relativos a lucros de empresa controlada sediada no exterior não disponibilizados à MetroDados, e teve origem no MPF n° 08.1.71.002004001110 de 08 de abril de 2004. [...] 1.7. A sociedade em questão ingressou, em 27 de janeiro de 2003, na Subseção Judiciária São Paulo/Terceira Vara Cível Federal, com Mandado de Segurança Preventivo de n° 2003.61.00.0032647 contra ato a ser praticado pelo Ilmo. Sr. Delegado da Receita Federal em São Paulo, ou seja, a tributação do(s): 1.7.1. Resultado positivo da equivalência patrimonial relativo a suas coligadas e controladas no exterior, a partir de 2002, na data do levantamento do balanço de cada ano; 1.7.2. Lucros apurados por coligadas e controladas no exterior nos anos de 1996 a 2001, por ocasião do levantamento do balanço em 2002, e; 1.7.3. Lucros apurados por coligadas e controladas no exterior a partir de 2002, por ocasião do levantamento do balanço ao final de cada ano fiscal, conforme dispõe o Art. 74 da MP 2.15835, regulamentado pela IN SRF n° 213/02. (destaquei). Quanto à autuação ora discutida, vejase a descrição da matéria no TVF, fls. 219/220: 2.4. A autuação, portanto, se divide em duas partes referentes a: 2.4.1. Lucros da RPD Europa de 1996 a 2001 § Único do art.74 da MP n. 2.15835, no valor de 7.072.601,84 Euros, ou seja, R$ 26.177.113,93, calculado tendose em conta que a data do fato gerador é 31/12/2002; Fl. 475DF CARF MF Impresso em 23/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16327.000304/200628 Acórdão n.º 1402001.703 S1C4T2 Fl. 476 8 2.4.2.Resultado da Equivalência Patrimonial da RPD Europa em 2002 Art.74 da MP n. 2.15835, conforme regulamentado pela IN SRF 213/2002, no valor de R$ 12.746.728,22; [...] 3. DO ENQUADRAMENTO LEGAL: O contribuinte infringiu o disposto no "caput" e no § Único do art.74 da MP nº 2.15835, conforme regulamentados pela IN SRF 213/2002. (destaquei). Como se vê, a matéria objeto deste processo administrativo é a mesma daquela constante da ação judicial ajuizada pela autuada. Com efeito, nos termos do art. 5°, XXXV, da Constituição Federal, é assegurado a todos o acesso ao Poder Judiciário para defesa de seus direitos, sendo que as decisões judiciais transitadas em julgado se revestem do caráter de definitividade e de imutabilidade, sendo, portanto, a ultima ratio na solução de conflitos. Submetida determinada matéria à apreciação do Poder Judiciário, cuja decisão se reveste do caráter definitivo e imutável prevalecendo na ordem jurídica, qualquer outra discussão paralela mostrase inoportuna e ineficiente, diante do fato de que prevalecerá a decisão judicial. O tema não merece maiores digressões e já se encontra sumulado (Súmula CARF n° 1), com o seguinte teor: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Assim, restando configurada a renúncia à via administrativa para a discussão da lide, uma vez que a matéria já foi submetida ao crivo do Poder Judiciário, não cabe às Delegacias de Julgamento ou a este CARF a sua apreciação. Diante do exposto, voto no sentido de i) não conhecer do recurso voluntário apresentado pela autuada, e ii) anular a decisão de primeira instância, restando prejudicado o julgamento do correspondente recurso de ofício. Repiso, por oportuno, que o crédito tributário lançado através do presente processo administrativo deverá permanecer com sua exigibilidade suspensa até decisão final da Justiça na ação judicial supra citada (processo n ° 2003.61.00.0032647 da 3ª Vara Federal) (art. 151, incisos II e IV do CTN). (assinado digitalmente) Frederico Augusto Gomes de Alencar Relator Fl. 476DF CARF MF Impresso em 23/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16327.000304/200628 Acórdão n.º 1402001.703 S1C4T2 Fl. 477 9 Fl. 477DF CARF MF Impresso em 23/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO
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Numero do processo: 14041.000442/2007-69
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 01 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Fri Jan 23 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003
SOCIEDADE COOPERATIVA. ATOS NÃO COOPERADOS TRIBUTAÇÃO NORMAL.
As receitas advindas de operações que não dizem respeito ao objeto social das cooperativas, ou seja, de atos não-cooperados, estranhos aos objetivos precípuos da sociedade, não são beneficiadas pela não-incidência do Imposto de Renda de que gozam aquelas oriundas dos atos cooperados.
Sendo os documentos claros, permitindo um adequado julgamento, torna-se prescindível a realização de perícia ou diligência para a solução da controvérsia.
Aplica-se à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL - o disposto em relação ao lançamento do IRPJ, por decorrer dos mesmos elementos de prova e se referir à mesma matéria tributável.
Recurso desprovido.
Numero da decisão: 1401-000.725
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar e negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator.
Assinado digitalmente
Jorge Celso Freire da Silva Presidente
Assinado digitalmente
Maurício Pereira Faro Relator
Participaram do julgamento os conselheiros Jorge Celso Freire da Silva, Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Antonio Bezerra Neto, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Karem Jureidini Dias e Mauricio Pereira Faro.
Nome do relator: MAURICIO PEREIRA FARO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2003 SOCIEDADE COOPERATIVA. ATOS NÃO COOPERADOS TRIBUTAÇÃO NORMAL. As receitas advindas de operações que não dizem respeito ao objeto social das cooperativas, ou seja, de atos não-cooperados, estranhos aos objetivos precípuos da sociedade, não são beneficiadas pela não-incidência do Imposto de Renda de que gozam aquelas oriundas dos atos cooperados. Sendo os documentos claros, permitindo um adequado julgamento, torna-se prescindível a realização de perícia ou diligência para a solução da controvérsia. Aplica-se à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL - o disposto em relação ao lançamento do IRPJ, por decorrer dos mesmos elementos de prova e se referir à mesma matéria tributável. Recurso desprovido.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar e negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. Assinado digitalmente Jorge Celso Freire da Silva Presidente Assinado digitalmente Maurício Pereira Faro Relator Participaram do julgamento os conselheiros Jorge Celso Freire da Silva, Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Antonio Bezerra Neto, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Karem Jureidini Dias e Mauricio Pereira Faro.
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DE TRAB. MEDICO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003 SOCIEDADE COOPERATIVA. ATOS NÃO COOPERADOS TRIBUTAÇÃO NORMAL. As receitas advindas de operações que não dizem respeito ao objeto social das cooperativas, ou seja, de atos nãocooperados, estranhos aos objetivos precípuos da sociedade, não são beneficiadas pela nãoincidência do Imposto de Renda de que gozam aquelas oriundas dos atos cooperados. Sendo os documentos claros, permitindo um adequado julgamento, tornase prescindível a realização de perícia ou diligência para a solução da controvérsia. Aplicase à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL o disposto em relação ao lançamento do IRPJ, por decorrer dos mesmos elementos de prova e se referir à mesma matéria tributável. Recurso desprovido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar e negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 04 1. 00 04 42 /2 00 7- 69 Fl. 858DF CARF MF Impresso em 23/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por MAURICIO PEREIRA FARO, Assinado digitalmente em 27/11/201 4 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por MAURICIO PEREIRA FARO Processo nº 14041.000442/200769 Acórdão n.º 1401000.725 S1‐C4T1 Fl. 3 2 Assinado digitalmente Jorge Celso Freire da Silva – Presidente Assinado digitalmente Maurício Pereira Faro – Relator Participaram do julgamento os conselheiros Jorge Celso Freire da Silva, Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Antonio Bezerra Neto, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Karem Jureidini Dias e Mauricio Pereira Faro. Relatório Tratase de recurso interposto pelo contribuinte contra acórdão que julgou procedente em parte o auto de infração. Por bem resumir a questão ora examinada, adoto o relatório do órgão julgador a quo: Em 11/07/2007, foram lavrados contra a interessada os Autos de Infração do Imposto de Renda Retido da Pessoa Jurídica — IRPJ e da Contribuição Social s/Lucro Líquido — CSLL, atinentes ao anocalendário de 2003, cujo crédito tributário lançado de oficio perfaz o montante de R$1.367.615,09, assim discriminados por exação fiscal. Tendo em vista que o IRPJ e a CSLL compartilham os mesmos fatos e os mesmos elementos probatórios, os autos do processo da CSLL (processo n° 14041.000441/200714) foram juntados, por anexação, aos presentes autos do IRPJ (processo n° 14041.000442/200769), conforme orientação do Despacho encaminhado por esta DRJ às fls. 303. Em síntese, na ação fiscal, iniciada em 15/03/2006, durante o procedimento de verificações obrigatórias, constatou a Fiscalização que a contribuinte, em virtude de ter auferido receitas provenientes de atos nãocooperados, principalmente referentes á venda de imobilizado ocorrida em julho de 2003, conforme escrituração dos balancetes mensais e a DIPJ/2004, apurou imposto a pagar; contudo, não declarou os rendimentos em DCTF nem efetuou o respectivo recolhimento. Fl. 859DF CARF MF Impresso em 23/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por MAURICIO PEREIRA FARO, Assinado digitalmente em 27/11/201 4 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por MAURICIO PEREIRA FARO Processo nº 14041.000442/200769 Acórdão n.º 1401000.725 S1‐C4T1 Fl. 4 3 Tendo a Fiscalização apresentado à contribuinte os débitos apurados, em 09/05/2007, foi informada que as DIPJ foram retificadas, pelo fato de terem sido apresentadas erroneamente pelo lucro real, uma vez que a requerente é uma entidade sem fins lucrativos, Cooperativa de Trabalho Médico, e por isso estaria isenta do imposto de renda. Por sua vez, informou a Fiscalização que a retificação da DIPJ/2004 ocorreu intempestivamente, em 24/05/2007, após o início da ação fiscal, motivo pelo qual a contribuinte perdeu a espontaneidade. Assim, esclarece a autoridade fiscal que a matéria objeto do lançamento é a diferença do imposto de renda a recolher, apurada a partir do imposto declarado na DIPJ/2004, não declarada em DCTF. Cientificada dos lançamentos, em 13/07/2007 ("AR" às fls. 238 e 545), a interessada apresentou as impugnações de fls. 242/248 e 549/555 e correspondentes anexos, em 14/08/2007 (protocolo de recepção às fls. 242e 549). Apoiada nos documentos já acostados aos autos, dispõe sobre o seguinte, em síntese: • com o propósito de solver suas pendências administrativas e fiscais, logrou junto à Receita Federal a sucessão de crédito tributário de terceiros para promover a compensação dos seus tributos devidos, processo este iniciado com o adequado pedido de compensação, e para dar efetividade a tal procedimento, fezse necessário, concomitantemente, apurar seus débitos tributários, sem o que não se pode concluir a sua liquidação por meio da compensação, e seguindo as rotinas, a impugnante submeteuse à fiscalização, tendo apresentado todos os documentos solicitados; • contudo surpreendeuse com o valor do crédito tributário apurado pela Fiscalização; • a UNIMED é uma cooperativa de trabalho, pessoa jurídica sem fins lucrativos, o que a torna fora do campo de tributação no que se refere às suas receitas, contudo, o contador prestou as declarações dos anos de 2001 a 2006 como se a UNIMED fosse pessoa jurídica empresarial, por isso, a necessidade de retificação das DIPJ, por questão de justiça tributária; Fl. 860DF CARF MF Impresso em 23/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por MAURICIO PEREIRA FARO, Assinado digitalmente em 27/11/201 4 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por MAURICIO PEREIRA FARO Processo nº 14041.000442/200769 Acórdão n.º 1401000.725 S1‐C4T1 Fl. 5 4 • a autoridade fiscal, por sua vez, desconsiderou a existência de declaração retificadora, porque apresentada depois do início da ação fiscal, e calculou o tributo com base unicamente nas divergências entre a DIPJ original e a DCTF, incorrendo em violação dos Princípios tributários da legalidade, da ampla defesa e do devido processo legal, vez que não poderia o órgão tributário negar o direito de uma cooperativa de corrigir sua situação de contribuinte para nãocontribuinte, apenas porque a UNIMED o fez fora do prazo; • o contribuinte tem direito a submeterse ao lançamento se a sua hipótese de incidência estiver configurada, e para isso deveria o fisco apurar, com base nos livros fiscais, a existência de lucro tributável, o que não foi feito e nem poderia ter sido feito, porque o lucro não existe, em razão da condição jurídica da UNIMED; • ante o exposto, pugna a recorrente pela procedência do presente recurso, para que o Auto de Infração seja anulado, reconhecendo a autoridade tributária o enquadramento da UNIMED BRASÍLIA na qualidade de entidade sem fins lucrativos, e, alternativamente, caso não seja acolhido o pedido supra, requer, com apoio nos artigos 16, IV, e 18 do PAF, que sejam determinadas novas diligências para que a fiscalização constate, a partir do exame dos documentos contábeis, se houve lucro da entidade no anobase 2003 e qual o seu montante para efeito da incidência do IRPJ e da CSLL. Analisando a questão, entendeu o órgão julgador a quo por julgar procedente o auto de infração, nos seguintes termos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003 SOCIEDADE COOPERATIVA. ATOS NÃO COOPERADOS TRIBUTAÇÃO NORMAL. As receitas advindas de operações que não dizem respeito ao objeto social das cooperativas, ou seja, de atos nãocooperados, estranhos aos objetivos precípuos da sociedade, não são beneficiadas pela nãoincidência do Imposto de Renda de que gozam aquelas oriundas dos atos cooperados. DILIGÊNCIA. PERÍCIA. DESNECESSIDADE. Sendo os documentos claros, permitindo um adequado julgamento, tornase prescindível a realização de perícia ou diligência para a solução da controvérsia. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO – CSLL Anocalendário: 2003 Fl. 861DF CARF MF Impresso em 23/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por MAURICIO PEREIRA FARO, Assinado digitalmente em 27/11/201 4 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por MAURICIO PEREIRA FARO Processo nº 14041.000442/200769 Acórdão n.º 1401000.725 S1‐C4T1 Fl. 6 5 LANÇAMENTO DECORRENTE DO MESMO FATO. Aplicase à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL o disposto em relação ao lançamento do IRPJ, por decorrer dos mesmos elementos de prova e se referir à mesma matéria tributável. Lançamento Procedente Irresignado, interpôs o contribuinte o recurso voluntário ora analisado, reiterando os argumentos expostos. É o relatório. Voto Inicialmente, afasto a preliminar de nulidade em razão da suposta necessidade de perícia por considerála prescindível para a solução da controvérsia na medida em que os documentos acostados aos autos são claros e suficientes para a composição da lide, bem como para a apreciação do recurso ora analisado. No caso concreto, constatase que agiu corretamente a autoridade fiscal, no procedimento de verificações obrigatórias, quando, ao detectar divergências entre a DIPJ/2004 e a DCTF, intimou a contribuinte a esclarecer tais diferenças. Não obstante as razões expostas pela Recorrente para o envio de nova DIPJ retificando os valores originais não poderia a Fiscalização aceitar declaração retificadora enviada após o início da Ação Fiscal, vez que tal situação caracteriza a perda da espontaneidade, conforme disposições expressas no § 1°, art. 7°, do PAF e no art. 832 do RIR199, in verbis: "(PAF) Art. 7.° O procedimento fiscal tem início com: I .". O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação, a dos demais envolvidos nas infrações verificadas." Assim, tendo constatado que os valores declarados na DIPJ/2004 original não foram confessados na correspondente DCTF, foi efetuado o lançamento, para constituir o crédito tributário, sendo que tal procedimento consiste em atividade vinculada e obrigatória da autoridade fiscal, cuja omissão acarreta em pena de responsabilidade funcional, nos termos do art. 142 do CIN. Por sua vez, ainda que a contribuinte tivesse incorrido em erro de preenchimento na DIPJ/2004, conforme aduz em seu Recurso, não lograria se esquivar do crédito tributário constituído pela autoridade fiscal, pelos motivos expostos a seguir. Fl. 862DF CARF MF Impresso em 23/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por MAURICIO PEREIRA FARO, Assinado digitalmente em 27/11/201 4 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por MAURICIO PEREIRA FARO Processo nº 14041.000442/200769 Acórdão n.º 1401000.725 S1‐C4T1 Fl. 7 6 Não obstante o fato de a requerente ser uma sociedade cooperativa, que goza da não incidência do Imposto sobre a Renda no que concerne às receitas auferidas por atos cooperados, ou seja, referentes às operações que dizem respeito ao objeto social das cooperativas, vale observar que esta nãoincidência não se estende aos atos nãocooperados, relativos às operações de atividades paralelas, estranhas os seus objetivos precípuos. Vale verificar como são definidos os atos cooperados, nos termos da Lei n° 5.764, de 16 de dezembro de 1971 (que define a Política Nacional de Cooperativismo e institui o regime jurídico das sociedades cooperativas): “Art. 79 — Denominamse atos cooperativos os praticados entre as cooperativas e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associados para a consecução de objetivos em comum”. Parágrafo único — O ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria." (grifos nossos) Por sua vez, o art. 183 do RIR/99, dispõe com clareza que os atos nãocooperados não se beneficiam da não incidência do Imposto de Renda: "Art. 183. As sociedades cooperativas que obedecerem ao disposto na legislação especifica pagarão o imposto calculado sobre os resultados positivos das operações e atividades estranhas à sua finalidade, tais como (Lei n° 5.764, de 1971, arts. 85, 86, 88 e 111, e Lei n° 9.430, de 1996, arts. 1" e 2°): (.)" Observese o entendimento do Conselho dos Contribuintes, relativo à tributação sobre atos não cooperados: “COOPERATIVA ATO COOPERADO DEFINIÇÃO E ALCANCE Ato cooperado é o ato que decorre da atuação do cooperado no exercício e atendimento dos objetivos da atividade cooperada a que aderiu e que, assim, não se sujeita à incidência tributária por não qualificar ato de mercancia. A negociação direta entre a Cooperativa e terceiros, sem interferência direta do cooperado na sua concretização deixa de traduzir a característica essencial do ato cooperativo para assim configurar ato sujeito a uma incidência tributária normal”. 1° Conselho de Contribuintes / 3a. Câmara / ACÓRDÃO 10321.115 em 05/12/2002. Publicado no DOU em: 10.02.2003. Da análise dos Balancetes Mensais da Recorrente, constatase que, durante o anocalendário de 2003, as contas do grupo "RECEITA ATOS NAO COOPERATIVOS" registraram ingressos regulares, sendo que, no mês de julho, foi lançado a crédito o valor de R$3.200.000,00 na conta "VENDA DE IMOBILIZADO", conforme pode se verificar às fls. 137. Tratase de receitas advindas de operações estranhas à atividade da cooperativa, reconhecidas pela própria impugnante na sua escrituração. Por sua vez, o Conselho de Contribuintes mantém a mesma linha de pensamento: Fl. 863DF CARF MF Impresso em 23/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por MAURICIO PEREIRA FARO, Assinado digitalmente em 27/11/201 4 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por MAURICIO PEREIRA FARO Processo nº 14041.000442/200769 Acórdão n.º 1401000.725 S1‐C4T1 Fl. 8 7 "ALIENAÇÃO DE BENS DO ATIVO PERMANENTE – São passíveis de tributação, por não se constituir ato cooperativo, os resultados apurados na alienação de bens constantes do ativo permanente de sociedade cooperativa" (Ac. 1° CC n° 10183.940 de 1992, DOU de 23/03/1993); "IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA – SOCIEDADES COOPERATIVAS – APLICAÇÕES FINANCEIRAS – ALIENAÇÃO DE BENS DO ATIVO PERMANENTE — Situam se fora do campo de incidência do imposto de renda os resultados obtidos pelas cooperativas nos atos cooperados, conforme definidos no artigo 79 da Lei n° 5.764/71. As aplicações financeiras e a alienação de bens do ativo permanente não se caracterizam como atos cooperados, naquela definição, sujeitandose à incidência da norma tributária os resultados positivos nelas obtidos" (Acórdão do 1° CC n° 108 06274, sessão de 19/10/2000); "ALIENAÇÃO DE IMÓVEIS – Por se identificar em ato 'não cooperativo' não está abrangido pela 'não incidência' do tributo, somente prevista em lei para os atos cooperativos; os resultados apurados na alienação de imóveis constantes do ativo permanente de cooperativa são passíveis de tributação" (Ac. 1° CC 101534/83 – Regulamento do Imposto de Renda para 1992, Editora Resenha Tributária, Nota 278, página 333). Portanto, não assiste razão á Recorrente, restando demonstrado que as receitas oriundas de atos não cooperados devem ser submetidas ao regime de tributação regular, não se caracterizando nenhuma hipótese de não incidência. Ante o exposto, rejeito a preliminar e nego provimento ao recurso voluntário. Assinado digitalmente Maurício Pereira Faro – Relator Fl. 864DF CARF MF Impresso em 23/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por MAURICIO PEREIRA FARO, Assinado digitalmente em 27/11/201 4 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por MAURICIO PEREIRA FARO
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Numero do processo: 10183.901945/2009-40
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 04 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Feb 19 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 2002,2003,2004
RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. ANÁLISE INTERROMPIDA.
Inexiste reconhecimento implícito de direito creditório quando a apreciação da Per/DComp restringe-se a aspecto preliminar de utilização em duplicidade do direito creditório anteriormente pleiteado. A homologação da compensação ou deferimento do pedido de restituição, uma vez superado este ponto, depende da análise da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pela DRJ/CGE/MS, que originalmente proferiu a decisão de primeira instância.
Numero da decisão: 1803-002.530
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento em parte ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Relatora e Presidente
Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Fernando Ferreira Castellani, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva.
Nome do relator: CARMEN FERREIRA SARAIVA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Exercício: 2002,2003,2004 RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. ANÁLISE INTERROMPIDA. Inexiste reconhecimento implícito de direito creditório quando a apreciação da Per/DComp restringe-se a aspecto preliminar de utilização em duplicidade do direito creditório anteriormente pleiteado. A homologação da compensação ou deferimento do pedido de restituição, uma vez superado este ponto, depende da análise da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pela DRJ/CGE/MS, que originalmente proferiu a decisão de primeira instância.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento em parte ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Relatora e Presidente Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Fernando Ferreira Castellani, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 23; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1798; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE03 Fl. 388 1 387 S1TE03 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10183.901945/200940 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1803002.530 – 3ª Turma Especial Sessão de 04 de fevereiro de 2015 Matéria PER/DCOMP Recorrente TODIMO TRANSPORTES LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2002,2003,2004 RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. ANÁLISE INTERROMPIDA. Inexiste reconhecimento implícito de direito creditório quando a apreciação da Per/DComp restringese a aspecto preliminar de utilização em duplicidade do direito creditório anteriormente pleiteado. A homologação da compensação ou deferimento do pedido de restituição, uma vez superado este ponto, depende da análise da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pela DRJ/CGE/MS, que originalmente proferiu a decisão de primeira instância. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento em parte ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Relatora e Presidente Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Fernando Ferreira Castellani, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 18 3. 90 19 45 /2 00 9- 40 Fl. 401DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901945/200940 Acórdão n.º 1803002.530 S1TE03 Fl. 389 2 A Recorrente formalizou originalmente o Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp) nº 32580.79880.280905.1.3.040057, apresentada em 28.09.2005, utilizandose do crédito relativo ao pagamento a maior de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), código 2484, no valor de R$55.234,96 recolhido em 31.12.2004, apurado pelo regime de tributação com base no lucro real, para compensação dos débitos ali confessados, fl. 02. De acordo com o Despacho Decisório Eletrônico, fl. 02, as informações relativas ao reconhecimento do direito creditório foram analisadas das quais se concluiu pelo indeferimento do pedido: Limite do crédito analisado, correspondente ao valor do crédito original na data de transmissão informado no PER/DCOMP: 55.234,96 Analisadas as informações prestadas no documento acima identificado, não foi confirmada a existência do crédito informado, pois o DARF a seguir, discriminado no PER/DCOMP, não foi localizado nos sistemas da Receita Federal. [...] Diante da inexistência do crédito, NÃO HOMOLOGO a compensação declarada. [...] Enquadramento legal: Arts. 165 e 170, da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN). Art. 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Cientificada em 03.04.2009, a Recorrente apresentou a manifestação de inconformidade, fls. 0622, com os argumentos a seguir discriminados, inclusive que deve prevalecer o princípio da verdade material em face do erro formal de indicação no Per/DComp da natureza do direito creditório. III. DA MATÉRIA DE FATO III.I. ORIGEM DO CREDITO: A Recorrente é contribuinte da CSLL com base no lucro real, porém vinha recolhendo a Contribuição Social sobre Lucro Líquido, mensalmente, por estimativa, e ao final do exercício, encerrava seu balanço, donde verificava que em todos os períodos restava saldo negativo de CSLL, ou seja, era recolhido mais que o realmente devido. Como citado recolhimento é passível de restituição ou compensação nos exercícios seguintes, a empresa Recorrente assim o fez: pretendeu compensar o montante devido nos exercícios subseqüentes, com o montante pago a maior nos exercícios anteriores, de tributos administrados pela Receita Federal. Quando da apreciação e análise das Per/DComp, e cruzamento dos dados com o constante deste escrito com as DCTF, e DIPJ, a Autoridade Administrativa desconsiderou o crédito informado, glosando a totalidade da compensação. Não houve defesa preliminar, e a autoridade, por Despacho Decisório, não homologou as compensações outrora pretendidas, conforme documento do Anexo II. Mencionado documento trata da Per/DComp nº 32580.79880.280905.1.3.04 0057, transmitida em 28/09/2005, apontando crédito do tipo "pagamento indevido ou a maior". Fl. 402DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901945/200940 Acórdão n.º 1803002.530 S1TE03 Fl. 390 3 Tal evento ocorrera por um motivo justificável: erro formal, quanto ao preenchimento do campo específico informativo do "motivo" da compensação, através do "crédito" apontado naquele documento fiscal. Supracitado, campo, ao invés de fazerse constar "saldo negativo / IR / Contribuição Social equivocadamente lançouse como "pagamento indevido ou a maior". Logicamente, a Autoridade, quando da verificação, determinou a apresentação das DARF, devidamente recolhidas, que concederiam à Recorrente, a solícita compensação pretendida e declarada nas escritas fiscais, por tratarse de "pagamento indevido ou a maior"; todavia, as DARF simplesmente não existiam. Ou seja: significa dizer que a Recorrente não possuía quaisquer créditos a compensar, porque tecnicamente não "despendeu pagamentos a maior"; entretanto, o crédito, sim, existe e foi oportunamente retificado e apresentado à autoridade julgadora, que nada fez. Ou seja, ainda que se tenha operado lançamento sob equivocada nomenclatura na Per/DComp, constando "pagamento indevido ou a maior estendendose o equívoco às DCTF, quando na realidade, o correto seria "Saldo Negativo / IR / Contribuição Social", os demais dados encontramse acertados à realidade tributária da empresa, tanto quanto, os valores constantes daquele documento, como créditos a serem compensados. Verdade Fática, Primazia da Realidade A autoridade administrativa glosou as compensações, com aparente "legalidade". Mas, os valores pagos "a maior", compensáveis com aqueles dos exercícios subseqüentes, realmente existem, devendo ser considerados pela autoridade administrativa. III.II. DAS PROVAS: Como prova cabal da origem do crédito citado alhures, a Recorrente apresenta nas planilhas do Anexo X, que em apertada síntese, apresenta os seguintes resultados: Saldo Negativo CSLL de 2001 R$19.364,77 Saldo Negativo CSLL de 2002 R$10.329,26 Saldo Negativo CSLL de 2003 R$12.699,49 Total R$42.393,52* * Sem correção pela Selic. A prova do pagamento e valores lançados nas planilhas, referente ao crédito subsistente de 2002, utilizado à pretensa compensação do 2º trimestre de 2005, está assim disposto: a) Exercício de 2002: DCTF nos Anexos VI, VII, VIII e IX; Das compensações, expressamse na PER/DCOMP: a) 2° trimestre de 2005: Anexo III; retificadora: Anexo IV; Fl. 403DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901945/200940 Acórdão n.º 1803002.530 S1TE03 Fl. 391 4 Já a declaração, que demonstra da existência do Saldo Negativo da Contribuição Social, está devidamente demonstrado na DIPJ do exercício competente, sendo: a) DIPJ 2003, Exercício 2002, à fl. 16, do Anexo V (R$10.329,28); III. III. DO MONTANTE DO DÉBITO Necessário, após o que se descrevera acima, esboçar dos créditos lançados na Per/DComp 32580.79880.280905.1.3.040057. No quadro abaixo fica demonstrado o débito que foi objeto do pedido de compensação, que consta do Anexo III: Código Receita Período de Apuração Vencimento Valor Original do Débito (em reais) 2484 30/04/2005 31/05/2005 3.249,72 2484 31/05/2005 30/06/2005 883,98 2484 30/06/2005 31/07/2005 656,64 TOTAL 4.790,34 Vejam, Ilustres Julgadores, que se fez constar como tipo de crédito, no campo próprio, "Pagamento Indevido ou a Maior", apenas um erro formal. A Recorrente pretendeu corrigir o citado equívoco, com o preenchimento de uma Declaração de Compensação manual, retificadora, alterandose a origem do crédito utilizado, para: "Outros", detalhando "Saldo Negativo de CSLL", como demonstra o documento do Anexo IV. Sem êxito, todavia, a pretendida retificação, vez que a autoridade administrativa sequer a analisou. E insta salientar: caberia a ela, obrigatoriamente, analisar. III.IV. DO MONTANTE DO CRÉDITO Nos anoscalendário de 2001, 2002 e 2003, a Recorrente pagou, por estimativa, valores superiores aos realmente devidos, a título de Contribuição Social, e isto, porque ainda que a empresa estivesse "dando prejuízos", ou seja, verificando se ausência de lucro, ainda assim, adiantava pagamentos sob código de receita 2484. Observando a DIPJ de 2003, do Anexo V, tanto quanto, as DCTF dos quatro trimestres de 2002, tudo constante dos Anexos VI, VII, VIII e IX, e cruzandose os dados com a Planilha "Apuração Saldo Negativo dos Exercícios de 2001, 2002 e 2003" (Anexo X), vêse um acúmulo de R$10.329,26 [...], montante pago por estimativa, e que não era devido, ante "ausência de lucratividade", em referência ao exercício fiscal de 2002. Das planilhas respectivas (Anexo X), vemos que a Recorrente utilizouse do CSLL Saldo Negativo de períodos anteriores (ou R$10.329,26), para compensar através de DCOMP, os valores de R$3.249,72; R$883,98 e R$656,64, respectivamente, do 2º trimestre de 2005. Fl. 404DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901945/200940 Acórdão n.º 1803002.530 S1TE03 Fl. 392 5 No caso em comento, temos que a autoridade glosou a compensação efetuada no 2o trimestre de 2005 (R$4.790,34), justamente, por ausência da respectiva DARF, que provasse o "pagamento indevido ou a maior", quando realmente, a existência do crédito fosse flagrante, e apenas e tão somente, fosse lançado a origem do crédito equivocadamente, quando na verdade, o crédito decorria de "Saldo Negativo – IR CS", referente ao período fiscal de 2002. Evidente, com o cruzamento das informações que possibilitaram a edição das tabelas constantes do Anexo X, que o crédito existe, está em valor correto, e que apenas restou equívoco quando do lançamento da "origem" do crédito, pretendido à compensação. IV. DO DIREITO PLEITEADO DO ERRO DE FATO Conforme cabalmente demonstrado, pelos documentos em anexo, tanto quanto através das planilhas de cálculo apresentadas neste petitório, a Recorrente, embora contribuinte do CSLL e IRPJ com base no lucro real, recolhia os tributos, mensalmente, por estimativa, o que, ao final do balanço, lhe proporcionava saldo negativo, de Imposto de Renda ou Contribuição Social, justamente pelos recolhimentos a maior dos tributos, qual crédito se pretendia utilizar através do instituto da compensação. Como os recolhimentos eram feitos periodicamente, a Recorrente, certa de que cumpre com todas suas obrigações para com o Fisco, apurava o montante devido e efetuava as compensações nos exercício seguintes. Assim, a compensação se verificou com o montante devido no exercício subseqüente com o montante pago a maior no exercício anterior. Ocorre que, sob entendimento contrário, a Autoridade Administrativa desconsiderou a forma com que se as compensações foram feitas, opinando pela inexistência de créditos, de titularidade da Recorrente, passíveis de compensação, glosandoas da Per/DComp. In casu, há de se considerar, todavia, a existência de um erro meramente formal, isto porque a Recorrente recolhia, de boafé, mês a mês, os tributos por estimativa, e o valor recolhido a maior, que inclusive constava da DIPJ anual, fora regularmente compensado. Logo, ainda que aparentemente a decisão da autoridade administrativa, de não homologar as compensações pretendidas e constantes da Per/DComp, sob o fundamento de que não foram apresentadas as DARF correspondentes do "pagamento indevido ou a maior", os recolhimentos estimados configuram meras antecipações do tributo devido, a ser apurado a posteriori; se ocorreu qualquer equívoco, o erro foi meramente formal, portanto passível de alteração ou correção, isto em razão de que a finalidade pretendida pela Recorrente foi diversa daquela ora analisada pelo agente administrativo. Pretendendo a correção do equívoco, operou a contribuinte ora Recorrente à Declaração de Compensação Retificadora (Anexo IV); todavia, não trouxe ao documento, informações complementares, que lhe permitiriam êxito na retificação da Per/DComp. Entretanto, em casos idênticos, a autoridade recorrida procedera à aceitação da retificação, e homologou o crédito, como expresso no item II. Fl. 405DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901945/200940 Acórdão n.º 1803002.530 S1TE03 Fl. 393 6 Pertinente mencionar também, que a pretendida retificação resta autorizada pela Instrução Normativa SRF n° 600, de 28 de dezembro de 2005, que assim dispôs em seus artigos 56, 57, 58 e 59 [...]. No caso, exatamente é o que se verifica do art. 56, parágrafo único. Pretendeu a Recorrente fazer a retificação através de formulário de papel, baseado na entrega da Per/DComp (Anexo IV). Corolário lógico, e em observância ao disposto no art. 58, temos que a Recorrente pretendera à apresentação de Declaração de Compensação Retificadora, por formulário de papel, exatamente por "inexatidões materiais verificadas no preenchimento do referido documento". Justamente, porque como podem observar Vossas Senhorias, aos documentos anexados, que o crédito é existente, fazendose apenas menção errônea à "origem do crédito". Em primeiro lugar, lançara a Recorrente sob título de "pagamento indevido ou a maior"; e, quando da retificação, apontou corretamente a origem creditícia: "Saldo Negativo de IR / Contribuição Social". Ocorreu exatamente a hipótese prevista na IN 600/2005, e artigos supracitados. A Recorrente quis corrigir o equívoco do lançamento da origem do crédito, erro meramente de preenchimento do documento, através da apresentação da declaração retificadora (Anexo IV); todavia, a autoridade sequer a apreciou. Nem se diga que o caso em análise se tratou da hipótese do art. 59, acima transcrito, pois que quando da retificação, através do formulário de papel, não se pretendeu a reconhecimento de crédito em montante superior ao declarado; nem inclusão de novo débito. Ressaltese que a Recorrente somente pretendeu à correção de preenchimento da per/dcomp, através da retificação, no campo próprio, a fazer constar que o crédito era oriundo de "Saldo Negativo / IR / CS", e nada mais. Inegável, portanto, que a compensação, e respectiva retificação, encontramse arraigadas pelo abstrato legislativo aplicável à espécie, ou, IN 600/2005, da SRF. Indeferido novamente o intento compensatório, restou por mantida a glosa do crédito. E, corolário lógico, pendente de pagamento os valores dantes objeto de compensação. Por mais que se vislumbre os atos administrativos como "atividade vinculada", a sua revisão poderá vir a ser concretizada, quando, dentre outros, se verifique a existência de erro meramente formal ou "de fato", até porque o direito da Recorrente quanto ao pedido de restituição dos créditos tributários não pode restar prejudicado, vez que ao créditos existem, como exaustivamente provado. Por sinal, o princípio da razoabilidade exige que no presente caso, a conduta do agente administrativo deve estar norteada pelo bom senso, desprovida de caprichos ou arbítrios, devendo estar atento à finalidade pretendida quando efetuado o pedido de restituição e compensação (Per/DComp), bem como aos valores universalmente vigentes. Por acaso seria razoável a Recorrente ter seu pedido de restituição indeferido apenas em razão de um erro simplesmente formal? A empresa incorreria em inúmeros prejuízos financeiros como multas, impossibilidade de novas compensações, sujeição à execuções fiscais, falta de caixa, etc, podendo, inclusive, ter a regular continuidade de suas atividades prejudicada. Tudo, causado por um erro Fl. 406DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901945/200940 Acórdão n.º 1803002.530 S1TE03 Fl. 394 7 ínfimo quando da elaboração do pedido, e errôneo preenchimento do campo "Origem do Crédito". Todavia, como pessoas altamente capacitadas à fiel consecução das atividades administrativas que são, os agentes fiscais tinham o poder/dever, tendo em vista bom senso e a razoabilidade, interpretar o pedido da Recorrente, como a praxe daqueles realizados, retificando eventuais inexatidões. [...] Como visto o erro de fato não obsta qualquer hipótese de compensação do crédito tributário, isto porque se tem a visão de que a intenção do contribuinte era de realmente atuar nos moldes estabelecido na lei, fazendo com que o crédito tributário seja extinto por expressa autorização legal. No presente caso, fica provada a existência do crédito tributário e a ocorrência de erro formal no preenchimento da per/dcomp, qual inclusive pretendera a Recorrente retificar, ainda que sem sucesso. E plenamente escusável tal erro de fato, devendo inclusive, ter sido de oficio corrido pela autoridade administrativa. [...] Neste ínterim, podese dizer inclusive que acaso a Autoridade Administrativa houvesse cruzado dos dados da Per/DComp, das DCTF, tanto quanto das DIPJ apresentadas, poderia, ex officio, ter procedido à correção do malfadado equívoco; ou alternativamente, solicitado à Recorrente, que prestasse informações, ante a divergência verificada, entre "fatos" e o constante dos documentos fiscais. É certo que diante de todas as alegações já apresentadas não paira dúvida de que, quanto a presente falha, em decorrência do erro humano, no caso em comento, totalmente defeso subverterse a verdadeira natureza fática, ou seja, a finalidade pretendida, e o real direito da contribuinte, ora Recorrente, ainda que, frente ao equívoco, pelo não êxito de retificação daquela, pelos meios disponíveis. Com o objetivo de fundamentar as razões apresentadas na peça de defesa, interpreta a legislação pertinente, indica princípios constitucionais que supostamente foram violados e faz referência a entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em seu favor. Conclui que: Ante o exposto requer que seja recebido o presente recurso e que em seu mérito: a) Seja reconhecido o crédito da Recorrente, determinandose a homologação da compensação constante da Per/DComp e posterior Declaração de Compensação Retificadora, e corolário lógico, declarando esse Colendo Colegiado extinto definitivamente o débito tributário nos termos do artigo 156, inciso II do Código Tributário Nacional; a.1) Ou, alternativamente, seja considerada possível a retificação apresenta (Anexo IV), por estar alterando apenas erro formal (de preenchimento), e que seja determinada a autoridade julgadora a nova análise do processo considerando as alterações introduzidas pelo pedido retificador desta Per/DComp. b) Em não sendo julgado procedente nenhum dos pedidos supra descritos, reconheça a possibilidade de utilização dos créditos de Saldo Negativo do Imposto de Renda e da Contribuição Social em períodos futuros, pelo prazo de 5 (cinco) anos Fl. 407DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901945/200940 Acórdão n.º 1803002.530 S1TE03 Fl. 395 8 da decisão definitiva, ou seja, que durante o processo administrativo ocorra a suspensão da prescrição conforme definido já na majoritária decisão deste órgão. c) Seja possibilitado à contribuinte fazerse representar por seu procurador e advogado, quando da Sessão de Julgamento, para fins de sustentação oral, para tanto, intimandose da data e hora a realizarse. A Recorrente apresenta em 13.03.2009 o Per/DComp retificador em formulário papel utilizandose do crédito relativo ao somatório dos saldos negativo de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), no valor de R$4.790,34, que foi analisado como sendo referente aos anos calendário de 2001, 2002 e 2003 apurado pelo regime de tributação com base no lucro real, para compensação dos débitos ali confessados, fl. 41, tendo em vista a aplicação do princípio da verdade material, nos termos da Informação Fiscal Seort DRF/Cuiabá/MT nº 0254/13, fls. 244245, em cujo teor consta: CSLL – ANOCALENDÁRIO 2001/2002/2003 Proposta de diligência por parte da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande (MS). Foi enviado ao Seort pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande (MS) uma Proposta de Diligência referente a contribuinte Todimo Transportes Ltda, CNPJ 26.792.523/000101. A Proposta de Diligência solicita que a contribuinte seja intimada a definir a que período pertence o saldo negativo que deseja utilizar como crédito e, em seguida, para que o setor competente efetue a análise dos documentos apresentados, pronunciandose sobre a disponibilidade do crédito e a possibilidade de homologação da compensação declarada, levando em conta inclusive a provável existência de outras Dcomps relacionadas. Está registrado como ementa do Acórdão da 2ª TURMA/DRJ/CGE/MS nº 0433.984, de 29.10.2013, fls. 251257: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2004 MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. CONHECIMENTO PARCIAL. Conhecese parcialmente da manifestação de inconformidade no caso de parte das razões não serem pertinentes ao litígio instaurado. PRIMEIRA INSTÂNCIA DE JULGAMENTO. SUSTENTAÇÃO ORAL. IMPOSSIBILIDADE. Não há previsão para sustentação oral por advogado do contribuinte na sessão de julgamento administrativo em primeira instância. DCOMP. DUPLICIDADE. Tendo havido duplicidade quanto aos créditos declarados em DCOMP’s, não se reconhece aquele da declaração apresentada posteriormente ao reconhecimento do informado na primeira. Fl. 408DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901945/200940 Acórdão n.º 1803002.530 S1TE03 Fl. 396 9 Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Notificada em 26.12.2013, fl. 267, Recorrente apresentou o recurso voluntário em 22.01.2014, fls. 269289, esclarecendo a peça atende aos pressupostos de admissibilidade. Discorre sobre o procedimento fiscal contra o qual se insurge. Acrescenta que: II. DO DIREITO II.I DA CONTEXTUALIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DA RECORRENTE Antes de passar à análise do mérito, é preciso repisar que a Recorrente solicitou equivocadamente o ressarcimento/compensação de diversos créditos a título de pagamento indevido ou a maior, quando na verdade o crédito decorreu de saldo negativo de CSLL. Nestes casos, a jurisprudência administrativa reconhece o erro do contribuinte e admite a retificação da declaração equivocadamente transmitida. Aliás, importante destacar, a título de exemplo, que foi dada à Recorrente essa faculdade em diversos procedimentos. Vale dizer, a possibilidade de indicação substitutiva de crédito de saldo negativo foi conferida nos processos administrativos fiscais nº 10183.901235/2009 10, nº 10183.901945/200940, nº 10183.901716/200844, nº 10183.901919/200831, nº 10183.901235/200910, nº 10183.900996/200610, nº 10183.900995/200667, nº 10183.901918/200896, nº 10183.901919/200831 entre outros, todos estes envolvendo a Recorrente. [...] Cumpre alertar que o procedimento de retificação que vem sendo facultado á Recorrente, invariavelmente, conduziria a desencontros de informações. É o que ocorreu no presente caso, sobretudo em razão do vasto período de tempo que tal medida se prolongando. No caso em tela, a primeira Per/DComp foi apresentada em 2005 e a primeira decisão somente veio a ser proferida em 2009 (quatro anos após). Neste momento, em dezembro de 2014, ainda se pretende esclarecer uma situação que ocorrera há quase 10 anos. Também não se pode negar que as homologações supervenientes, vale dizer, os acórdãos da DRJ e do CARF que determinam o reconhecimento do crédito, abrindo a oportunidade de a Recorrente indicar o correto período do saldo negativo, pode ter causado uma defasagem nos bancos de dados da Receita Federal, que passaram a ficar desatualizados em face das decisões recentes. No caso em tela, há evidente desencontro de informações, aliado à desatualização dos bancos de dados da Receita Federal por força das decisões emanadas pela DRJ e pelo CARF, consoante se passará a demonstrar adiante, para ao final requerer o que segue. II.II. DO ERRO MATERIAL PROVA INEQUÍVOCA DAS ALEGAÇÕES DA RECORRENTE Apenas por cautela, cumpre verberar que não há dúvida que a Recorrente efetivamente pagou, guiada pela boafé, mensalmente, os tributos por estimativa, Fl. 409DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901945/200940 Acórdão n.º 1803002.530 S1TE03 Fl. 397 10 fazendoos constar na DIPJ anual. Logo, se ocorreu qualquer equívoco quando do pedido de ressarcimento/compensação, tratase de erro meramente formal, passível de alteração ou correção. Notese que está absolutamente comprovado nos autos que a intenção da Recorrente ao apresentar a Per/DComp nº 32580.79880.280905.1.3.040057 foi diversa daquela que efetivamente se fez constar no aludido documento. Para desfazer o equívoco, foi apresentada declaração retificadora (anexo IV da petição de fls. 41/43). Pertinente recordar que a pretendida retificação era admitida pela Instrução Normativa SRF n° 600/2005, nos termos dos arts. 56, 57, 58 e 59 [...]. No caso, é exatamente o que se verifica do art. 56, parágrafo único. Pretendeu a Recorrente fazer a retificação através de formulário de papel, baseado na entrega da Per/DComp (Anexo IV da petição de fls. 41/435). Corolário lógico, e em observância ao disposto no art. 58, temos que a Recorrente pretendera à apresentação de Declaração de Compensação Retificadora, por formulário de papel, exatamente por "inexatidões materiais verificadas no preenchimento do referido documento". Logo, o crédito existe, como podem observar Vossas Senhorias por meio dos documentos anexados à primeira defesa dos autos, sendo equivocada apenas a menção à sua origem. Ocorreu exatamente a hipótese prevista na IN 600/2005, e artigos supracitados. A Recorrente pretendeu corrigir o equívoco do lançamento da origem do crédito, erro meramente de preenchimento do documento, através da apresentação da declaração retificadora (Anexo IV da petição de fls. 41/43). Ressaltese que a Recorrente somente pretendeu à correção de preenchimento da per/dcomp, através da retificação, no campo próprio, a fazer constar que o crédito era oriundo de "Saldo Negativo / IR / CS". Nada mais! [...] Inegável, portanto, que a compensação, e respectiva retificação, encontramse arraigadas pelo diploma legislativo aplicável à espécie: IN 600/2005, da SRF. Em tempo, devese prestigiar o princípio da razoabilidade, segundo o qual o agente administrativo deve guiarse pelo bom senso, desviandose de entendimentos caprichos ou arbitrários. E mais, deve estar atento à finalidade pretendida quando efetuado o pedido de restituição e compensação (Per/DComp), bem como aos valores universalmente vigentes. Cumpre questionar: seria razoável a não homologação do pedido em questão em razão apenas de simples erro simplesmente formal? Se a resposta for positiva, a empresa incorreria em inúmeros prejuízos financeiros como multas, impossibilidade de novas compensação, sujeição a execuções fiscais, falta de caixa, etc, podendo, inclusive, ter a regular continuidade de suas atividades prejudicada. Tudo em razão de um erro ínfimo e errôneo quando da elaboração do pedido, especificamente no campo "Origem do Crédito". Todavia, como pessoas altamente capacitadas à fiel consecução das atividades administrativas que são, os agentes fiscais têm o poder/dever, em razão da margem de interpretação fornecida pelo princípio da razoabilidade, de interpretar o pedido da Recorrente, como a praxe daqueles realizados, retificando eventuais inexatidões. [...] Fl. 410DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901945/200940 Acórdão n.º 1803002.530 S1TE03 Fl. 398 11 Isto posto, pugnase sejam consideradas os dispositivos legais, doutrinas e jurisprudências supra, bem como o que mais consta na petição de fls. 06/22 e anexos. II.III. DA AUSÊNCIA DE DUPLICIDADE DE PEDIDO DE COMPENSAÇÃO DO SALDO NEGATIVO DE 2001 Comprovada a possibilidade de retificação da declaração originária, especialmente nos casos em que se verifica erro formal do contribuinte, aliado à sua mais absoluta boafé, cumpre demonstrar, doravante, que a análise levada à efeito pelo AFRFB na Informação Fiscal de fls. 244 está equivocada, data venia. Segundo afirmou a DRJ (fls. 253/257), com base nas informações colhidas em diligência (fls. 244), o crédito de saldo negativo apontado pela Recorrente na peça de fls. 303 teria sido consumido em razão da apresentação dos Per/DComp nº 043848157 e nº 330830207 (fls. 244). Ocorre que a afirmação está equivocada, uma vez que o Per/DComp nº. 043848157 foi homologado parcialmente. Vale dizer, uma parcela do crédito indicado na indigitada compensação não foi utilizado, tendo em vista que teria sido consumido pela decadência, observese (anexo II): Valor não Utilizado no Prazo Legal O valor do saldo negativo que não foi objeto de declarações de compensação ou pedido de restituição transmitido no prazo estabelecido no art. [168] do Código tributário Nacional (CTN) foi considerado valor não passível de restituição ou compensação, por não ter sido utilizado no prazo legal [...] O Despacho Decisório supratranscrito foi proferido na data de 22/01/2010. Assim, a Recorrente tinha plena ciência de que R$5.123,31 do seu saldo negativo não havia sido utilizado no Per/DComp nº 043848157, pois na data de transmissão deste havia sido parcialmente consumido pela prescrição (05/10/2006). Ocorre que a Recorrente, ao ser intimada nestes autos para indicar saldo negativo substitutivo ao equivocado "pagamento indevido ou a maior", resolveu indicar exatamente a parcela de R$5.213,31. [...] Para fins de utilização no Per/DComp nº 043848157 transmitido em 05/10/2006, efetivamente há prescrição. Todavia, não há prescrição para fins de utilização no Per/Dcomp nº 32580.79880.280905.1.3.040057, pois a sua transmissão ocorrera em 29/09/2005, ou seja, dentro do prazo prescricional para utilização do saldo negativo de 2001 e 2002. Portanto, fica claro que a informação constante na diligência de fl. 244 está equivocada, pois muito embora conste no sistema da Receita Federal que o saldo negativo de 2001 e 2002 fora consumido integralmente pelos Per/DComp nº 04384 8157 e n. 330830207, a verdade é que parcela do crédito não foi consumido, por força da prescrição. Importante ter em mente que a não homologação de parcela do saldo negativo indicado no Per/DComp nº 043848157 (transmitido em 05/10/2006), ocorreu da prescrição dos créditos, e não de sua inexistência. De outro lado, é importante destacar também que a data que determina a interrupção da prescrição para fins de ressarcimento/compensação de créditos/ débitos é o dia da transmissão do pedido de ressarcimento/compensação. Fl. 411DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901945/200940 Acórdão n.º 1803002.530 S1TE03 Fl. 399 12 Ou seja, em sendo deferia a possibilidade de substituir o equivocado "pagamento indevido ou a maior" constante no Per/DComp nº 32580.79880.280905.1.3.040057 transmitido em 29/09/2005, a Recorrente poderia fazêlo com qualquer crédito disponível nos últimos 5 anos. Por isso, indicou o valor não utilizado no Per/DComp nº 043848157 (transmitido em 05/10/2006), pois tratavase de saldo negativo de 2001. Cumpre alertar que é irrelevante da indigitada substituição ter ocorrido por meio da petição de fls. 06/22 na data de 04/05/2009, uma vez que, como dito, considerase homologado o pedido de ressarcimento e a declaração de compensação na data em que o correspondente documento foi transmitido. Notese que a IN SRF nº 460/04 (vigente à época dos fatos) determinava que os créditos seriam atualizados até a data da entrega da Declaração de Compensação [...]. Observese que transcorreram cerca de 4 (quatro) anos entre a data de transmissão do Per/Dcomp nº 32580.79880.280905.1.3.040057 (28/09/2005) e a data do primeiro despacho decisório (18/02/2009). Logo, a Recorrente não pode ser penalizada pela demora em apreciar o indigitado Per/DComp. Evidentemente, fosse mais célere o procedimento adotado pela Receita Federal do Brasil, a Recorrente poderia ter tempestivamente feito a "indicação substitutiva" do "pagamento indevido ou a maior" pelo "saldo negativo" que efetivamente possui. Portanto, estão errados o acórdão da DRJ (fl. 251) e a informação do AFRFB (fls. 244), uma vez que existe saldo negativo de 2001 e 2002 não utilizado no Per/DComp nº 043848157. Dessa forma, pugnase seja anulada a decisão da DRJ e determinada a homologação do saldo negativo de CSLL de 2001 e 2002 não utilizados no Per/DComp nº 043848157, por ser medida de Justiça! II.IV. DA AUSÊNCIA DE DUPLICIDADE DE PEDIDO DE COMPENSAÇÃO DO SALDO NEGATIVO DE 2003 Comprovada a possibilidade de retificação da declaração originária, especialmente nos casos em que se verifica erro formal do contribuinte, aliado à sua mais absoluta boafé, cumpre demonstrar, doravante, que a análise levada à efeito pelo AFRFB na Informação Fiscal de fls. 244 está equivocada, data venia. Segundo afirmou a DRJ (fls. 251 e ss), com base nas informações colhidas em diligência (fls. 244), o crédito de saldo negativo apontado pela recorrente na peça de fls. 197 teria sido consumido em razão da apresentação dos Per/DComp nº 04384 8157, nº 330830207 e nº 241795748. Ocorre que a afirmação está equivocada, uma vez que o Per/DComp nº 241795748 foi homologado parcialmente. Vale dizer, uma parcela considerável do crédito indicado na indigitada compensação (R$9.902,93) não foi utilizada, tendo em vista que ainda se encontra pendente de homologação. Nesse sentido, importante elucidar que a referida Per/DComp nº nº 24179 5748 tratou de indicar um crédito que então configurava o montante de R$12.699,42 [...], dos quais apenas R$2.796.49 [...] foram homologados, posto que adimplidos por meio de DARF's, conforme demonstra o campo "Pagamentos Confirmados" do extrato da Receita Federal do Brasil (Anexo III). Fl. 412DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901945/200940 Acórdão n.º 1803002.530 S1TE03 Fl. 400 13 Por outro lado, consoante também se nota em mesmo extrato da RFB (Anexo III), houve uma "sobra" de crédito correspondente à soma de R$9.902,93 [...], os quais se encontram como "compensação não confirmada". Nesse ponto, importante salientar que tal "não confirmação" se deve ao fato de todas as DCOMP's integrantes da Per/DComp nº 241795748 quais sejam as de nºs 39177.46538.150803.1.3.043542, 18805.52419.231003.1.3.047186 e 39185.03405.110204.1.3.041030 encontraremse pendentes de homologação exatamente pelo mesmo impasse descrito anteriormente, ou seja, de mero erro formal quando do seu preenchimento. Relevante sublinhar, ainda, que a Recorrente já se valeu de ações administrativas para o reconhecimento desses créditos, as quais se encontram hodiernamente pendentes de resolução, conforme se comprova dos extratos do sistema COMPROT em anexo IV, demonstrando, inclusive, que se tratam de processos administrativos versando sobre "pagamento a maior ou indevido". Observese, ainda, que o valor pendente de homologação na Per/DComp de nº 241795748 (R$9.902,93) configura soma muito superior ao valor do débito carente de pagamento naquela Per/DComp, consistente em R$587,17 [...]. Com efeito, se considerarmos os valores referidos acima, teremos que a homologação dos créditos apresentados e ainda pendentes de confirmação seria suficiente ao adimplemento de todo o valor ainda devido e ainda acarretaria uma "sobra" de R$9.315,76 (nove mil trezentos e quinze reais e setenta e seis centavos). Valor esse que, inclusive, se mostra plenamente capaz de adimplir, com folga, os débitos alvos da Per/DComp nº 32580.79880.280905.1.3.040057, correspondentes a R$4.790,34 [...]. Portanto, estão equivocados o acórdão da DRJ (fls. 251) e a informação do AFRFB (fls. 244), uma vez que existe saldo negativo de 2003 não utilizado no Per/DComp nº 241795748. Dessa forma, pugnase seja anulada a decisão da DRJ e determinada a suspensão do presente processo administrativo fiscal, até que os valores ainda carentes de homologação referentes à Per/DComp nº 241795748 encontrem sua resolução, por ser medida de Justiça! II.V. SUBSIDIARIAMENTE DO NOVO PERÍODO DE SALDO NEGATIVO Conforme dito, a possibilidade de substituir o crédito inexiste pelo saldo negativo da Recorrente decorre da constatação de evidente erro e da absoluta boafé da Recorrente. Em todos os casos idênticos ao presente que envolveram a Recorrente, foram indicados créditos apurados nos cinco anos que precedem a data da transmissão do Per/DComp original, e não da data da indicação substitutiva (no caso presente, 21/06/2013 fls. 197 e ss). Até porque, acaso se considerasse a data do da indicação substitutiva, haveria evidente contrassenso, pois ficaria registrado nos sistemas da Receita Federal que a Recorrente apresentou um pedido de compensação em 21/0/2013, para compensar débitos de 2005 com créditos de 2001. Não faz sentido! Por isso se defende que é preciso tomar a data da transmissão do Per/DComp original como referência para verificar a efetiva prescrição do crédito (saldo negativo). Fl. 413DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901945/200940 Acórdão n.º 1803002.530 S1TE03 Fl. 401 14 De toda forma, seguindo a mesma conduta que a Recorrente adotou em todos, absolutamente todos, os procedimentos idênticos ao presente, apontase, ad cautelam, novo crédito jamais utilizado e dentro do período prescricional que antecede a transmissão do Per/DComp nº 32580.79880.280905.1.3.040057, a saber: Período do Saldo Negativo Tributo Valor Original AnoCalendário 2004 CSLL R$15.478,57 Assim, pugnase pela juntada da DIPJ 2005, onde constam todos os pagamentos e demonstrações que tornam induvidoso o saldo negativo de CSLL apurado anocalendário de 2004. Reiterando o que já foi dito na petição de fls. 06 a 22, bem como no item II.I. (supra), tratase de mero erro formal, que não impede a retificação, sobretudo quando fica evidente que a contribuinte agiu de boafé, entregando todos os seus documentos fiscais que comprovam a existência do débito e que comprovam, também, que a informação constante na Per/DComp nº 32580.79880.280905.1.3.04 0057 está em descompasso com a realidade. II.VI. DA DILIGÊNCIA Caso Vossas Senhorias entendam pela necessidade de maiores documentos e esclarecimentos, seja quanto ao saldo negativo de 2000, 2001 ou 2002, pugnase seja convertido o julgamento em diligência para que a Recorrente possa comprovar derradeiramente a higidez de seu crédito (art. 18, Dec. nº 70.235/72). Com o objetivo de fundamentar as razões apresentadas na peça de defesa, interpreta a legislação pertinente, indica princípios constitucionais que supostamente foram violados e faz referência a entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em seu favor. Conclui que: Ante ao exposto, pugnase seja conhecido o presente recurso voluntário e julgado totalmente procedente os pedidos, para o especial fim de: (i) RECONHECER a não ocorrência de prescrição em relação aos créditos apresentados, referentes à Per/DComp nº 04384.88920.051006.1.3.038157, nos termos do item II.III. (ii) DETERMINAR a suspensão do presente processo administrativo, a fim de aguardar o desfecho das DCOMP's integrantes do Per/DComp nº 24179.53981.251108.1.7.035748, que pendentes de homologação, para, após, determinar a compensação requerida nestes autos, conforme item II.IV; (iii) SUBDSIDIARIAMENTE, determinar a utilização do saldo negativo de CSLL de 2005 no Per/DComp nº 32580.79880.280905.1.3.040057; (iv) CONVERTER o julgamento em diligência, acaso entendam necessário, para que a recorrente possa apresentar mais documentos e informações, à semelhança do que ocorreu em diversos outros processos idênticos. Protestase, desde já, pela juntada de novos documentos que porventura se façam necessários, motivo pelo qual a Recorrente colocase à inteira disposição das autoridades fiscais. Fl. 414DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901945/200940 Acórdão n.º 1803002.530 S1TE03 Fl. 402 15 Toda numeração de folhas indicada nessa decisão se refere à paginação eletrônica dos autos em sua forma digital ou digitalizada. É o Relatório. Voto Conselheira Carmen Ferreira Saraiva, Relatora O recurso voluntário apresentado pela Recorrente atende aos requisitos de admissibilidade previstos nas normas de regência, em especial no Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Assim, dele tomo conhecimento, inclusive para os efeitos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional (§ 11 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996). A Recorrente suscita que o Per/DComp retificador deve ser deferido, já que remanescem valores a serem reconhecidos a título de somatório dos saldos negativos de CSLL dos anoscalendário de 2001, 2002 e 2003. O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição, pode utilizálo na compensação de débitos. A partir de 01.10.2002, a compensação somente pode ser efetivada por meio de declaração e com créditos e débitos próprios, que ficam extintos sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Também os pedidos pendentes de apreciação foram equiparados a declaração de compensação, retroagindo à data do protocolo. Assim até 30.09.2002 a compensação entre tributos da mesma espécie poderia ser tão somente registrada nos assentos contábeis do sujeito passivo, que não apurados em procedimento de ofício, independentemente de requerimento (art. 14 da Instrução Normativa SRF nº 21, de 10 de março de 1997). Posteriormente, ou seja, em de 30.12.2003, ficou estabelecido que a Per/DComp constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados, bem como que o prazo para homologação tácita da compensação declarada é de cinco anos, contados da data da sua entrega. Ademais, o procedimento se submete ao rito do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, inclusive para os efeitos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional. 1. A Per/DComp é modo de constituição do crédito tributário e de confissão de dívida, bem como instrumento hábil e suficiente para inscrição em Dívida Ativa da União dispensando, para isso, o lançamento de ofício234. Este é o entendimento constante na decisão definitiva de mérito proferida pelo 1 Fundamentação legal: art. 165, art. 168, art. 170 e art. 170A do Códido Tributário Nacional, art. 9º do Decreto Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, 1º e art. 2º, art. 51 e art. 74 da Lei nº 9.430, de 26 de dezembro de 1996, art. 49 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002 e art. 17 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. 2 Fundamentação Legal: DecretoLei nº 2.124, de 13 de junho de 1984 e Portaria do MF nº 118, de 28 de junho de 1984. 3 BRASIL. Câmara Superior de Recursos Fiscais. Acórdão nº 40201967. Conselheiro Relator: Henrique Pinheiro Torres, Segunda Turma, Brasília, DF, 4 de julho de 2005. Disponível em: <http://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br:camara.superior.recursos.fiscais;turma.1:acordao:200507 04;40201967> Acesso em: 09 mar. 2012. Fl. 415DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901945/200940 Acórdão n.º 1803002.530 S1TE03 Fl. 403 16 Superior Tribunal de Justiça (STJ) no Recurso Especial Repetitivo nº 1101728/SP 5, cujo trânsito em julgado ocorreu em 29.04.2009 e que deve ser reproduzido pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF6. O pressuposto é de que a pessoa jurídica deve manter os registros de todos os ganhos e rendimentos, qualquer que seja a denominação que lhes seja dada independentemente da natureza, da espécie ou da existência de título ou contrato escrito, bastando que decorram de ato ou negócio. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor dela dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais7. Instaurada a fase litigiosa do procedimento, cabe à Recorrente detalhar os motivos de fato e de direito em que se basear expondo de forma minuciosa os pontos de discordância e suas razões e instruindo a peça de defesa com prova documental préconstituída imprescindível à comprovação das matérias suscitadas. Por seu turno, a autoridade julgadora, orientandose pelo princípio da verdade material na apreciação da prova, deve formar livremente sua convicção mediante a persuasão racional decidindo com base nos elementos existentes no processo e nos meios de prova em direito admitidos. Para que haja o reconhecimento do direito creditório é necessário um cuidadoso exame do pagamento a maior de tributo, uma vez que é absolutamente essencial verificar a precisão dos dados informados em todos os livros de escrituração obrigatórios por legislação fiscal específica bem como os documentos e demais papéis que serviram de base para escrituração comercial e fiscal. A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado auferido nas operações de conta alheia. A receita líquida de vendas e serviços é a receita bruta excluídos, via de regra, as vendas canceladas, os descontos concedidos incondicionalmente e os impostos incidentes sobre vendas. Excepcionalmente a legislação prevê taxativamente as hipóteses em que a pessoa jurídica pode deduzir outras parcelas da receita bruta. O lucro bruto é o resultado da atividade de venda de bens ou serviços que constitua seu objeto e corresponde à diferença entre a receita líquida das vendas e serviços e o custo dos bens e serviços vendidos. O lucro operacional é o lucro bruto excluídos os custos e as despesas operacionais necessárias, usuais e normais à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora incorridas para a realização operações exigidas pela sua atividade 4 Fundamentação legal: Instrução Normativa SRF nº 126, de 30 de outubro de 1998, Instrução Normativa SRF nº 255 de 11 de dezembro de 2002, Instrução Normativa SRF nº 482, de 21 de dezembro de 2004, Instrução Normativa SRF nº 583, de 20 de dezembro de 2005, Instrução Normativa SRF nº 695, de 14 de dezembro de 2006, Instrução Normativa RFB nº 786, de 19 de novembro de 2007, Instrução Normativa RFB nº 903, de 30 de dezembro de 2008, A Instrução Normativa RFB nº 974, de 27 de novembro de 2009 e Instrução Normativa RFB nº 1.110, de 24 de dezembro de 2010. 5 BRASIL.Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial Repetitivo nº 1101728/SP. Ministro Relator:Teori Albino Lawascki, Primeira Seção, Brasília, DF, 11 de março de 2009. Disponível em: <https://ww2.stj.jus.br/processo/jsp/revista/abreDocumento.jsp?componente=ITA&sequencial=864597&num_reg istro=200802440246&data=20090323&formato=PDF>. Acesso em: 06 mar.2012. 6 Fundamentação legal: art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF. 7 Fundamentação legal : art. 195 do Código Tributário Nacional, art. 51 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985, art. 6º e art. 9º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, art. 37 da Lei nº 8.981, de 20 de novembro de 1995, art. 6º e art. 24 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995 e art. 1º e art. 2º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Fl. 416DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901945/200940 Acórdão n.º 1803002.530 S1TE03 Fl. 404 17 econômica apropriadas simultaneamente às receitas que gerarem, em conformidade com o regime de competência e com o princípio da independência dos exercícios. O lucro líquido é a soma algébrica do lucro operacional, dos resultados não operacionais e das participações e deve ser determinado com observância dos preceitos da lei comercial8. A pessoa jurídica que optar pelo pagamento da CSLL pelo regime de tributação com base no lucro real anual deverá apurar o lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões legais em 31 de dezembro de cada ano. A pessoa jurídica pode deduzir da CSLL devida o tributo pago ou retido na fonte, incidente sobre receitas computadas na determinação do lucro real, bem como a CSLL determinada sobre a base de cálculo estimada no caso utilização do regime com base no lucro real anual, para efeito de determinação do saldo de CSLL a pagar ou a ser compensado no encerramento do anocalendário, ocasião em que se verifica a sua liquidez e certeza9. Ainda sobre o Per/DComp, a Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, determina que cabe a RFB disciplinar a matéria. No exercício da competência regulamentar, foi editada Instrução Normativa SRF nº 600, de 28 de dezembro de 2005, que fixava que o Per/DComp somente pode ser retificado pelo sujeito passivo caso se encontre pendente de decisão administrativa à data do envio do documento retificador. Adotando basicamente os mesmos critérios a respeito da retificação do Per/DComp, atualmente a matéria está prevista a Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 20 de novembro de 2012. Feitas essas considerações normativas, tem cabimento a análise da situação fática tendo em vista os documentos já analisados pela autoridade de primeira instância de julgamento e aqueles produzidos em sede de recurso voluntário. No sistema eprocesso, analisando os processos da Recorrente temse que: 10183.900996/200610 crédito referente ao pagamento a maior de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), código 2484, no valor de R$3.643,06 recolhido em 31.11.2003 (Per/DComp nº 1885.52419.231003.1.3.04.7186), que se encontra pendente de julgamento do recurso especial da PGFN; 10183.900449/200979 crédito referente ao pagamento a maior de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), código 2484, no valor de R$40.042,82 recolhido em 31.12.2003 (Per/DComp nº 07509.75145.220205.1.3.046014), que se encontra em julgamento na segunda instância; 10183.901919/200831 crédito referente ao pagamento a maior de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), código 2484, no valor de R$41.375,66 recolhido em 30.06.2004 (Per/DComp nº 24816.23979.121104.1.3.045656), que se encontra pendente de julgamento em segunda instância; 8 Fundamentação legal : art. 195 do Código Tributário Nacional, art. 51 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985, art. 6º e art. 9º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, art. 37 da Lei nº 8.981, de 20 de novembro de 1995, art. 6º e art. 24 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995 e art. 1º e art. 2º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. 9 Fundamentação legal: art. 170 do Código Tributário Nacional, art. 34 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995 e art. 2º da Lei nº 9.430, 27 de dezembro de 1996. Fl. 417DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901945/200940 Acórdão n.º 1803002.530 S1TE03 Fl. 405 18 10183.901945/200940 crédito referente ao pagamento a maior de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), código 2484, no valor de R$55.234,96 recolhido em 31.12.2004 (Per/DComp nº 32580.79880.280905.1.3.040057), que se encontra em julgamento na segunda instância; 10183.900995/200667 crédito referente ao pagamento a maior de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), código 5993, no valor de R$4.236,17 recolhido em 30.10.2003 (Per/DComp nº 27936.86557.231003.1.3.045500), que se encontra no arquivo único; 10183.901716/200844 crédito referente ao pagamento a maior de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), código 5993, no valor de R$42.812,71 recolhido em 31.12.2003 (Per/DComp nº 17527.69428.110804.1.3.048220), que se encontra pendente de julgamento em segunda instância; 10183.901918/200896 crédito referente ao pagamento a maior de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), código 5993, no valor de R$32.114,15 recolhido em 30.06.2004 (Per/DComp nº 02361.09942.121104.1.3.045347), que se encontra pendente de julgamento em segunda instância; 10183.901235/200910 – crédito referente ao pagamento a maior de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), código 5993, no valor de R$51.853,25 recolhido em 31.12.2004 (Per/DComp nº 28810.65163.280905.1.3.048357), que se encontra em julgamento na segunda instância. A Recorrente procura demonstrar que o crédito utilizado era em verdade relativo aos saldo negativo de CSLL dos anoscalendário de 2001, 2002 e 2003 nos valores respectivos de R$19.346,77, R$10.329,28 e R$12.699,49 e para tanto apresenta o Per/DComp retificador em formulário em 13.03.2009 com essas informações, fls. 4143. Houve realização de diligência em sede de primeira instância de julgamento cujas informações fiscais constam às fls. 244245, da qual a Recorrente foi validamente cientificada, fl. 247: Foi enviado ao Seort pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande (MS) uma Proposta de Diligência referente a contribuinte Todimo Transportes Ltda, CNPJ 26.792.523/000101. A Proposta de Diligência solicita que a contribuinte seja intimada a definir a que período pertence o saldo negativo que deseja utilizar como crédito e, em seguida, para que o setor competente efetue a análise dos documentos apresentados, pronunciandose sobre a disponibilidade do crédito e a possibilidade de homologação da compensação declarada, levando em conta inclusive a provável existência de outras Dcomp’s relacionadas. Feita a intimação (fl. 196), a interessada manifestouse (fls. 197 a 199) informando os seguintes períodos para utilização do crédito de Saldo Negativo de CSLL: AnoCalendário Valor Original 2001 R$19.364,77 2002 R$10.329,26 Fl. 418DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901945/200940 Acórdão n.º 1803002.530 S1TE03 Fl. 406 19 2003 R$12.699,49 TOTAL R$42.393,52 Em consulta aos sistemas fazendários, constatouse que já existem Dcomp’s analisadas (fls. 201 a 243) para os mesmos períodos objetos do pedido, referente a Crédito de Saldo Negativo de CSLL; segue tabela: AnoCalendário Per/DComp Valor do Saldo Negativo Valor RDC Data do Despacho Decisório 2001 04384.88920.051006.1.3.038157 19.364,77 19.364,77 22/01/2010 2002 33083.45941.050407.1.3.030207 10.329,26 10.329,26 08/07/2010 2002 24179.53981.251108.1.7.035748 12.699,42 2.796,49 04/07/2013 Deste modo, pronunciandose sobre a disponibilidade do crédito e a possibilidade de homologação da compensação declarada, verificase a duplicidade do pedido, não subsistindo crédito algum informado no Per/DComp nº 32580.79880.280905.1.3.040057, tampouco em sua retificação, realizada por meio de formulário (fls. 41 a 43). Tendo sido atendida a solicitação de diligência proposta pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande (MS) e prestados os esclarecimentos a respeito do saldo negativo de CSLL, proponho o retorno do presente processo à referida DRJ. A Recorrente reitera em várias oportunidades na peça recursal que o direito creditório referese somatório dos saldos negativos de CSLL dos anoscalendário de 2001, 2002 e 2003 e procura minuciosamente demonstrar a sua liquidez e certeza. A decisão de primeira instância de julgamento acatou a retificação do Per/DComp, tendo em vista a observância do princípio da verdade material. Na diligência restou evidenciado que os referidos saldos negativos de CSLL dos anoscalendário de 2001, 2002 e 2003 foram utilizados nos Per/DComp nºs 04384.88920.051006.1.3.038157, 33083.45941.050407.1.3.030207 e 24179.53981.251108.1.7.035748. Analisando as informações constantes nos Per/DComp que foram objeto da Informação Fiscal Seort DRF/Cuiabá/MT e da decisão de primeira instância de julgamento temse que: (a) o de nº 04384.88920.051006.1.3.038157, fls. 201212: tipo de documento : declaração de compensação; valor do saldo negativo do ano calendário de 2001 R$19.364,77; total de crédito original utilizado nesta DComp R$11.603,25; saldo do crédito original R$7.761,52; (b) o de nº 33083.45941.050407.1.3.030207 , fls. 213229: Fl. 419DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901945/200940 Acórdão n.º 1803002.530 S1TE03 Fl. 407 20 tipo de documento : declaração de compensação; valor do saldo negativo do ano calendário de 2002 R$10.329,26; total de crédito original utilizado nesta DComp R$9.625,16; saldo do crédito original R$704,10; (c) o de nº 24179.53981.251108.1.7.035748, fls. 230237: tipo de documento : declaração de compensação; valor do saldo negativo do ano calendário de 2003 R$12.699,42; total de crédito original utilizado nesta DComp R$2.674,20; saldo do crédito original R$10.025,22. O Pedido de Restituição tem natureza distinta da Declaração de Compensação, conforme as normas de regência distinguem e que está refletido no sistema interno da RFB próprio para transmissão do Per/DComp. No preenchimento do Per/DComp o sujeito passivo deve indicar o tipo de documento, se Pedido de Restituição ou se Declaração de Compensação. No Pedido de Restituição o direito creditório pleiteado e devidamente reconhecido se não utilizado em sua totalidade para compensação dos débitos indicados nas DComp em uma oportunidade, fica resguardado o direito do sujeito passivo de utilização posterior do saldo porventura remanescente em outras DComp apresentadas posteriormente, caso em afastase o aspecto temporal, nos termos da Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 20 de novembro de 2012 que foi editada no exercício da competência prevista no § 14 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996: Art. 41. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive o crédito decorrente de decisão judicial transitada em julgado, relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos administrados pela RFB, ressalvadas as contribuições previdenciárias, cujo procedimento está previsto nos arts. 56 a 60, e as contribuições recolhidas para outras entidades ou fundos. § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada pelo sujeito passivo mediante apresentação à RFB da Declaração de Compensação gerada a partir do programa PER/DCOMP ou, na impossibilidade de sua utilização, mediante a apresentação à RFB do formulário Declaração de Compensação constante do Anexo VII a esta Instrução Normativa, ao qual deverão ser anexados documentos comprobatórios do direito creditório. § 2º A compensação declarada à RFB extingue o crédito tributário, sob condição resolutória da ulterior homologação do procedimento. [...] Fl. 420DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901945/200940 Acórdão n.º 1803002.530 S1TE03 Fl. 408 21 § 4º A Declaração de Compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. [...] § 7º Os débitos do sujeito passivo serão compensados na ordem por ele indicada na Declaração de Compensação. § 8º A compensação de crédito relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição ou de ressarcimento, será efetuada pelo sujeito passivo mediante a apresentação da Declaração de Compensação [...] § 10. O sujeito passivo poderá apresentar Declaração de Compensação que tenha por objeto crédito apurado ou decorrente de pagamento efetuado há mais de 5 (cinco) anos, desde que referido crédito tenha sido objeto de pedido de restituição ou de ressarcimento apresentado à RFB antes do transcurso do referido prazo e, ainda, que sejam satisfeitas as condições previstas no § 5º. No caso em que o sujeito passivo apresenta tão somente a DComp e o crédito efetivamente utilizado restringirseá ao valor total dos débitos ali confessados. A natureza do direto creditório ali discriminado, não sendo absorvido integralmente pelos débitos, a legislação resguarda o direito de o sujeito passivo utilizar o saldo do crédito original para que o utilize em outra DComp, desde que observadas as condições legais, entre elas o aspecto temporal. A Recorrente fez prova de que houve equívoco na Informação Fiscal Seort DRF/Cuiabá/MT e na decisão de primeira instância, porque não se tratam de Pedidos de Restituição e sim de Declarações de Compensação. A Recorrente apresentou Declarações de Compensação em outro procedimento como está registrado na Informação Fiscal Seort DRF/Cuiabá/MT e na decisão de primeira instância nos seguintes montantes: valor do saldo negativo do ano calendário de 2001 R$19.364,77; valor do saldo negativo do ano calendário de 2002 R$10.329,26; e valor do saldo negativo do ano calendário de 2003 R$12.699,42. Nas DComp analisadas em outro procedimento remanescem saldos de créditos, conforme expresso nos próprios documentos, que observadas as condições legais, podem ser analisados nos presentes autos: saldo do crédito original do anocalendário de 2001 R$7.761,52; saldo do crédito original do anocalendário de 2002 R$704,10; e saldo do crédito original do ano calendário de 2003 R$10.025,22. A Recorrente apresenta em 13.03.2009 o Per/DComp retificador em formulário papel utilizandose do crédito relativo ao somatório dos saldos negativo de Fl. 421DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901945/200940 Acórdão n.º 1803002.530 S1TE03 Fl. 409 22 Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), no valor de R$4.790,34, que foi analisado como sendo referente aos anoscalendário de 2001, 2002 e 2003 apurado pelo regime de tributação com base no lucro real, para compensação dos débitos ali confessados, fl. 41, tendo em vista a aplicação do princípio da verdade material. Desse modo, a liquidez e a certeza da existência do direito creditório relativo aos saldos negativos de CSLL dos anoscalendário de 2001, 2002 e 2003 supostamente remanescentes foram evidenciados nos autos para fins de compensação dos débitos confessados, mesmo porque não foram objeto de avaliação em outro procedimento. Cumpre registrar, inclusive, que, enquanto a Recorrente não for cientificada de uma nova decisão quanto ao mérito de sua compensação, os débitos compensados permanecem com a exigibilidade suspensa, por não se verificar decisão definitiva acerca de seus procedimentos. E, caso tal decisão não resulte na homologação total das compensações promovidas, develhe ser facultada a oposição de novas peças de defesa, possibilitandolhe a discussão do mérito da compensação nas duas instâncias administrativas de julgamento, nos termos do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 197210. Os efeitos do acatamento da preliminar da possibilidade de deferimento dos Per/DComp afastamento a preliminar de utilização em duplicidade do direito creditório anteriormente pleiteado., impõe, pois, o retorno dos autos à DRJ/CGE/MS para que seja analisado o mérito do pedido e evitar supressão de instância. Devem ser examinadas a origem e a procedência do crédito pleiteado, em conformidade com a escrituração mantida com observância das disposições legais, desde que comprovada por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais, bem como com os registros internos da RFB. Também devem ser avaliados conjuntamente os Per/DComp que tenham por base o mesmo crédito, ainda que apresentados em datas distintas, se for o caso11. Em assim sucedendo, voto por dar provimento em parte ao recurso voluntário e determinar o retorno dos autos à autoridade julgadora para apreciar o acatamento da retificação do pleito inicial e o mérito do litígio e ainda para reconhecer a possibilidade de formação do somatório dos saldo negativos de CSLL dos anoscalendário de 2001, 2002 e 2003 no valor total de R$4.790,34 apurado pelo regime de tributação com base no lucro real, para compensação dos débitos ali confessados, mas sem homologar a compensação por ausência de análise do mérito pela DRJ/CGE/MS, que originalmente proferiu a decisão de primeira instância, com o conseqüente retorno dos autos a essa unidade da RFB, para verificação da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pretendido no Per/DComp retificador, inclusive no que diz respeito à juntada por anexação dos processos administrativos, cujas declarações tenham por base o mesmo crédito, ainda que apresentados em datas distintas, se for o caso12. 10 Fundamentação legal: art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 e Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 20 de novembro de 2012. 11 Fundamentação legal: art. 9º do Decretolei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977 e Portaria RFB nº 666, de 24 de abril de 2008. 12 Fundamentação legal: Portaria RFB nº 666, de 24 de abril de 2008. Fl. 422DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10183.901945/200940 Acórdão n.º 1803002.530 S1TE03 Fl. 410 23 (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Fl. 423DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA
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Numero do processo: 10707.001611/2008-37
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 04 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Dec 16 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2004
IRPF. RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. ART. 33 DECRETO Nº 70.235/72.
Não se conhece de recurso contra decisão de autoridade julgadora de primeira instância quando apresentado depois de decorrido o prazo regulamentar de 30 (trinta) dias da ciência da decisão.
NORMAS PROCESSUAIS. ART. 15 DECRETO Nº 70.235/72. IMPUGNAÇÃO INTEMPESTIVA.
Comprovado nos autos que a Impugnação foi apresentada após o prazo de trinta dias contados da data da intimação da Notificação de Lançamento, realizada no domicílio fiscal do contribuinte constante do cadastro da Receita Federal, conforme previsto no art. 15 do Decreto nº 70.235/1972, correta a decisão do Colegiado de primeiro grau que reconhece a intempestividade da manifestação.
Recurso Voluntário Não Conhecido.
Crédito Tributário Mantido.
Numero da decisão: 2101-002.604
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, por intempestividade.
LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS - Presidente.
RELATOR EDUARDO DE SOUZA LEÃO - Relator.
EDITADO EM: 15/12/2014
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS (presidente da turma), DANIEL PEREIRA ARTUZO, ANTONIO CESAR BUENO FERREIRA, ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, MARIA CLECI COTI MARTINS e EDUARDO DE SOUZA LEÃO.
Nome do relator: EDUARDO DE SOUZA LEAO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2004 IRPF. RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. ART. 33 DECRETO Nº 70.235/72. Não se conhece de recurso contra decisão de autoridade julgadora de primeira instância quando apresentado depois de decorrido o prazo regulamentar de 30 (trinta) dias da ciência da decisão. NORMAS PROCESSUAIS. ART. 15 DECRETO Nº 70.235/72. IMPUGNAÇÃO INTEMPESTIVA. Comprovado nos autos que a Impugnação foi apresentada após o prazo de trinta dias contados da data da intimação da Notificação de Lançamento, realizada no domicílio fiscal do contribuinte constante do cadastro da Receita Federal, conforme previsto no art. 15 do Decreto nº 70.235/1972, correta a decisão do Colegiado de primeiro grau que reconhece a intempestividade da manifestação. Recurso Voluntário Não Conhecido. Crédito Tributário Mantido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, por intempestividade. LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS - Presidente. RELATOR EDUARDO DE SOUZA LEÃO - Relator. EDITADO EM: 15/12/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS (presidente da turma), DANIEL PEREIRA ARTUZO, ANTONIO CESAR BUENO FERREIRA, ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, MARIA CLECI COTI MARTINS e EDUARDO DE SOUZA LEÃO.
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RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. ART. 33 DECRETO Nº 70.235/72. Não se conhece de recurso contra decisão de autoridade julgadora de primeira instância quando apresentado depois de decorrido o prazo regulamentar de 30 (trinta) dias da ciência da decisão. NORMAS PROCESSUAIS. ART. 15 DECRETO Nº 70.235/72. IMPUGNAÇÃO INTEMPESTIVA. Comprovado nos autos que a Impugnação foi apresentada após o prazo de trinta dias contados da data da intimação da Notificação de Lançamento, realizada no domicílio fiscal do contribuinte constante do cadastro da Receita Federal, conforme previsto no art. 15 do Decreto nº 70.235/1972, correta a decisão do Colegiado de primeiro grau que reconhece a intempestividade da manifestação. Recurso Voluntário Não Conhecido. Crédito Tributário Mantido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, por intempestividade. LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente. RELATOR EDUARDO DE SOUZA LEÃO Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 70 7. 00 16 11 /2 00 8- 37 Fl. 505DF CARF MF Impresso em 16/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2014 por EDUARDO DE SOUZA LEAO, Assinado digitalmente em 15/12/201 4 por EDUARDO DE SOUZA LEAO, Assinado digitalmente em 16/12/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 2 EDITADO EM: 15/12/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS (presidente da turma), DANIEL PEREIRA ARTUZO, ANTONIO CESAR BUENO FERREIRA, ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, MARIA CLECI COTI MARTINS e EDUARDO DE SOUZA LEÃO. Relatório Em princípio deve ser ressaltado que a numeração de folhas referidas no presente julgado, foi a identificada após a digitalização do processo, transformado em meio eletrônico (arquivo.pdf). Tratase de Recurso Voluntário objetivando a reforma do Acórdão de nº 13 33.861 da 1ª Turma da DRJ/RJ2 (fls. 470/474), que, por unanimidade de votos, não conheceu da Impugnação em razão de sua intempestividade, resultando na manutenção do crédito tributário lançado a título de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF, no valor total de R$ 118.327,55. No caso, o Contribuinte/Recorrente teria deixado de comprovar a origem de diversos depósitos bancários existentes em contas correntes de sua propriedade, razão pela qual foram tributados os referidos valores como rendimentos omitidos, nos termos do art. 42 da Lei nº 9.430/96. Os argumentos trazidos na Impugnação foram sintetizados pelo Órgão Julgador a quo nos seguintes termos: “Cientificado do lançamento em 18/11/2008 (AR à fl. 413), o interessado apresentou impugnação em 19/12/2008 (fls. 367/386), aduzindo alegações que, em apertada síntese, abaixo reproduzo. O Auto de Infração foi recebido em 19/11/2008. A presunção de omissão de rendimentos que sustenta o lançamento carece de fundamentação fática, pois todos os depósitos, cheques, DOC ou TED que transitaram nas contas do recorrente têm sua origem na distribuição de lucros da empresa Silper do Brasil Ltda., conforme reiteradamente informado ao fiscal autuante durante todo o procedimento fiscal. Os demonstrativos elaborados e documentos apresentados claramente apontam as origens que inequivocamente justificam toda a sua movimentação financeira. Fl. 506DF CARF MF Impresso em 16/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2014 por EDUARDO DE SOUZA LEAO, Assinado digitalmente em 15/12/201 4 por EDUARDO DE SOUZA LEAO, Assinado digitalmente em 16/12/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10707.001611/200837 Acórdão n.º 2101002.604 S2C1T1 Fl. 3 3 Entre o fato conhecido (fato indiciário) e o fato desconhecido (provável) deve haver uma correlação segura e direta, não podendo haver dúvidas sobre a materialização dessa correlação, sob pena da presunção resultar indevida por absoluta inadequação do conceito jurídico escolhido para sua concreção. No tocante às pessoas físicas, essa inadequação está presente na presunção legal estabelecida pelo art. 42 da Lei n° 9.430/96, posto que entre os depósitos bancários e a omissão de rendimentos não há uma correlação lógica direta e segura. As jurisprudências judiciais e administrativas são uníssonas nesse sentido, devendo inclusive ser citada a Súmula n° 182, do extinto Tribunal Federal de Recursos TRF, em que restou registrado o entendimento de que é ilegítimo o lançamento arbitrado com base apenas em extratos ou depósitos bancários. Finalmente, por força do art. 150, § 4°, do CTN, na data da ciência do Auto de Infração, já encontravase decaído o direito da Fazenda Pública de lançar tributos sujeitos a lançamento por homologação, com fatos geradores ocorridos no período de 01/01/2003 a 19/11/2003, não devendo, portanto, prosperar a omissão de rendimentos autuada com base no depósito bancário ocorrido nessa data.” A decisão proferida pela da 1ª Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal no Rio de Janeiro (RJ), restou assim ementada: “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Anocalendário: 2003 CIÊNCIA POR VIA POSTAL. Considerase recebida a intimação fiscal na data de sua entrega no domicilio fiscal do contribuinte, confirmada com assinatura do recebedor. IMPUGNAÇÃO INTEMPESTIVA. EFEITOS. A defesa apresentada fora do prazo legal não caracteriza impugnação, não instaura a fase litigiosa do procedimento, não suspende a exigibilidade do crédito tributário e nem comporta julgamento de primeira instância quanto às alegações de mérito. Impugnação Não Conhecida Crédito Tributário Mantido” No Recurso disposto nas fls. 489/498, o Recorrente alega inicialmente a tempestividade da Impugnação, argumentando que a intimação pessoal do contribuinte só ocorreu um dia depois da entrega da carta na portaria do seu prédio. Fl. 507DF CARF MF Impresso em 16/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2014 por EDUARDO DE SOUZA LEAO, Assinado digitalmente em 15/12/201 4 por EDUARDO DE SOUZA LEAO, Assinado digitalmente em 16/12/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 4 No mérito, reiterando os argumentos de impugnação, alega também que a Fazenda Pública não fez relação entre os depósitos não declarados e outros fatos que indicassem acréscimo patrimonial. Argumenta que a movimentação bancária por si só não corporifica fato gerador do Imposto de Renda, porquanto o depósito bancário é estoque e não fluxo. E o fluxo é que teria conotação de acréscimo patrimonial. Além disso, discorre que o Fiscal Autuante, quando apontou valores para fundamentar a omissão de rendimentos, não teria realizado uma apuração conclusiva nem feito o devido confronto entre os valores declarados pelo Recorrente e os apurados, razão pela qual o lançamento fiscal careceria de fundamentação técnica para demonstrar a imprestabilidade dos documentos apresentados. Aproveita ainda para acrescentar que o CARF já consolidou entendimento por meio da Súmula nº 25, no sentido de que a presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação de uma das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64. Assim, como a Autuação não trouxe fundamentação quanto à existência de dolo ou má fé do Recorrente, não haveria autorização legal para aplicação da multa qualificada. Ao final, requereu o acolhimento do Recurso Voluntário com o fim de ser cancelado o débito fiscal, ou alternativamente, expurgada a multa qualificada aplicada. Distribuído o feito para nossa Relatoria, coloco em pauta para julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Relator EDUARDO DE SOUZA LEÃO Fl. 508DF CARF MF Impresso em 16/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2014 por EDUARDO DE SOUZA LEAO, Assinado digitalmente em 15/12/201 4 por EDUARDO DE SOUZA LEAO, Assinado digitalmente em 16/12/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10707.001611/200837 Acórdão n.º 2101002.604 S2C1T1 Fl. 4 5 O recurso não atende o requisito de tempestividade para sua admissão. De fato, uma melhor observação do feito aponta que existe questão prejudicial à análise de mérito do Recurso, tendo em vista a flagrante preclusão do prazo para interposição de recurso voluntário ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Ora, o prazo estipulado na legislação para apresentação de recurso voluntário é de 30 (trinta) dias, contados da ciência da decisão de primeira instância, conforme disposição expressa do art. 33 do Decreto nº 70.235, de 1972, in verbis: Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos 30 (trinta) dias seguintes à ciência da decisão. No presente caso, temse que o Contribuinte foi induvidosamente cientificado da Decisão de primeira instância no dia 30/11/2011, conforme declaração expressa neste sentido, postada no Termo de Vista em Processo de fls. 482, autorizada pelos documentos de fls. 483/487. A referida data está inclusive noticiada no Extrato do Processo de fls. 503, emitido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Rio de Janeiro I, da Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB. Assim, sendo certo que o prazo para a apresentação do recurso se encerrou no dia 30/12/2011, figura totalmente intempestivo o Recurso de fls. 489/498, protocolado apenas em 11/01/2012. Em consequência, nos termos do art. 42, inciso I, do Decreto nº 70.235, de 1972, abaixo transcrito, a decisão de primeira instância é definitiva na esfera administrativa, não havendo razões de debate quanto a pretensão do Recorrente/Contribuinte: "Art. 42. São definitivas as decisões: I – de primeira instância, esgotado o prazo para recurso voluntário sem que este tenha sido interposto;" Fl. 509DF CARF MF Impresso em 16/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2014 por EDUARDO DE SOUZA LEAO, Assinado digitalmente em 15/12/201 4 por EDUARDO DE SOUZA LEAO, Assinado digitalmente em 16/12/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 6 Considerando que no presente caso é incontestável a interposição de Recurso Voluntário apenas depois do prazo previsto na legislação de regência, e inexistindo qualquer indício de prova em sentido diverso, não se revela admissível acolher alegativas quanto à data a ser considerada na intimação inicial do Auto de Infração enviada pelos Correios, muito menos para reconsiderar e/ou alterar a conclusão ofertada pela Delegacia de Julgamento. Aliás, vale ressaltar que, mesmo se o Recurso Voluntário fosse admitido tempestivo, não haveria como reformar a Decisão recorrida, porquanto inexistem dúvidas que a Impugnação também foi protocolada extemporaneamente, conforme comprovam os documentos acostados aos autos (AR de fls. 467, e Extrato do sistema de rastreamento dos Correios de fls. 417). Ora, o prazo estipulado na legislação para apresentação de Impugnação é de 30 (trinta) dias, contados da Intimação, nos termos de disposição expressa do art. 15 do Decreto nº 70.235, de 1972, in verbis: “Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência.” No presente feito, temse que o contribuinte foi induvidosamente cientificado do Auto de Infração, por via postal, em 18/11/2008, conforme comprova não só o Aviso de Recebimento – AR, de fls. 467 dos autos, como também o documento de Consulta de fls. 417, sendo certo que o prazo para a apresentação de Impugnação se encerrou no dia 18/12/2008, restando intempestiva a Impugnação protocolada apenas em 19/12/2008. Comprovado nos autos que a Impugnação foi apresentada após o prazo de trinta dias contados da data da intimação do Auto de Infração, realizada no domicílio fiscal do contribuinte constante do cadastro da Receita Federal, conforme previsto no art. 15 do Decreto nº 70.235/1972, correta a decisão do Colegiado de primeiro grau que reconhece a intempestividade da manifestação. E desta feita, se apresenta inadmissível qualquer discussão quanto à validade da notificação realizada por via postal no endereço fornecido pelo próprio contribuinte, muito menos quanto a uma data a ser considerada, diferentemente da informada no AR. Encerrando o debate, o CARF já editou a Súmula 09, no seguinte sentido: Fl. 510DF CARF MF Impresso em 16/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2014 por EDUARDO DE SOUZA LEAO, Assinado digitalmente em 15/12/201 4 por EDUARDO DE SOUZA LEAO, Assinado digitalmente em 16/12/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10707.001611/200837 Acórdão n.º 2101002.604 S2C1T1 Fl. 5 7 “É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário.” Na verdade, importa apenas atentar ao comando normativo trazido no art. 23 do Decreto nº 70.235/72, assim disposto: Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) II – por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) Inexistem quaisquer razões ou fundamentos que estimulem alguma dúvida sobre a regularidade das intimações efetivadas no feito, ou da legitimidade dos documentos acostados aos autos. Em face ao exposto, voto no sentido de não conhecer do recurso voluntário, em razão da sua flagrante intempestividade. É como voto. Relator EDUARDO DE SOUZA LEÃO Fl. 511DF CARF MF Impresso em 16/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2014 por EDUARDO DE SOUZA LEAO, Assinado digitalmente em 15/12/201 4 por EDUARDO DE SOUZA LEAO, Assinado digitalmente em 16/12/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 8 Fl. 512DF CARF MF Impresso em 16/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2014 por EDUARDO DE SOUZA LEAO, Assinado digitalmente em 15/12/201 4 por EDUARDO DE SOUZA LEAO, Assinado digitalmente em 16/12/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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Numero do processo: 10580.911865/2009-10
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 15 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Dec 09 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do Fato Gerador: 30/11/2002
PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO DA DCTF. PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. AUSÊNCIA. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA.
O contribuinte, a despeito ausência de retificação da Dctf, tem direito subjetivo à compensação, desde que apresente prova da liquidez e da certeza do direito de crédito. Ausentes estes pressupostos, não cabe a homologação da extinção do débito confessado em PER/Dcomp.
Recurso Voluntário Negado.
Crédito Tributário Mantido.
Numero da decisão: 3802-003.739
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM - Presidente.
(assinado digitalmente)
SOLON SEHN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
Nome do relator: SOLON SEHN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do Fato Gerador: 30/11/2002 PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO DA DCTF. PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. AUSÊNCIA. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. O contribuinte, a despeito ausência de retificação da Dctf, tem direito subjetivo à compensação, desde que apresente prova da liquidez e da certeza do direito de crédito. Ausentes estes pressupostos, não cabe a homologação da extinção do débito confessado em PER/Dcomp. Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM - Presidente. (assinado digitalmente) SOLON SEHN - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
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PROMAT Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do Fato Gerador: 30/11/2002 PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO DA DCTF. PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. AUSÊNCIA. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. O contribuinte, a despeito ausência de retificação da Dctf, tem direito subjetivo à compensação, desde que apresente prova da liquidez e da certeza do direito de crédito. Ausentes estes pressupostos, não cabe a homologação da extinção do débito confessado em PER/Dcomp. Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Presidente. (assinado digitalmente) SOLON SEHN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 91 18 65 /2 00 9- 10 Fl. 80DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face de decisão da 8° Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo (São Paulo I)/SP, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo Recorrente, assentada nos fundamentos resumidos na ementa seguinte: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 30/11/2002 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência e suficiência do crédito postulado. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido. O interessado apresentou o PER/Dcomp (Pedido Eletrônico de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação), sem retificar a Dctf (Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais). Tal fato fez com que o pagamento continuasse atrelado à quitação do débito originário, inviabilizando a homologação da compensação. A DRJ manteve a não homologação, porque, apesar da retificação da Dctf após o despacho decisório, não houve comprovação, por meio de documentação hábil, idônea e suficiente, do erro no preenchimento da declaração. O Recorrente, nas razões de fls. 61 e ss., alega que a existência de decisão judicial seria suficiente para comprovar do crédito objeto da compensação. Após reproduzir parte da decisão liminar, confirmada em sentença, sustenta que esta teria reconhecido o direito dos substituídos processuais dentre os quais o Recorrente de compensar todos os valores indevidamente recolhidos à título de PIS/Pasep e de Cofins sobre a receita de medicamentos, nos termos da Lei nº 10.147/2000. Pleiteia, assim, o recebimento do recurso voluntário e o seu integral provimento. É o relatório. Voto Conselheiro Solon Sehn O sujeito passivo teve ciência da decisão no dia 13/02/2014 (fls. 67), interpondo recurso tempestivo em 14/02/2014 (fls. 69). Assim, presentes os demais requisitos de admissibilidade do Decreto no 70.235/1972, o recurso pode ser conhecido. A compensação, consoante destacado, não foi homologada porque o Recorrente transmitiu o PER/Dcomp sem a retificação da Dctf. Em circunstâncias dessa natureza, ao contrário do que entendeu a decisão recorrida, a Turma tem interpretado que o Fl. 81DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10580.911865/200910 Acórdão n.º 3802003.739 S3TE02 Fl. 81 3 contribuinte, por força do princípio da verdade material, tem direito à compensação, desde que apresente prova da existência do crédito compensado. Nesse sentido, cumpre destacar os seguintes julgados da Turma: PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO DA DCTF APÓS A INSCRIÇÃO DO DÉBITO EM DÍVIDA ATIVA DA UNIÃO. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. AUSÊNCIA DE PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. O contribuinte, a despeito da retificação extemporânea da Dctf, tem direito subjetivo à compensação, desde que apresente prova da existência do crédito compensado (art. 12, § 3o, da Instrução Normativa SRF nº. 583/2005, vigente à época da transmissão das DCTF’s retificadoras). A retificação, porém, não produz efeitos quando o débito já foi enviado à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em Dívida Ativa. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. (CARF. 3ª S. 2ª T.E.Acórdão nº 380201.078. Rel. Conselheiro Solon Sehn. S. 27/07/2012). PROCESSO DE COMPENSAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. ENTREGA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. REDUÇÃO DO DÉBITO ORIGINAL. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DO ERRO. OBRIGATORIEDADE. Uma vez iniciado o processo de compensação, a redução do valor débito informada na DCTF retificadora, entregue após a emissão e ciência do Despacho Decisório, somente será admitida, para fim de comprovação da origem do crédito compensado, se ficar provado nos autos, por meio de documentação idônea e suficiente, a origem do erro de apuração do débito retificado, o que não ocorreu nos presentes autos. [...] Recurso Voluntário Negado. (CARF. 3ª S. 2ª T.E. Acórdão nº 380201.290. Rel. Conselheiro José Fernandes do Nascimento. S. 25/09/2012). COMPENSAÇÃO COM CRÉDITOS DECORRENTES DE RETIFICAÇÃO DE DCTF DEPOIS DE PROFERIDO DESPACHO DECISÓRIO NÃO HOMOLOGANDO PER/DECOMP. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE ERRO DE FATO NO PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO ORIGINAL. INADMISSIBILIDADE DA COMPENSAÇÃO EM VISTA DA NÃO DEMONSTRAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO ADUZIDO. A compensação, hipótese expressa de extinção do crédito tributário (art. 156 do CTN), só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos Fl. 82DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 4 ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. Uma vez intimada da não homologação de seu pedido de compensação, a interessada somente poderá reduzir débito declarado em DCTF se apresentar prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no seu preenchimento. A não comprovação da certeza e da liquidez do crédito alegado impossibilita a extinção de débitos para com a Fazenda Pública mediante compensação. Recurso a que se nega provimento. (CARF. 3ª S. 2ª T.E. Acórdão nº 3802001.593. Rel. Conselheiro Francisco José Barroso Rios. S. 27/02/2013). PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO DA DCTF. PROLAÇÃO DO DESPACHO DECISÓRIO. APRESENTAÇÃO DA PROVA DO CRÉDITO APÓS DECISÃO DA DRJ. HIPÓTESE PREVISTA NO ART. 16, § 4º, “C”, DO DECRETO Nº 70.235/1972. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. A prova do crédito tributário indébito, quando destinada a contrapor razões posteriormente trazidas aos autos, pode ser apresentada após a decisão da DRJ, por força do princípio da verdade material e do disposto no art. 16, § 4º, “c”, do Decreto nº 70.235/1972. Havendo prova do crédito, a compensação deve ser homologada, a despeito da retificação a posteriori da Dctf. Recurso Voluntário Provido Direito Creditório Reconhecido. (CARF. 3ª S. 2ª T.E. Acórdão nº 380201.005. Rel. Solon Sehn. S. 22/05/2012). PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO DA DCTF APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. AUSÊNCIA DE PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. O contribuinte, a despeito da retificação extemporânea da Dctf, tem direito subjetivo à compensação, desde que apresente prova contábil da existência do crédito compensado. A simples retificação após o despacho decisório não autoriza a homologação da compensação do crédito tributário. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. (CARF. S3TE02. Acórdão nº 380201.112. Rel. Conselheiro Solon Sehn. S. 27/07/2012). COMPENSAÇÃO. REQUISITOS FORMAIS. AUSÊNCIA DE RETIFICAÇÃO DA DCTF. IMPOSSIBILIDADE DE RETIFICAÇÃO PELO CONTRIBUINTE APÓS DECORRIDOS Fl. 83DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10580.911865/200910 Acórdão n.º 3802003.739 S3TE02 Fl. 82 5 CINCO ANOS DA EXTINÇÃO DO CRÉDITO. EXCEPCIONALIDADE DE ACEITAÇÃO PELO CARF. A retificação de DCTF constitui requisito formal do contribuinte, ao efetuar pedido de compensação com base em créditos decorrentes de retificação de documentos de cunho declaratório (DACON, DIPJ, dentre outros). Assim, a ausência de apresentação da DCTF retificadora é causa para negação do crédito pleiteado. Todavia, excepcionalmente se permite a compensação caso o contribuinte demonstre que a retificação só foi apontada como não efetuada após o decurso dos cinco anos contados da extinção do crédito, sendo certo que a negativa importaria em situação excepcional de restrição formal à verdade material, contrassenso à própria finalidade do processo administrativo tributário. Recurso voluntário provido. Direito creditório reconhecido. (CARF. S3TE02. Acórdão nº 3802001.642. Rel. Conselheiro Bruno Macedo Curi. S. 28/02/2013) No presente caso, o Recorrente limitouse a retificar a Dctf, sem apresentar qualquer prova da liquidez e da certeza do direito de crédito. A simples afirmação de que existiria decisão judicial reconhecendo suposto direito de crédito – formulada apenas por ocasião da interposição do recurso voluntário e omitida no campo dos “dados inicias” do PER/Dcomp– é insuficiente para a reforma da decisão recorrida, quando não demonstrada documentalmente a efetiva liquidez e certeza do direito creditório. Na data da transmissão dos PER/Dcomps, vigorava a Instrução Normativa RFB nº 600/2005, que, como se sabe, exige a prévia habilitação do crédito como requisito indispensável para a transmissão válida de pedido de compensação lastreado em decisão judicial: Art. 51. Na hipótese de crédito reconhecido por decisão judicial transitada em julgado, a Declaração de Compensação, o Pedido Eletrônico de Restituição e o Pedido Eletrônico de Ressarcimento, gerados a partir do Programa PER/DCOMP, somente serão recepcionados pela SRF após prévia habilitação do crédito pela Delegacia da Receita Federal (DRF), Delegacia da Receita Federal de Administração Tributária (Derat) ou Delegacia Especial de Instituições Financeiras (Deinf) com jurisdição sobre o domicílio tributário do sujeito passivo. § 1º A habilitação de que trata o caput será obtida mediante pedido do sujeito passivo, formalizado em processo administrativo instruído com: I – o formulário Pedido de Habilitação de Crédito Reconhecido por Decisão Judicial Transitada em Julgado, constante do Anexo V desta Instrução Normativa, devidamente preenchido; II – a certidão de inteiro teor do processo expedida pela Justiça Federal; Fl. 84DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 6 III – a cópia do contrato social ou do estatuto da pessoa jurídica acompanhada, conforme o caso, da última alteração contratual em que houve mudança da administração ou da ata da assembléia que elegeu a diretoria; IV – cópia dos atos correspondentes aos eventos de cisão, incorporação ou fusão, se for o caso; V – a cópia do documento comprobatório da representação legal e do documento de identidade do representante, na hipótese de pedido de habilitação do crédito formulado por representante legal do sujeito passivo; e VI – a procuração conferida por instrumento público ou particular e cópia do documento de identidade do outorgado, na hipótese de pedido de habilitação formulado por mandatário do sujeito passivo. O Recorrente, além de omitir a suposta existência de decisão judicial na manifestação de inconformidade, sequer fez indicação deste fato nos “dados iniciais” do PER/Dcomp, preenchendo negativamente o campo “crédito oriundo de ação judicial”. Tal fato além de induzir em erro a autoridade julgadora a quo inviabiliza o reconhecimento da homologação, uma vez que o PER/Dcomp, para produzir os seus efeitos jurídicos próprios, pressupõe a correta identificação do crédito, inclusive e principalmente no tocante ao fato de ser decorrente de suposta decisão judicial. Com efeito, devese ter presente que a Lei nº 10.637/2002, ao alterar o art. 74 da Lei nº 9.430/1996, promoveu a unificação do regime de compensação, extinguindo as compensações realizadas na Dctf, na escrituração contábil e a condicionada ao deferimento de pedido administrativo. Tais modalidades foram substituídas pela autocompensação, que – ao lado da compensação deofício e ressaltadas as contribuições para a seguridade social compensadas na Gfip (Guia de Recolhimento do Fgts e Informações à Previdência Social) é aplicável aos tributos administrados pela Receita Federal. No regime da autocompensação, a extinção do crédito tributário ocorre por iniciativa do sujeito passivo, mediante entrega de declaração contendo informações relativas aos créditos e aos débitos compensados, que, por sua vez, fica sujeita à posterior homologação pela autoridade competente no prazo de até cinco anos: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002). § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 2º A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) Fl. 85DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10580.911865/200910 Acórdão n.º 3802003.739 S3TE02 Fl. 83 7 A declaração do sujeito passivo denominada PER/Dcomp revestese de especial importância no mundo jurídico, porquanto representa a formalização em linguagem competente da extinção do crédito tributário e do débito da Fazenda Nacional. Tratase, consoante destaca Paulo de Barros Carvalho, do veículo introdutor da norma individual e concreta que positiva o fato jurídico extintivo: O fato extintivo da compensação será positivado por norma individual e concreta que promova o encontro das relações, extinguindoas no quantum em que se equivalerem. Os sujeitos habilitados a expedir a norma individual e concreta da compensação, formalizando o mencionado ‘encontro de contas’, são a autoridade administrativa e a autoridade judiciária. Há hipóteses em que a lei autoriza ao próprio particular a efetivação da compensação tributária. Esta, todavia, somente é utilizada quando o ato do particular for homologado pela Administração, de maneira tácita ou expressa. Dito de outro modo, o aplicarse da norma de compensação gera a extinção do crédito tributário e do débito do Fisco. Mas, para que esta se concretize, necessário o relato em linguagem competente não apenas das relações que se pretende compensar, mas também do fato da compensação. Apenas se descrito no antecedente de norma individual e concreta irradiará os efeitos previstos no consequente normativo, operandose extinção dos vínculos obrigacionais. (CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário, linguagem e método. 2. ed. São Paulo: Noeses, 2008, p. 480481). Em razão disso, para produzir os seus efeitos jurídicos próprios, a PER/Dcomp pressupõe a correta identificação do crédito e dos respectivos débitos compensados. Do contrário, não há como se aperfeiçoar juridicamente o encontro de contas entre as relações jurídicas obrigacionais. Portanto, nada justifica a reforma da decisão recorrida, porque não foi identificada corretamente a origem do crédito nem demonstrada a sua liquidez e certeza. Votase pelo conhecimento e integral desprovimento do recurso. (assinado digitalmente) Solon Sehn Relator Fl. 86DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 8 Fl. 87DF CARF MF Impresso em 10/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 08/12/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
score : 1.0
Numero do processo: 15374.720161/2010-22
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 25 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Dec 10 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 2001, 2002
COMPENSAÇÃO. DIREITO LÍQUIDO E CERTO. COMPROVAÇÃO. DIPJ.
As Declarações de Informações Econômico-fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) apresentadas, por si só, não comprovam a existência de direito líquido e certo.
IRRF. DEDUÇÃO DO IRPJ. COMPROVAÇÃO DA RETENÇÃO. COMPROVAÇÃO DO CÔMPUTO DAS RECEITAS CORRESPONDENTES NA BASE DE CÁLCULO DO IMPOSTO.
Na apuração do IRPJ, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor do imposto de renda retido na fonte, desde que comprovada a retenção e o cômputo das receitas correspondentes na base de cálculo do imposto. (Súmula CARF nº 80)
Numero da decisão: 1803-002.445
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Cármen Ferreira Saraiva Presidente
(assinado digitalmente)
Sérgio Rodrigues Mendes - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Cármen Ferreira Saraiva, Meigan Sack Rodrigues, Sérgio Rodrigues Mendes, Fernando Ferreira Castellani, Antônio Marcos Serravalle Santos e Arthur José André Neto.
Nome do relator: SERGIO RODRIGUES MENDES
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Exercício: 2001, 2002 COMPENSAÇÃO. DIREITO LÍQUIDO E CERTO. COMPROVAÇÃO. DIPJ. As Declarações de Informações Econômico-fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) apresentadas, por si só, não comprovam a existência de direito líquido e certo. IRRF. DEDUÇÃO DO IRPJ. COMPROVAÇÃO DA RETENÇÃO. COMPROVAÇÃO DO CÔMPUTO DAS RECEITAS CORRESPONDENTES NA BASE DE CÁLCULO DO IMPOSTO. Na apuração do IRPJ, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor do imposto de renda retido na fonte, desde que comprovada a retenção e o cômputo das receitas correspondentes na base de cálculo do imposto. (Súmula CARF nº 80)
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2001, 2002 COMPENSAÇÃO. DIREITO LÍQUIDO E CERTO. COMPROVAÇÃO. DIPJ. As Declarações de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) apresentadas, por si só, não comprovam a existência de direito líquido e certo. IRRF. DEDUÇÃO DO IRPJ. COMPROVAÇÃO DA RETENÇÃO. COMPROVAÇÃO DO CÔMPUTO DAS RECEITAS CORRESPONDENTES NA BASE DE CÁLCULO DO IMPOSTO. Na apuração do IRPJ, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor do imposto de renda retido na fonte, desde que comprovada a retenção e o cômputo das receitas correspondentes na base de cálculo do imposto. (Súmula CARF nº 80) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 72 01 61 /2 01 0- 22 Fl. 338DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 04/12/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 05/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 15374.720161/201022 Acórdão n.º 1803002.445 S1TE03 Fl. 339 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Cármen Ferreira Saraiva – Presidente (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Cármen Ferreira Saraiva, Meigan Sack Rodrigues, Sérgio Rodrigues Mendes, Fernando Ferreira Castellani, Antônio Marcos Serravalle Santos e Arthur José André Neto. Fl. 339DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 04/12/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 05/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 15374.720161/201022 Acórdão n.º 1803002.445 S1TE03 Fl. 340 3 Relatório Por bem retratar os acontecimentos do presente processo, adoto o Relatório do acórdão recorrido (fls. 155): Versa este processo sobre restituição/compensação. A DRF/RJ1, através do Despacho Decisório – Parecer Conclusivo DIORT/DRF/RJ1 nº 177/2010 (fls. 57/61), decidiu: a a retificação/cancelamento das Dcomp 20924.86589.290705.1.3.029462, 36546.76186.290705.1.3.046914 e 01946.61052.290705.1.3.048282, juntadas às fls. 41/56; b não reconhecer o direito creditório pleiteado, relativo ao saldo credor de IRPJ apurado ao final do anocalendário de 2000 (fl. 3) e, também, pagamentos indevidos ou a maior referentes a valores apurados nos anoscalendários de 2001 e 2000 (fls. 9 e 14); c não homologar as Dcomp 10307.34817.061205.1.7.024200, 22573.65977.061205.1.7.045976 e 13196.97088.061205.1.7.048860, juntadas às fls. 2/17. O interessado, cientificado em 06/11/2010 (fl. 96), apresentou, em 02/12/2010, manifestação de inconformidade (fls. 98/108). Nesta peça, alega, em síntese, que: a decisão recorrida cometeu equívoco, ao negar o direito creditório demonstrado nas Dcomp retificadoras, como será corroborado pelos documentos a serem anexados; Dcomp 13196.97088.061205.1.7.048860: pela tabela que apresenta, infere se crédito de R$ 231.564,56, tendo em vista o pagamento do darf no montante de R$ 232.309,61; pugna pela posterior juntada de documentos; Dcomp 10307.34817.061205.1.7.024200: pela simples análise da DIPJ/2001, identificase o valor creditório; posteriormente, serão acostados documentos; Dcomp 22573.65977.061205.1.7.045976: utiliza argumentos já expostos e pugna pela posterior juntada de documentos; a autoridade administrativa não pode restringir o direito de compensação. 2. A decisão da instância a quo foi assim ementada (fls. 154): ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Anocalendário: 2000, 2001 RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. Mantémse o despacho decisório, se não apresentados elementos de prova ou de direito que o modifiquem. Fl. 340DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 04/12/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 05/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 15374.720161/201022 Acórdão n.º 1803002.445 S1TE03 Fl. 341 4 Manifestação de Inconformidade Improcedente Outros Valores Controlados 3. Cientificada da referida decisão em 16/09/2011 (fls. 196 numeração digital ND), a tempo, em 17/10/2011, apresenta a interessada Recurso de fls. 212 a 228 ND, instruído com os documentos de fls. 229 a 333 ND, nele reiterando os argumentos anteriormente expendidos e aduzindo mais os seguintes: a) que a decisão recorrida é nula de pleno direito; ainda que não o fosse, merece reforma; b) que não examinar todas as provas é cercear o direito de defesa da Recorrente, impedindolhe o pleno acesso às instâncias judicantes da esfera administrativa; c) que, sem a apreciação das provas documentais, quais sejam, as DIPJs 2001 e 2002, terseá cerceamento do direito à ampla defesa e ao contraditório, assegurados pela Constituição Federal, art. 5º, inciso LV, e na própria legislação tributária federal, art. 59, inciso II, do Decreto nº 70.235, de 1972; d) que, de plano, a autoridade administrativa deve assumir que as informações constantes da DIPJ são verdadeiras; e) que, para desconsiderar o que dela consta, deve justificar; f) que, no caso em tela, a desconsideração se torna ainda mais arbitrária, porquanto, ultrapassados cinco anos desde a sua apresentação, considera se homologado tal documento (art. 150, § 4º, do CTN); g) que, por conseguinte, verdadeiras são as informações que dela constam; h) que a prova feita através da DIPJ retificadora, por si só, já demonstra o crédito; i) que, pretendesse a autoridade administrativa algum esclarecimento, deveria ter promovido diligência fiscal; e j) que, portanto, poderá o órgão, com observância dos princípios da legalidade, do informalismo, da moralidade pública, daquele que veda o locupletamento e da busca pela verdade material, examinar as provas colacionadas, todas elas, e solicitar tantas que entenda necessárias, em consonância com o disposto no parágrafo único do art. 142 do CTN. Em mesa para julgamento. Fl. 341DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 04/12/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 05/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 15374.720161/201022 Acórdão n.º 1803002.445 S1TE03 Fl. 342 5 Voto Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes, Relator Atendidos os pressupostos formais e materiais, tomo conhecimento do Recurso. 4. A ora Recorrente foi intimada, em diligência fiscal (fls. 22 e 23), a apresentar comprovações relativas à existência dos créditos pleiteados em seus Pedidos de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp). 5. Não tendo atendido referida intimação, mesmo após solicitação e concessão de prorrogação de prazo (fls. 25), e reiterada aquela (fls. 38 e 39), sem qualquer resposta, não se homologaram as compensações pleiteadas. 6. Em primeira instância, informa que anexará documentos para comprovar o direito creditório pleiteado, motivo pelo qual foi julgada improcedente a correspondente manifestação de inconformidade (fls. 154 a 157). 7. Já nesta instância, junta os documentos de fls. 229 a 333 – ND, os quais, porém, não atendem integralmente ao que fora requerido pelas intimações fiscais de fls. 2223 e 3839, pugnando, ainda, a Recorrente, pela posterior juntada de documentos – informes de rendimentos e demais documentos comprobatórios das retenções de IR sofridas (fls. 221, 223 e 228 ND). 8. De início, cumpre destacar que as Declarações de Informações Econômico fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) apresentadas, mesmo depois de retificadas, por si só, não comprovam a existência de direito líquido e certo. 9. Bem esclareceu sobre este ponto o Parecer Conclusivo do órgão de origem, de nº 177/2010 (fls. 59): 14. Cabe salientar que as informações constantes das declarações apresentadas, aqui incluídas as prestadas na declaração de débitos e créditos tributários federais, não comprovam, por si só, a existência de crédito líquido e certo em favor do sujeito passivo. As declarações arquivadas pela administração resultam de informações prestadas pelo contribuinte, sendo facultada à administração a busca da comprovação destas informações, o que foi levado a efeito por meio dos procedimentos acima mencionados. Ademais, no caso em tela, por se tratar de reconhecimento de direito ao sujeito passivo, o ônus probatório recai sobre quem alega o direito. 10. Tanto é assim que o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) tem sumulado o seguinte entendimento (grifouse): Súmula CARF nº 80: Fl. 342DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 04/12/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 05/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 15374.720161/201022 Acórdão n.º 1803002.445 S1TE03 Fl. 343 6 Na apuração do IRPJ, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor do imposto de renda retido na fonte, desde que comprovada a retenção e o cômputo das receitas correspondentes na base de cálculo do imposto. 11. Portanto, correto o Despacho Decisório (fls. 61), ao não homologar as compensações pleiteadas, pela não apresentação de quaisquer documentos e livros contábeis. E, também, correta a decisão recorrida, ao julgar improcedente a manifestação de inconformidade apresentada, pela só juntada das DIPJs. 12. Não há, por conseguinte, que se admitir a nulidade da decisão recorrida, que deve ser integralmente mantida, por seus próprios fundamentos (fls. 156 e 157 – destaque do original): A lei não proíbe o ser humano de errar. No entanto, a mera retificação da DIPJ não se presta para demonstrar a existência de direito creditório, se não provado o erro nela contido. Se os DARF discriminados nos PER/DCOMP foram integralmente utilizados para quitação de débitos do interessado (darf alocados conforme DCTF que, sendo confissão de dívida, tem o condão de constituir, formalmente, o crédito tributário, materializandoo), não restou crédito disponível para compensação. Assim, o procedimento da DRF, de intimar o interessado a apresentar elementos de prova do alegado crédito foi correto. No momento em que formalizada a declaração de compensação, deve o sujeito passivo ter instrumentos hábeis a comprovar a regularidade do direito invocado. Na manifestação de inconformidade, o interessado junta, somente, DIPJ. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e da existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional, para que sejam aferidas a liquidez e a certeza pela autoridade administrativa. O Despacho Decisório recorrido deve, então, ser mantido, por não terem sido apresentados elementos de prova ou de direito que o modifiquem. 13. Vejase, por oportuno, que não foram atendidas, nem mesmo em nível de recurso voluntário, as solicitações constantes das intimações fiscais de fls. 2223 e 3839, o que poderia, talvez, viabilizar a propositura de uma diligência por este relator (grifouse): 1 Livros Diário, Razão e LALUR referentes aos anos calendário 2000 e 2001 (colocar à disposição); 2 Detalhar os recolhimentos de IRPJ pagos por estimativa, com as respectivas datas, que compõem os montantes declarados na Linha 16 da Ficha 12A —“Imposto de Renda Mensal Pago por Fl. 343DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 04/12/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 05/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 15374.720161/201022 Acórdão n.º 1803002.445 S1TE03 Fl. 344 7 Estimativa” das DIPJ2001 e DIPJ2002, com indicação da conta em que houve registro do lançamento; 3 Demonstrar a composição da Linha 24 da Ficha 06A da DIPJ/2001 — “Outras Receitas Financeiras”, acompanhada da documentação que a embase, inclusive a retenção na fonte correspondente, bem como sejam informadas as contas em que foram registrados tais valores; 4 Apresentar documentação hábil e idônea que embase o valor declarado na Linha 14 da Ficha 12A — “Imposto de Renda Retido na Fonte por órgão Público” na DIPJ2001, bem como indicação das contas onde se encontram registrados os lançamentos. 14. Acrescento, ainda, observação constante da decisão recorrida, no seguinte sentido (fls. 156): Do exame das consultas juntadas às fls. 146/153, temse que: na DIPJ original do anocalendário de 2000, entregue em 26/06/2001, constava saldo credor zero; na DIPJ retificadora, entregue em 29/07/2005, houve redução do valor do IRPJ apurado e, também, alteração das deduções, resultando saldo credor; os darf de R$ 232.309,61 e de R$ 9.004,41 se encontram inteiramente alocados (alocação automática DCTF). Conclusão Em face do exposto, e considerando tudo o mais que dos autos consta, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO. É como voto. (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes Fl. 344DF CARF MF Impresso em 11/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 04/12/2 014 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 05/12/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA
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Numero do processo: 12269.003961/2008-70
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 04 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Jan 07 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Exercício: 2003, 2004, 2005, 2006
LANÇAMENTO. DEMONSTRAÇÃO COMPLETA DOS MOTIVOS JURÍDICOS E APURAÇÃO.
Cumpridos os artigos 33 e 37, da Lei n. 8.212/1991, e 142 do CTN, quando o lançamento de crédito tributário contém todos os motivos fáticos e legais, descrição e cálculo do crédito, bem como descrição precisa dos fatos ocorridos e suas fontes para sua apuração, não há vícios no mesmo, pois houve a oportunização de defesa e contraditório pleno à parte, não havendo motivo para nulidade.
MULTA MAIS BENÉFICA. APLICAÇÃO RETROATIVA.
Apenas cabe aplicação retroativa de multa ou penalidade quando a mesma for realmente mais benéfica.
Recurso Voluntário Provido em Parte - Crédito Tributário Mantido em Parte
Numero da decisão: 2803-003.772
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso: a) para a multa referente aos créditos tributários lançados com base nos fatos geradores declarados em GFIP, deve ser observado o limite do art. 61, §2º, da Lei n. 9.430/1996, pois é inferior à multa moratória aplicada aos valores do créditos tributários lançados na NFLD, com base no art. 35, da Lei n. 8.212/1991, com redação anterior à Lei n. 11.941/2009. b) para a multa referente aos créditos tributários lançados com base nos fatos geradores não declarados em GFIP, deve ser observada a multa conforme o art. 35, da Lei n. 8.212-1991, com redação anterior à MP n 449, de 04.12.2008, de acordo à fase processual, até o limite de 75% que está estabelecido art. 35-A da Lei n. 8.2121-1991 (atual redação) combinado com o art. 44, II, da Lei n. 9.430-1996, desde que mais favorável ao contribuinte. Vencido o Conselheiro Helton Carlos Praia de Lima quanto à multa.
(Assinado digitalmente)
Helton Carlos Praia de Lima - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Gustavo Vettorato - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (presidente), Gustavo Vettorato, Ricardo Magaldi Messetti, Eduardo de Oliveira, Oséas Coimbra Júnior, Amilcar Barca Teixeira Júnior.
Nome do relator: GUSTAVO VETTORATO
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DEMONSTRAÇÃO COMPLETA DOS MOTIVOS JURÍDICOS E APURAÇÃO. Cumpridos os artigos 33 e 37, da Lei n. 8.212/1991, e 142 do CTN, quando o lançamento de crédito tributário contém todos os motivos fáticos e legais, descrição e cálculo do crédito, bem como descrição precisa dos fatos ocorridos e suas fontes para sua apuração, não há vícios no mesmo, pois houve a oportunização de defesa e contraditório pleno à parte, não havendo motivo para nulidade. MULTA MAIS BENÉFICA. APLICAÇÃO RETROATIVA. Apenas cabe aplicação retroativa de multa ou penalidade quando a mesma for realmente mais benéfica. Recurso Voluntário Provido em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso: a) para a multa referente aos créditos tributários lançados com base nos fatos geradores declarados em GFIP, deve ser observado o limite do art. 61, §2º, da Lei n. 9.430/1996, pois é inferior à multa moratória aplicada aos valores do créditos tributários lançados na NFLD, com base no art. 35, da Lei n. 8.212/1991, com redação anterior à Lei n. 11.941/2009. b) para a multa referente aos créditos tributários lançados com base nos fatos geradores não declarados em GFIP, deve ser observada a multa conforme o art. 35, da Lei n. 8.2121991, com redação anterior à MP n 449, de 04.12.2008, de acordo à fase processual, até o limite de 75% que está estabelecido art. 35A da Lei n. 8.21211991 (atual redação) combinado com o art. 44, II, da Lei n. 9.4301996, desde que mais favorável ao contribuinte. Vencido o Conselheiro Helton Carlos Praia de Lima quanto à multa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 26 9. 00 39 61 /2 00 8- 70 Fl. 750DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 06/01/2015 po r HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por GUSTAVO VETTORATO Processo nº 12269.003961/200870 Acórdão n.º 2803003.772 S2TE03 Fl. 751 2 (Assinado digitalmente) Helton Carlos Praia de Lima Presidente. (Assinado digitalmente) Gustavo Vettorato Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (presidente), Gustavo Vettorato, Ricardo Magaldi Messetti, Eduardo de Oliveira, Oséas Coimbra Júnior, Amilcar Barca Teixeira Júnior. Fl. 751DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 06/01/2015 po r HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por GUSTAVO VETTORATO Processo nº 12269.003961/200870 Acórdão n.º 2803003.772 S2TE03 Fl. 752 3 Relatório O presente Recurso Voluntário foi interposto contra decisão da DRJ, que manteve parcialmente o crédito tributário referente contribuições devidas pela empresa incidentes sobre o total das remunerações pagas ou creditadas aos segurados contribuintes individuais (autônomos e transportadores rodoviários autônomos), que lhe prestaram serviços, lançadas nos Livros Diários n° 90 (01/07/2003 a 31/08/2003), autenticado em 05/07/2004, sob n° 04/0116476 ao de n° 129 (01/12/2006 a 31/12/2006) autenticado em 05/07/2007, sob n° 07/0155240.no período de 08/2003 a 03/2006, reconhecendo a extinção do crédito referente ao mês 08/2003 por decadência. A ciência do auto de infração inaugural foi em 01.10.2008. Assim, o recurso veio à presente turma especial para seu julgamento, em que apresentou os seguintes argumentos resumidos: nulidade da decisão por falta de fundamentação à não aceitação de retificações das GFIP´s, desconsideração de GPS pagas com erros materiais de preenchimento, a ilegalidade/inconstitucionalidade das multas aplicadas, a ilegal responsabilização dos sócios, e o dever de aplicação da norma mais benéfica quanto à sanção na forma da redação do art. 35, da Lei n. 8.212/1991, incluso pela Lei n. 11.941/2009. Convertido em diligência, para que a autoridade fiscal manifestase quanto aos itens n. III.B.1 do Recurso Voluntário (fls. 195 e seguintes dos autos digitais) e III.B.1 da Impugnação (fls. 91 e seguintes dos autos digitais), atentandose à materialidade dos valores das contribuições devidas e os respectivos pagamentos que teriam sido objeto do erro material. Em resposta, a fiscalização apenas informou que não seria possível a retificação pelos motivos já indicados anteriormente IN n. 1.265/2012, e que os valores pagos e retificados nas GPS durante a ação de fiscalização foram apropriados, mas não foi trazido qualquer demonstração efetiva do erro material das demais GPS. O contribuinte manifestouse no sentido de que a informação fiscal não atendeu à diligência solicitada, ratificou as alegações anteriores. Os autos retornaram para julgamento. É o relatório. Fl. 752DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 06/01/2015 po r HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por GUSTAVO VETTORATO Processo nº 12269.003961/200870 Acórdão n.º 2803003.772 S2TE03 Fl. 753 4 Voto Conselheiro Relator O recurso é tempestivo, preenchendo os requisitos de admissibilidade, assim deve o mesmo ser conhecido Quanto ao resultado da diligência, a mesma mesmo não sendo completa, demonstrouse satisfatória, apontando efetivamente que houve a apropriação das GPS retificadas pela fiscalização. Observase tal situação nos levantamentos AUD – AUTÔNOMOS DECL DURANTE AÇÃO e FRD – FRETERIOS DECL DURANTE AÇÃO, conforme o item 6.1 da informação fiscal. Ressaltase o fato que de que não houve demonstração de erro de cálculo na apuração e pagamento dos créditos que supostamente teriam sido pago a mais. Assim, não haveria substrato fático para fins de demonstrar insubsistência do lançamento. O lançamento ocorreu de forma correta, demonstrando efetivamente os motivos fáticos e jurídicos do ato administrativo, bem como como realizou apuração do tributo devido, não havendo qualquer prejuízo a defesa. Cumpridos os artigos 33 e 37, da Lei n. 8.212/1991, e 142 do CTN, quando o lançamento de crédito tributário contém todos os motivos fáticos e legais, descrição e cálculo do crédito, bem como descrição precisa dos fatos ocorridos e suas fontes para sua apuração, não há vícios no mesmo, pois houve a oportunização de defesa e contraditório pleno à parte, não havendo motivo para nulidade. No tangente à Relação de Responsáveis é meramente informativa, não sendo considerada para fins de responsabilização dos sócios na forma dos arts. 132 e seguintes do CTN, pois lhe faltam a devida apuração de excesso de poder ou infração à lei, fraude, dolo, ou simulação, requisitos necessários para redirecionamento aos sócios e administradores. Quanto à aplicação da multa, devese observar as alterações do art. 35, da Lei n. 82121991, na redação posterior à MP n 449, de 04.12.2008, convertido na Lei n. 11.941 2009. Verificamse duas situações, aquelas em que os fatos geradores foram declarados em GFIP e aquelas que não. Nos casos dos créditos lançados com base de fatos geradores declarados em GFIP, devese atentar às alterações legislativas recentes no que trata a sanções tributárias (multa moratória) dispostas no art. 35, da Lei n. 8.212/1991, que foi alterado pela Medida Provisória n. 449/2008, convertida na Lei n. 11.941/2009, passando a ter a seguinte redação: Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em Fl. 753DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 06/01/2015 po r HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por GUSTAVO VETTORATO Processo nº 12269.003961/200870 Acórdão n.º 2803003.772 S2TE03 Fl. 754 5 legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Ou seja, há remissão expressa ao art.61, da Lei n. 9.430/1996, in verbis: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Lei nº 9.716, de 1998) Quanto aos créditos tributários em que houve efetivo lançamento de ofício, pois não estavam declarados em GFIP, em análise ao art. 35, da Lei n. 8.2121991, com redação anterior à MP n 449, de 04.12.2008, a multa aplicada ao caso é escalonada de acordo com a fase do processo de constituição e cobrança das contribuições previdenciárias, iniciando com 4% a 100%. Os patamares superiores à 75% somente eram aplicáveis após o ajuizamento de ação de execução fiscal. Ou seja, em fase administrativa, a aplicação mais favorável é a da redação do art. 35, da Lei n. 8.2121991, com redação anterior à MP n 449, de 04.12.2008. Notese que os créditos são inclusive anteriores à publicação da MP n 449, de 04.12.2008, Assim, entendimento contrário, será uma afronta à irretroatividade da aplicação da lei, salvo se mais benéfica,(art. 104, III, c;c 106, I, do CTN) bem como negar vigência à necessidade de interpretação mais benéfica ao contribuinte (art. 112, do CTN), pois o ato omissivo de não pagamento de contribuições que não foram devidamente declaradas ocorreu antes do lançamento. Toda multa tributária é uma sanção, ou seja tem natureza primária punitiva, ou de penalização. Contudo, ainda assim podem ser classificadas em multa moratória, decorrente do simples atraso na satisfação da obrigação tributária principal, e multa punitiva em sentido estrito, quando decorrente de infração à obrigação instrumental cumulada ou não com a obrigações principais. Tal classificação é necessária pois, apesar de não terem natureza remuneratória, mas sancionatória, os tribunais brasileiros admitem que as multas tributárias devem ser classificadas em moratórias e punitivas (sentido estrito), em razão da existência de tratamentos diversos para cada espécie pelo próprio Código Tributário Nacional e legislação esparsas. (RESP 201000456864, HUMBERTO MARTINS, STJ SEGUNDA TURMA, 29/04/2010; PAULSEN, Leandro. Direito tributário, constituição e código tributário à luz da Fl. 754DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 06/01/2015 po r HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por GUSTAVO VETTORATO Processo nº 12269.003961/200870 Acórdão n.º 2803003.772 S2TE03 Fl. 755 6 doutrina e da jurisprudência. 12ª Ed., Porto Alegre : Livraria do Advogado, 2010, p.1103 1109) Assim, coloco como premissa que a diferença entre multa moratória e multa punitiva em sentido estrito. Como supra colocado, a primeira decorre do mero atraso da obrigação tributária principal, podendo sendo constituída pelo próprio contribuinte inadimplente no momento de sua apuração e pagamento. Já, a segunda espécie de multa, a punitiva em sentido estrito, demanda constituição pelos instrumentos de lançamento de ofício por parte dos agentes fiscais (art. 149, do CTN), em que se apura a infração cometida e a penalidade a ser aplicada. Inclusive a estipulação e definição da espécie de multa é dado exclusivamente pela lei, fato ressaltado em face do principio da estrita legalidade a que se regula o Direito Tributário e suas sanções (art. 97, V, do CTN). A mudança de natureza para fins de comparação no tempo, não pode ser realizada sem autorização legal, e por isso não se poderia comparar com multas punitiva em sentido estrito (referente à descumprimento de obrigação exclusivamente instrumental) com multas de natureza moratória a exemplo com a nova redação do art. 35A, da Lei n. 8212/1991, com a redação a partir da Medida Provisória n. 449/2008. Não se pode tratar a hipótese de incidência da multa moratória disposta no art. 32A cumulada com a multa do art. 35, com a redação anterior, como uma possível multa de ofício para comparar com a nova redação do art. 35A, da Lei n. 8.212/1991, incluso pela Medida Provisória n. 449/2008, convertida em Lei n. 11.941/2009, porque a multa aplicada pela redação anterior do art. 35, somente tratava de multa de natureza moratória, variada em razão das fases (tempo) do processo. Salvo se a própria lei, expressamente assim definisse. Conclusão Isso posto, voto por conhecer o Recurso Voluntário para, no mérito, DAR LHE PROVIMENTO PARCIAL, reformando a decisão recorrida e o lançamento, no sentido de determinar que: a) para a multa referente aos créditos tributários lançados com base nos fatos geradores declarados em GFIP, deve observando o limite do art. 61, §2º, da Lei n. 9.430/1996, pois é inferior à multa moratória aplicada aos valores do créditos tributários lançados na NFLD, com base no art. 35, da Lei n. 8.212/1991, com redação anterior à Lei n. 11.941/2009. b) para a multa referente aos créditos tributários lançados com base nos fatos geradores não declarados em GFIP, deve ser observdo multa a deve ser aplicada conforme o art. 35, da Lei n. 8.2121991, com redação anterior à MP n 449, de 04.12.2008, de acordo à fase processual, até o limite de 75% que está estabelecido art. 35A da Lei n. 8.21211991 (atual redação) combinado com o art. 44, II, da Lei n. 9.4301996, desde que mais favorável ao contribuinte. (Assinado Digitalmente) Gustavo Vettorato Relator Fl. 755DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 06/01/2015 po r HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por GUSTAVO VETTORATO Processo nº 12269.003961/200870 Acórdão n.º 2803003.772 S2TE03 Fl. 756 7 Fl. 756DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 06/01/2015 po r HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por GUSTAVO VETTORATO
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Numero do processo: 13888.000971/2001-52
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Oct 09 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Jan 23 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 1997
PRAZO DECADENCIAL. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. ARTIGO 150, §4º, DO CTN. DECLARAÇÃO DE RENDIMENTO QUE CONSTITUI CONFISSÃO DE DÍVIDA.
O termo inicial da contagem do prazo decadencial nos casos de lançamento por homologação, quando, a despeito da previsão legal de pagamento antecipado da exação, o mesmo inocorre, mas existe declaração prévia do débito capaz de constituir o crédito tributário (no período a DIRPJ), é o constante na regra especial contida no § 4º do artigo 150 do CTN, conforme entendimento pacificado pelo E. Superior Tribunal de Justiça ao julgar o mérito do Recurso Especial nº 973.733/SC, na sistemática dos recursos repetitivos previsto no artigo 543-C do Código de Processo Civil, nos termos do que determina o "caput" do artigo 62-A do Regimento Interno deste E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.
Numero da decisão: 9101-002.040
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em NEGAR provimento ao recurso especial, vencido o Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão.
(documento assinado digitalmente)
OTACÍLIO DANTAS CARTAXO - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
RAFAEL VIDAL DE ARAUJO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: OTACÍLIO DANTAS CARTAXO (Presidente), MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, VALMIR SANDRI, VALMAR FONSECA DE MENEZES, KAREM JUREIDINI DIAS, JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, ANTONIO LISBOA CARDOSO (Suplente Convocado), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR, PAULO ROBERTO CORTEZ (Suplente Convocado).
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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Termo inicial de contagem do prazo. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado SERCOL PORTO FERREIRA SERVIÇOS E ADMINISTRAÇÃO S/C LTDA ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 1997 PRAZO DECADENCIAL. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. ARTIGO 150, §4º, DO CTN. DECLARAÇÃO DE RENDIMENTO QUE CONSTITUI CONFISSÃO DE DÍVIDA. O termo inicial da contagem do prazo decadencial nos casos de lançamento por homologação, quando, a despeito da previsão legal de pagamento antecipado da exação, o mesmo inocorre, mas existe declaração prévia do débito capaz de constituir o crédito tributário (no período a DIRPJ), é o constante na regra especial contida no § 4º do artigo 150 do CTN, conforme entendimento pacificado pelo E. Superior Tribunal de Justiça ao julgar o mérito do Recurso Especial nº 973.733/SC, na sistemática dos recursos repetitivos previsto no artigo 543C do Código de Processo Civil, nos termos do que determina o "caput" do artigo 62A do Regimento Interno deste E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em NEGAR provimento ao recurso especial, vencido o Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão. (documento assinado digitalmente) OTACÍLIO DANTAS CARTAXO Presidente. (documento assinado digitalmente) RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 00 09 71 /2 00 1- 52 Fl. 1226DF CARF MF Impresso em 23/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/01/20 15 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: OTACÍLIO DANTAS CARTAXO (Presidente), MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, VALMIR SANDRI, VALMAR FONSECA DE MENEZES, KAREM JUREIDINI DIAS, JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, ANTONIO LISBOA CARDOSO (Suplente Convocado), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR, PAULO ROBERTO CORTEZ (Suplente Convocado). Relatório Tratase de Recurso Especial de divergência (fls.1122 a 1129) interposto pela Fazenda Nacional em 05/10/2009, com fundamento no art. 67 e seguintes do Anexo II da Portaria nº 256, de 22/06/2009, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), alegando divergência jurisprudencial em relação a regra de contagem da decadência na ausência de pagamento, se é caso de se aplicar o art. 150, §4º, ou o art. 173, I, ambos do Código Tributário Nacional (CTN), para o PIS e a COFINS. 2. A Recorrente insurgiuse contra o Acórdão nº 180500.070, de 28/05/2009, por meio do qual a 5a Turma Especial da 1a Seção de Julgamento do CARF, por unanimidade de votos, deu provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer a decadência das exigências do PIS e da COFINS para fatos geradores ocorridos até 31/07/1996. 3. O Acórdão Recorrido foi assim ementado: " ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 1997 REEMBOLSO DE ISS. Tem natureza jurídica de receita tributada o valor do reembolso do ISS devido pela prestadora de serviços que a empresa contratante concordou em pagar. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. DECADÊNCIA. Aplicase ao Pis e à Cofíns o prazo decadencial de cinco anos para a constituição do crédito tributário, previsto no parágrafo 4º do artigo 150 do CTN. Recurso Voluntário Provido em Parte." 4. Extraise do voto condutor o seguinte trecho: "Por fim, resta apreciar a questão da decadência das contribuições ao Pis e Cofins. O auto de infração foi lavrado em 20.08.2001 e somente poderia exigir tributo cujo fato gerador ocorreu após 30.08.1996, pois o prazo decadencial é de 5 anos contados da data da ocorrência do fato gerador. Essa é a interpretação pacificada atualmente do parágrafo 4º do artigo 150 do CTN, aplicável inclusive para as contribuições de financiamento da seguridade social, conforme reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal. Assim sendo, tanto o Pis como a Cofins exigidas nestes autos cujos fatos geradores ocorreram antes dessa data devem ser cancelados." 5. A recorrente afirmou que o acórdão diverge da jurisprudência administrativa (que versa "sobre a mesma moldura fática, a saber, a discussão acerca do prazo decadencial no caso de nãorecolhimento prévio de tributos sujeitos a lançamento por homologação") e Fl. 1227DF CARF MF Impresso em 23/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/01/20 15 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 13888.000971/200152 Acórdão n.º 9101002.040 CSRFT1 Fl. 1.168 3 trouxe como paradigma o Acórdão CSRF nº 0203.331, de 1º/07/2008, oriundo da Segunda Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, assim ementado: "Ementa: TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. É inconstitucional o artigo 45 da Lei nº 8.212/1991, que trata de decadência de crédito tributário. Súmula Vinculante nº 08 do STF. TERMO INICIAL: (a) Primeiro dia do exercício seguinte ao da ocorrência do fato gerador, se não houve antecipação do pagamento (CTN, ART. 173, I); (b) Fato Gerador, caso tenha ocorrido recolhimento, ainda que parcial (CTN, ART. 150, § 4º)." 6. Transcrevese parte do voto condutor do acórdão paradigma: "A matéria em debate no Especial cingese em saber, por primeiro, se o prazo de decadência para o lançamento das contribuições sociais, sujeitarseia às regras do CTN, pela sistemática do lançamento por homologação, ou pela regra prevista no art. 45 da Lei nº 8.212/91 e, por último, caso a primeira opção seja a eleita, decidir se a existência ou não de pagamento conduziria ou não a aplicação do 150, § 4º, para o art. 173, I, ambos do CTN. ... Portanto, dada a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei nº 8.212/91, há de se definir o termo inicial do prazo decadencial nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação. Ressalvado meu entendimento pessoal, no sentido que, em se tratando de lançamento de oficio, o prazo deve ser contado na forma do art. 173 do CTN, adotei em plenário o posicionamento do STJ sobre a matéria. ... No presente litígio verificase que não foram realizados pagamentos do devido, na forma do art. 150 do CTN." 7. Quando do Exame de Admissibilidade do Recurso Especial (fls.1134 e 1135), a Presidenta da 2a Câmara da 1a Seção de Julgamento do CARF, por meio do Despacho nº 1200 0.381/2009, deu seguimento ao recurso, ao reconhecer que: "O acórdão apontado como paradigma realmente diverge do ora recorrido, posto que, em razão da ausência de pagamento, adotou para a contagem da decadência a regra estabelecida no art. 173, I, do CTN, ao passo que o acórdão recorrido considerou irrelevante esse aspecto, contando a decadência pela regra do § 4º do art. 150, independente de haver ou não antecipação de pagamento. Registrese que o acórdão paradigma foi proferido por colegiado distinto." 8. O contribuinte apresentou documento (fls.1142 a 1145), que foi recepcionado como Contrarrazões ao Recurso Especial apresentado pela Fazenda Nacional, nos termos do Despacho nº 120000.134/2010 (fls.1149 e 1150), onde apresentou precedentes com manifestação no mesmo sentido do acórdão recorrido, a saber: Fl. 1228DF CARF MF Impresso em 23/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/01/20 15 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO 4 CSRF/0104.719, de 14/10/2003: Decadência – CSLL e COFINS – As referidas contribuições, por suas naturezas tributárias, ficam sujeitas ao prazo decadência de 5 anos. PIS/DECADÊNCIA – Por sua natureza tributária e entendimento de que sequer faz parte integrante da seguridade social, o prazo de lançamento fica subordinado ao dos lançamentos por homologação, de acordo com o estabelecido no CTN, art. 150, § 4º. CSRF/0105.304, de 21/09/2005: CSL/PIS/COFINS – DECADÊNCIA – Considerando que a Contribuição Social Sobre o Lucro, o PIS e a COFINS são lançamentos do tipo por homologação, o prazo para o fisco efetuar lançamento é de 5 anos a contar da ocorrência do fato gerador, sob pena de decadência nos termos do art. 150, § 4º, do CTN. 9. É o relatório. Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Relator. 2. Conheço do recurso, pois este preenche os requisitos de admissibilidade. 3. Entendo ser desnecessário dizer mais do que foi dito no voto condutor do Acórdão nº 9101001.750, sessão de 18 de setembro de 2013, relativo ao Processo nº 18471.001949/200216, da lavra do eminente Conselheiro João Carlos de Lima Júnior, o qual adoto, mutatis mutandis (para adaptação das datas de contagem) e com pequenos ajustes: Desse modo, cumpre a análise da regra que deverá reger o prazo decadencial aplicável ao lançamento tributário para exigência do PIS e da COFINS: o artigo 173, inciso I, ou o artigo 150, §4°, ambos do CTN. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, por ocasião do julgamento do Recurso Especial repetitivo 973.733/SC firmou o seguinte entendimento em relação a questão em debate: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito. (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008). Fl. 1229DF CARF MF Impresso em 23/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/01/20 15 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 13888.000971/200152 Acórdão n.º 9101002.040 CSRFT1 Fl. 1.169 5 A interpretação literal do texto transcrito nos leva à conclusão de que devemos nos dirigir ao artigo 173, I, do CTN, quando, a despeito da previsão legal de pagamento antecipado da exação, o mesmo inocorre e inexiste declaração prévia do débito capaz de constituir o crédito tributário. Nesse contexto encontraríamos duas condições para enquadramos no art. 150, §4º: 1) haver o pagamento ou 2) haver declaração prévia que constitua crédito tributário. Assim, mesmo não existindo o pagamento, a declaração prévia do débito bastaria para mantermos a contagem do prazo a partir do fato gerador. No caso ora em análise temos que: i) cuida de tributo sujeito ao lançamento por homologação; ii) houve apresentação de declaração prévia; iii) a data dos fatos geradores em debate compreende o ano calendário de 1996; iv) a lavratura do auto de infração se deu em 20/08/2001. Em relação ao mencionado período não foi possível encontrar nos autos comprovantes de pagamento. Entretanto, em relação ao ano de 1996 foi acostada aos autos a DIRPJ. Assim, cumpre verificar se a declaração apresentada constituía confissão de dívida. A legislação aplicável no período era o Decreto nº 2.124, de 13/06/1984, que dispunha em seu artigo 5º: “Art. 5º. O Ministro da Fazenda poderá eliminar ou instituir obrigações acessórias relativas a tributos federais administrados pela Secretaria da Receita Federal. §1º. O documento que formaliza o cumprimento da obrigação acessória, comunicando a existência de crédito tributário, constituirá confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para exigência do referido crédito.” Posteriormente, com base no referido DecretoLei, foi editada a Instrução Normativa SRF nº 77, de 24/07/1998, no seguinte sentido: “Art. 1º. Os saldos a pagar, relativos a tributos e contribuições, constantes das declarações de rendimentos das pessoas físicas e jurídicas e da declaração do ITR, quando não quitados nos prazos estabelecidos na legislação, e da DCTF, serão comunicados à Procuradoria da Fazenda nacional para fins de inscrição como dívida Ativa da União.” Cumpre observar que até o anocalendário 1997, exercício 1998, a declaração de rendimentos da pessoa jurídica era chamada DIRPJ. A partir do anocalendário 1998, exercício 1999, foi introduzida a DIPJ, instituída pela IN SRF nº 127, de 30/10/98. Conforme redação dos artigos transcritos, os saldos a pagar de impostos e contribuições, informados na DCTF ou na Declaração de Rendimentos, não eram passíveis de lançamento de ofício, posto que qualquer uma das duas declarações constituía meio próprio de confissão de dívida. A partir do anocalendário 1999, exercício 2000, a DIPJ deixou de constituir confissão de dívida, o que passou a ser feito somente por meio da DCTF, nos termos da Instrução Normativa SRF nº 14, de 14/02/2000: Fl. 1230DF CARF MF Impresso em 23/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/01/20 15 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO 6 “O art. 1º da Instrução Normativa SRF nº 077, de 24 de julho de 1998, passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 1º. Os saldos a pagar, relativos a tributos e contribuições, constantes da declaração de rendimentos das pessoas físicas e da declaração do ITR, quando não quitados nos prazos estabelecidos na legislação, e da DCTF, serão comunicados à Procuradoria da Fazenda Nacional para fins de inscrição como Dívida Ativa da União.” Da redação transcrita, foi retirada a expressão “e jurídicas”, referindose à declaração de rendimentos. Assim, nos termos da IN SRF nº 14/2000, apenas a declaração de rendimentos da pessoa física e a declaração do ITR é que continuaram a ter caráter de confissão de dívida, sendo que as pessoas jurídicas passaram a confessar os tributos devidos apenas na DCTF. Portanto, do exposto, tendo em vista que foram apresentadas a DIRPJ (Exercício 1997, Anocalendário 1996), bem como que esta constituía confissão de dívida, a regra decadencial aplicável é aquela do artigo 150, §4º, do CTN. No caso concreto, tendo em vista que (i) os fatos geradores ocorreram em meses do ano de 1996, (ii) o contribuinte era optante pelo regime de tributação com base no lucro real mensal e (iii) que o auto de infração foi lavrado em 20/08/2001, nos termos do artigo 150, § 4º do CTN, verificouse a decadência do direito de constituição de crédito tributário em relação aos fatos geradores ocorridos até julho de 1996. 4. Por todo o exposto, NEGO provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. 5. É como voto. (documento assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Relator Fl. 1231DF CARF MF Impresso em 23/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 19/01/20 15 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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Numero do processo: 10480.907265/2009-85
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 13 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Dec 19 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/06/2000 a 30/06/2000
NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. MOTIVAÇÃO DA DECISÃO DA DRJ.
Não existe cerceamento do direito de defesa quando o órgão julgador aprecia de forma fundamentada as razões da manifestação de inconformidade.
PROCESSO JUDICIAL E ADMINISTRATIVO. MATÉRIA IDÊNTICA. RENÚNCIA À ESFERA ADMINISTRATIVA.
A propositura de ação judicial, com o mesmo objeto do processo administrativo fiscal implica na renúncia à instância administrativa.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3801-004.662
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado:
I - Por unanimidade votos, negar provimento ao recurso voluntário em relação aos questionamentos sobre a decisão de primeira instância;
II - Pelo voto de qualidade, não conhecer da matéria submetida ao Poder Judiciário. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo que não reconheciam a concomitância e negavam provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
FLÁVIO DE CASTRO PONTES Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Marcos Antonio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Sérgio Celani, Cassio Schappo e Jacques Maurício Ferreira Veloso de Melo.
Nome do relator: FLAVIO DE CASTRO PONTES
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CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. MOTIVAÇÃO DA DECISÃO DA DRJ. Não existe cerceamento do direito de defesa quando o órgão julgador aprecia de forma fundamentada as razões da manifestação de inconformidade. PROCESSO JUDICIAL E ADMINISTRATIVO. MATÉRIA IDÊNTICA. RENÚNCIA À ESFERA ADMINISTRATIVA. A propositura de ação judicial, com o mesmo objeto do processo administrativo fiscal implica na renúncia à instância administrativa. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado: I Por unanimidade votos, negar provimento ao recurso voluntário em relação aos questionamentos sobre a decisão de primeira instância; II Pelo voto de qualidade, não conhecer da matéria submetida ao Poder Judiciário. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo que não reconheciam a concomitância e negavam provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) FLÁVIO DE CASTRO PONTES – Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 90 72 65 /2 00 9- 85 Fl. 166DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 18/12/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.907265/200985 Acórdão n.º 3801004.662 S3TE01 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Marcos Antonio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Sérgio Celani, Cassio Schappo e Jacques Maurício Ferreira Veloso de Melo. Fl. 167DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 18/12/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.907265/200985 Acórdão n.º 3801004.662 S3TE01 Fl. 4 3 Relatório Por meio de PER/Dcomp (Pedido de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação) a requerente postula a compensação de débitos de diversos tributos com crédito referente a valor que teria sido recolhido indevidamente a título da contribuição Cofins (cód. 2172). A Delegacia da Receita Federal do Brasil no Recife (PE), conforme Despacho Decisório Eletrônico, não reconheceu o direto creditório e não homologou as compensações efetuadas. Após ter sido cientificado dessa decisão, a interessada apresentou manifestação de inconformidade. Aduziu, em resumo, que ocorreu apenas uma falha de procedimento da empresa em não retificar as DCTFs onde constavam as informações dos débitos cuja compensação era solicitada. Tal erro de procedimento não anula a existência dos créditos, vez que estes decorrem da existência de decisão judicial favorável à OABPE, da qual a empresa é sindicalizada, garantindo a isenção de Cofins para as empresas exclusivamente prestadoras de serviços relativos a profissões legalmente regulamentadas. A fim de comprovar a veracidade das suas alegações, anexou cópia da ação judicial impetrada pela OABPE que garantiu o direito de isenção de Cofins da empresa, assim como a certidão de trânsito em julgado relativa a mesma ação. A DRJ no Recife (PE) não conheceu da manifestação de inconformidade, nos termos da ementa transcrita abaixo: MATÉRIA SUBMETIDA À APRECIAÇÃO JUDICIAL. DESCABIMENTO DE ANÁLISE PELA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA DE JULGAMENTO. Tendo em vista o princípio de unicidade de jurisdição judicial, é descabida a análise, pela autoridade administrativa de julgamento, de matéria submetida à apreciação na esfera judicial. Discordando da decisão de primeira instância, a recorrente interpôs recurso voluntário, instruído com diversos documentos, cujo teor é sintetizado a seguir. Após comentar a decisão da DRJ, sustenta a incoerência entre a decisão da DRF/Recife e a DRJ/Recife. Argumenta que referidas decisões são totalmente diferentes. A decisão da DRF/Recife que considerou não homologadas as compensações baseouse no fato de que os DARFS aos quais estavam vinculados os créditos estarem totalmente utilizados, razão pela qual, em nosso argumento de defesa, apresentamos as informações obtidas no CAC/Recife de que houve apenas um problema de não retificação das respectivas DCTFS da empresa. Fl. 168DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 18/12/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.907265/200985 Acórdão n.º 3801004.662 S3TE01 Fl. 5 4 Pontua que a decisão da DRJ/Recife procedeu em uma inovação completa do conteúdo do indeferimento inicial das compensações. Insiste que toda a decisão proferida pela DRJ/Recife prendese à análise da ação judicial, quando a decisão primeira, proferida pela DRF/Recife, ocorreu apenas em razão da falha procedimental da empresa. Concluiu este tópico afirmando que por estes fatos merece reparo a decisão proferida pela Turma da DRJ/Recife, por ter cerceado o direito de defesa da empresa, ao inovar juridicamente os argumentos sem prévia comunicação de prazo para alegações da empresa sobre os novos fatos e informações apresentadas ao processo e que seriam objeto de análise, ofendendo frontalmente o art. 5º, Constituição Federal de 1988, quanto ao direito de defesa da empresa. Quanto ao direito creditório, discorda do entendimento da decisão da DRJ/Recife de que não seria possível à empresa a utilização dos créditos para compensação em razão de existir liminar em sede de Reclamação suspendendo os efeitos da decisão que garantia aos filiados à OAB/PE o direito de isenção de Cofins. Argumenta que a decisão judicial em Mandado de Segurança que concedeu o benefício da isenção da empresa da Cofins já havia sido encerrada e reconhecido o direito. Apenas em sede de ação rescisória foi reanalisada a questão, na qual o TRF da 5a. Região decidiu por conceder parcial provimento à rescisória a fim de conceder efeitos exnunc à decisão, ou seja, a rescisão da decisão que concedia o benefício da isenção da Cofins somente surtiria efeitos para frente, não abrangendo os fatos pretéritos. Esclarece que apenas contra esta decisão do TRF foi que concedeuse a liminar do Ministro Joaquim Barbosa do STF, suspendendo a modulação dos efeitos da decisão da rescisória. Aduz que liminar, como o próprio nome diz, é decisão precária e não anulou, como quer fazer crer a decisão da DRJ/Recife, os efeitos do decidido na ação rescisória. Seus efeitos estão apenas suspensos, aguardando um pronunciamento do órgão colegiado do STF quanto à manutenção ou não da liminar. Por fim requer que seja processado regularmente o presente Recurso Voluntário, e, ao final, julgado integralmente procedente para, reformando as decisões proferidas pela DRF/Recife e DRJ/Recife reconhecer o direito de crédito da empresa relativo aos pagamentos indevidos, realizados a título da Cofins e, conseqüentemente, homologar a compensação realizada na PERDCOMP relacionada a este processo que utilizaram tais créditos. É o relatório. Fl. 169DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 18/12/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.907265/200985 Acórdão n.º 3801004.662 S3TE01 Fl. 6 5 Voto Conselheiro Flávio de Castro Pontes O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos recursais, portanto dele tomase conhecimento.. De início, examinase a tese de irregularidade na decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Recife. A interessada sustenta cerceamento no direito de defesa em relação à decisão da DRJ/Recife, uma vez que esta inovou no conteúdo do indeferimento inicial das compensações, pois a decisão proferida pela DRJ/Recife prendese à análise da ação judicial, quando a decisão primeira, proferida pela DRF/Recife, ocorreu apenas em razão da falha procedimental da empresa. Não merece prosperar essa tese. Ao contrário do alegado, o colegiado de primeira instância discutiu todas as teses necessárias e suficientes para a solução da lide administrativa. Exemplificando, o julgado “a quo” motivou a decisão em relação a argumentação da recorrente em relação ao fato de que seu direito creditório era decorrente da ação judicial impetrada pela OABPE. Ora, foi a recorrente que trouxe ao litígio essa tese, de sorte que a decisão de primeira intância não inovou juridicamente no julgamento. Destarte, o órgão julgador administrativo estava obrigado a apreciar essa tese da interessada de maneira motivada e fundamentada. Assim, não há reparos a serem feitos na decisão a quo. Não se pode perder de vista que a decisão recorrida apreciou todas as questões relevantes necessárias a solução do litígio, em especial a eficácia das decisões judiciais apresentadas pela própria interessada. Assim, o julgador apresentou razões coerentes e suficientes para embasar a decisão. Além disso, no âmbito do processo administrativo fiscal as hipóteses de nulidade são tratadas de forma específica no art. 59 do Decreto nº 70.235/72: "Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa." No caso vertente, nenhum dos pressupostos acima encontrase presente, uma vez que não ficou evidenciada a preterição do direito de defesa, tendo em vista que a decisão recorrida motivadamente demonstrou de forma clara e concreta as razões da não homologação das compensações, de sorte que não ficou caracterizado qualquer prejuízo à recorrente. Fl. 170DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 18/12/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.907265/200985 Acórdão n.º 3801004.662 S3TE01 Fl. 7 6 Por tais razões não há que se falar em qualquer irregularidade da decisão guerreada por cerceamento de direito de defesa. O litígio tem como principal controvérsia eventual direito creditório em razão de ação judicial. Transcrevo de uma decisão da DRJ o histórico das ações judiciais em debate: 10.1. A OABPE impetrou ação de mandado de segurança coletivo em nome dos seus Escritórios de Advocacia associados, autuada em 31/05/2001, sob o nº 2001.83.00.0145250, objetivando, principalmente, em síntese, a isenção do recolhimento da Cofins prevista no inciso II do art. 6º da Lei Complementar (LC) nº 70, de 30 de dezembro de 1991, e a compensação dos valores pagos indevidamente. A segurança foi denegada pelo juízo de primeiro grau, com fundamento em que não havia obstáculo para a revogação da isenção concedida pela LC nº 70, de 1991, pela Lei (Ordinária) nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, tendo em vista que a isenção não é matéria reservada à lei complementar. O magistrado considerou, então, prejudicada a análise do pleito de compensação. 10.2. À apelação da OABPE junto ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5ª Região) – que obteve o nº AMS 80.558PE – foi pela Quarta Turma concedido provimento, por unanimidade, nos termos do voto do relator, que esposou entendimento diametralmente oposto ao do juiz singular, dando pela impossibilidade da revogação da referida isenção com fundamento no princípio da hierarquia das leis. 10.3. De tal decisão, foi interposto pela Fazenda Nacional Recurso Especial (REsp), que foi inadmitido. Irresignada, a Fazenda Nacional manejou agravo de instrumento, ao qual foi negado provimento. Assim, a decisão transitou em julgado em 09/09/2004, restando reconhecido o direito à isenção postulada. 10.4. Posteriormente, a OABPE atravessou petição alegando que a edição da Lei nº 10.833, de 30 de dezembro de 2003, em seu art. 30, poderia obstruir o cumprimento da decisão judicial que reconheceu a isenção da Cofins para as sociedades civis dedicadas ao exercício da advocacia, mediante a retenção na fonte da referida contribuição. Requereu, na ocasião, fosse oficiada a Receita Federal para que se abstivesse de exigir o pagamento da Cofins sobre as receitas auferidas pela prestação de serviços de advocacia, bem como de exigir a retenção na fonte de tal contribuição pelas pessoas jurídicas tomadoras dos referidos serviços. O pleito foi deferido monocraticamente e, ao depois, atacado por agravo regimental aviado pela Fazenda Nacional, o qual foi provido com base nos fatos de não ter sido debatida, nos autos, a Lei nº 10.833, de 2003, e de que não seria admissível, naquele momento processual, inovar a actio, transmudandoa. 10.5. Contra essa decisão, recorreu a OABPE, mediante o REsp nº 739.784 (nº 2005/00540062), cujo provimento foi negado por Fl. 171DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 18/12/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.907265/200985 Acórdão n.º 3801004.662 S3TE01 Fl. 8 7 unanimidade pela Segunda Turma do STJ em sessão de 19/11/2009, tendose, em resumo, concluído que a superveniência da Lei nº 10.833, de 2003, não pode ser alcançada pelos efeitos da coisa julgada que concedera a segurança pleiteada, de modo a ampliar o objeto da lide. Registrese que, no decorrer do voto, o ministro relator, Mauro Campbell Marques, após afirmar, a título ilustrativo, que a tese adotada pela instância de origem para reconhecer a isenção postulada pela recorrente não mais subsistia em razão de o STF, no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) nº 377.457 3/PR, relator o Ministro Gilmar Mendes, ter proclamado que a revogação da isenção da Cofins concedida pela LC nº 70, de 1991, pelo art. 56 da lei nº 9.430, de 1996, foi plenamente válida e eficaz, porquanto o referido diploma, não obstante formalmente complementar, ostenta, materialmente, caráter de lei ordinária , esclareceu que Primeira Seção do STJ, ao julgar a Ação Rescisória (AR) nº 3.761/PR, na sessão de 12/11/2008, deliberara pelo cancelamento da Súmula nº 276, que enunciava a isenção da Cofins perante as ditas sociedades, independentemente do regime tributário adotado. 10.6. Da decisão do STJ referida no subitem 10.3, a ProcuradoriaRegional da Fazenda Nacional na 5ª Região propôs Ação Rescisória (AR) nº 5.471PE (processo nº 2006.05.00.0442426/03) junto ao TRF5ª Região, que foi parcialmente procedente, por lhe terem sido dados efeitos ex nunc. No acórdão exarado, aquele tribunal regional afirmou que o acórdão rescindendo fora proferido antes da manifestação do STF sobre ser a matéria constitucional ou não. 10.7. Contra os efeitos exnunc da decisão do TRF5ª Região – que, em tese, daria aos escritórios de advocacia filiados à OAB PE o direito de não pagarem a Cofins no período abrangido pela ação coletiva até a publicação da decisão na ação rescisória –, a Fazenda Nacional protocolou Reclamação (Rcl) nº 6.917 junto ao STF, tendo o Ministro Joaquim Barbosa deferido, em 10/12/2008, liminar para suspender o acórdão da ação rescisória na parte em que conferiu efeitos meramente prospectivos ao acórdão que julgou procedente a ação rescisória. Encontrase o processo aguardando apreciação desse Colegiado. 10.8. Embargos de declaração opostos pelas partes – OABPE e Fazenda Nacional – contra a decisão proferida pelo TRF5ª Região no bojo da Ação Rescisória nº 5471/PE (processo nº 2006.05.00.0442426/03) foram julgados, não tendo, no entanto, ocorrido nenhuma alteração no resultado do julgamento originário por essa corte. Do exame das ações judiciais, constatase que a matéria está sub judice, uma vez que este processo administrativo tem o mesmo objeto da ação judicial em referência, homologação de compensação em face de pedido de restituição decorrente da legalidade da revogação da isenção do pagamento da Cofins, por parte das sociedades civis de profissão legalmente regulamentada, pela Lei nº 9.430, de 27/12/1996, que, em seu art. 56, revogou a veiculada pelo art. 6º, inciso II, da Lei Complementar nº 70, de 30/12/1991. Fl. 172DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 18/12/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.907265/200985 Acórdão n.º 3801004.662 S3TE01 Fl. 9 8 Como se nota, o direito creditório está dependendo do desfecho da Reclamação no Supremo Tribunal Federal. Destarte, incide no caso vertente o parágrafo único do art. 38, da Lei nº. 6.830/80, que dispõe: Art. 38 A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é admissível em execução, na forma desta Lei, salvo as hipóteses de mandado de segurança, ação de repetição do indébito ou ação anulatória do ato declarativo da dívida, esta precedida do depósito preparatório do valor do débito, monetariamente corrigido e acrescido dos juros e multa de mora e demais encargos. Parágrafo Único A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto.(grifouse) O excelso Supremo Tribunal Federal já manifestou acerca da constitucionalidade desse dispositivo, conforme decidido no recurso extraordinário nº 233.582: EMENTA: CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL TRIBUTÁRIO. RECURSO ADMINISTRATIVO DESTINADO À DISCUSSÃO DA VALIDADE DE DÍVIDA ATIVA DA FAZENDA PÚBLICA. PREJUDICIALIDADE EM RAZÃO DO AJUIZAMENTO DE AÇÃO QUE TAMBÉM TENHA POR OBJETIVO DISCUTIR A VALIDADE DO MESMO CRÉDITO. ART. 38, PAR. ÚN., DA LEI 6.830/1980.(...). É constitucional o art. 38, par. ún., da Lei 6.830/1980 (Lei da Execução Fiscal LEF), que dispõe que "a propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo [ações destinadas à discussão judicial da validade de crédito inscrito em dívida ativa] importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto". Recurso extraordinário conhecido, mas ao qual se nega provimento.(STF, RE 233582, DJe088 de 1605 2008).(grifouse) Em relação ao conteúdo desse dispositivo legal, Leandro Paulsen, René Bergmann e Ingrid Schroder explicam: O parágrafo em questão tem como pressuposto o princípio da jurisdição una, ou seja, que o ato administrativo pode ser controlado pelo Judiciário e que apenas a decisão deste é que se torna definitiva, com o trânsito em julgado, prevalecendo sobre eventual decisão administrativa que tenha sido tomada ou pudesse vir a ser tomada. Considerando que o contribuinte tem direito a se defender na esfera administrativa mas que a esfera judicial prevalece sobre a administrativa, não faz sentido a sobreposição dos processos administrativo e judicial. A opção pela discussão judicial, antes do exaurimento da esfera administrativa, demonstra que o contribuinte desta abdicou, levando o seu caso diretamente ao Poder ao qual cabe dar a última palavra quanto à interpretação e à aplicação do Direito, o Judiciário. Entretanto, tal pressupõe a identidade de objeto Fl. 173DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 18/12/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.907265/200985 Acórdão n.º 3801004.662 S3TE01 Fl. 10 9 nas discussões administrativa e judicial". (Leandro Paulsen, René Bergmann Ávila e Ingrid Schroder Sliwka. Direito Processual Tributário: processo administrativo fiscal à luz da doutrina e da jurisprudência. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010, p. 447 e 448). De fato, se o sujeito passivo recorre ao Poder Judiciário, por uma questão de lógica, ele está desistindo tacitamente da esfera administrativa, visto que a decisão do Poder Judiciário é soberana. Eventuais decisões antagônicas, nas esferas administrativa e judicial, teriam uma única solução, qual seja, prevaleceria a da esfera judicial, em razão do princípio constitucional da jurisdição única, art. 5º, XXXV, da Constituição Federal. Destarte, não faz sentido a continuação da discussão no âmbito administrativo, pois o mérito da questão será decidido pelo Poder Judiciário com efeito de coisa julgada. Corroborando esta teoria, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), no julgamento do recurso especial nº 840.556, assim se pronunciou: TRIBUTÁRIO. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. MANDADO DE SEGURANÇA.AÇÃO JUDICIAL. RENÚNCIA DE RECORRER NA ESFERA ADMINISTRATIVA. IDENTIDADE DO OBJETO. ART. 38, PARÁGRAFO ÚNICO DA LEI Nº 6.830/80. 1. Incide o parágrafo único do art. 38, da Lei nº 6.830/80, quando a demanda administrativa versar sobre objeto menor ou idêntico ao da ação judicial. 2.(...) 3. In casu, os mandados de segurança preventivos, impetrados com a finalidade de recolher o imposto a menor, e evitar que o fisco efetue o lançamento a maior, comporta o objeto da ação anulatória do lançamento na via administrativa, guardando relação de excludência.4. Destarte, há nítido reflexo entre o objeto do mandamus – tutelar o direito da contribuinte de recolher o tributo a menor (pedido imediato) e evitar que o fisco efetue o lançamento sem o devido desconto (pedido mediato) com aquele apresentado na esfera administrativa, qual seja, anular o lançamento efetuado a maior(pedido imediato) e reconhecer o direito da contribuinte em recolher o tributo a menor (pedido mediato).5. Originárias de uma mesma relação jurídica de direito material, despicienda a defesa na via administrativa quando seu objeto subjugase ao versado na via judicial, face a preponderância do mérito pronunciado na instância jurisdicional. (...) (STJ, REsp 840556/AM, DJ 20/11/2006) (grifouse) Assim sendo, a existência de uma ação judicial, por parte da requerente, com o mesmo objeto desse processo administrativo fiscal importa na renúncia à esfera administrativa. Em relação a essa discussão, aplicase a Súmula nº 01 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) que uniformizou o seguinte entendimento: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois Fl. 174DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 18/12/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.907265/200985 Acórdão n.º 3801004.662 S3TE01 Fl. 11 10 do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.(grifouse) Além disso, os Conselheiros têm o dever de observar as súmulas, nos termos do art. 72 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF n° 256, de 22/06/2009. Em caso análogo da mesma recorrente, esta tese também foi acolhida, em outro julgado do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais: TRIBUTÁRIO. OPÇÃO PELA VIA JUDICIAL. RENÚNCIA AO DIREITO DE RECORRER. CONFIGURAÇÃO. DECISÃO JUDICIAL. CUMPRIMENTO. A propositura pelo contribuinte de ação judicial onde se alterca matéria veiculada em processo administrativo, antes ou após a inauguração da fase litigiosa administrativa, conforme o caso, importa em renúncia ao direito de recorrer ou desistência do recurso interposto, não competindo ao CARF se manifestar acerca do alcance, efeitos e forma de cumprimento de decisões judiciais cuja execução não lhe caiba. DESPACHO DECISÓRIO. MOTIVAÇÃO. DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. INOVAÇÃO. INOCORRÊNCIA. Não configura inovação de motivação do despacho decisório a fundamentação da decisão que, acolhendo ou rechaçando a pretensão deduzida em manifestação de inconformidade, examina elementos novos introduzidos na lide administrativa pelo próprio recorrente e que, até então, eram desconhecidos da Administração Tributária (CARF. 3ª Seção, 4ª Câmara, 1ª Turma Ordinária, Acórdão 3401002.634, de 29/05/2014, rel. Robson José Bayerl, Processo nº 10480.905883/200818) Em remate, não se toma conhecimento das alegações decorrentes do direito creditório, isenção ou não da Cofins, visto que a recorrente submeteu à apreciação do Poder Judiciário esta matéria. Ante ao exposto voto no sentido de: I – negar provimento ao recurso voluntário em relação aos questionamentos sobre a decisão de primeira instância; II não conhecer da matéria submetida ao Poder Judiciário. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Relator Fl. 175DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 18/12/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.907265/200985 Acórdão n.º 3801004.662 S3TE01 Fl. 12 11 Fl. 176DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 18/12/2 014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
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